Indo para a Rússia in a Russian style

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Viajar para Rússia sempre foi uma daquelas ideias que pairavam no ar. Vez ou outra, via alguns vôos baratos e pensava que um dia poderíamos ir para Moscou e Sāo Petersburgo. Ocorre que a Rússia é longe, cara e um desses países mais fechados turisticamente, pois até te fazem pensar que eles nāo querem visitantes. Mesmo europeus precisam de visto.

Fiquei animadíssima quando descobri que brasileiros nāo precisariam mais de visto para entrar na Rússia. Entretanto, toda regra tem exceção, e é óbvio que caímos nela. Aparentemente, a regra só funciona para brasileiros que morem no Brasil e que tenham viagem marcada para a Rússia com saída a partir do Brasil. Esse não era nosso caso, então teríamos que pedir o visto. Acontece que o visto russo é super chato e caro. E foi assim que adiamos os planos para um futuro remoto porque muitos outros lugares estavam – e ainda estão  – na nossa lista prioritária.

Todavia, de acordo com o David, eu sou a “ninja das viagens”. Descobrir lugares novos, e como chegar, já é praticamente um esporte para mim. Além de ser meu hobbie favorito. E foi numa dessas de ficar lendo fóruns de viagens que descobri  que os russos também sabem dar um “jeitinho”.

Acidentalmente, descobri que se você for para Rússia através de uma ferry, pode ficar até 72 horas sem visto. O que!? Para tudo, para tudo!

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72 horas na Rússia!? Três dias são mais que suficiente para conhecer Sāo Petersburgo, que é a cidade mais mais mais da Rússia né, afinal foi a capital por séculos. Inclusive, pelo menos pelo que li, tem mais a oferecer que Moscou.

Bem, pesquisa aqui, pesquisa ali, descobri a Saint Peter Line. Essa empresa faz travessias a partir de Estocolmo e Tallinn para Rússia. Mas aí no site deles vi a possibilidade de fazer um mini-cruzeiro, passando um dia apenas em Saint Petersburgo, mas em compensaçāo passando por Tallin, capital da Estônia e uma das cidades mais lindas do leste europeu, e por Helsinque, capital da Finlândia. Como já estávamos planejando uma viagem para Dinamarca, Noruega e Suécia, óbvio que resolvemos combinar com esse mini-cruzeiro e já fazer o norte todo em uma tacada só!

O melhor de tudo foi o preço desse mini-cruzeiro! Pagamos 250 euros para nós 2 por 5 dias/4 noites em uma cabine superior com janela no navio Princess Anastasia. Claro que nāo foi um cruzeiro nível Norwegian, Royal Caribbean né. E nem poderia ser passando por 4 países diferentes pagando cerca de 900 reais para um casal, já com as taxas inclusas. Por esse valor nāo pagaríamos nem hotel, muito menos deslocamentos.

Então já sabíamos que estávamos nos metendo em uma aventura. E eu nāo encontrei quase nada de informações ou fotos na internet. Quando encontrava estava tudo em russo e nem o google tradutor dava jeito. Eu animava o David falando que tínhamos que fazer isso, por sermos jovens e sem filhos. Ele topou! hahahah

Na verdade, já estávamos esperando uma furada e histórias para contar. Mas confesso que eu queimei minha língua. As cabines eram bem simples, mas estavam muito limpinhas e tinham tudo que precisávamos: ar condicionado, aquecedor, sabonete, toalhas, lençóis limpinhos. Embora nāo arrumassem o quarto, todos os dias trocavam as toalhas e recolhiam o lixo. Nem isso eu estava esperando, entāo para mim estava tudo ótimo. Estava preocupada com o tamanho (9m), mas foi super tranquilo acomodar as malas e nos acomodar.

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O barco também tinha 4 restaurantes a preços acessíveis para café da manhã e jantar. Esperávamos pagar até mais, já que estávamos confinados nessa embarcaçāo e sem qualquer outra opçāo. Mas nāo, tudo tranquilo também. O duty free também tinha ótimos preços e foi onde compramos água, chocolates, lanchinhos e coisinhas assim. Mas também tinha perfumes, bebidas, entre outros, a preços ótimos e até uma mini farmácia.

Embora só tenhamos efetivamente ficado um dia em Saint Petersburgo, o fato de termos ido em uma embarcaçāo russa fez parecer muito mais! Os funcionários eram todos russos e falavam russo o tempo tudo. Tudo no barco estava escrito em russo. O cinema (dublado) e as atrações também em russo. E a maioria das pessoas viajando lá dentro também eram russos em férias de verāo. Ou seja, ficamos mesmo foi 5 dias em um universo russo e usando linguagem dos sinais para pedir coisas básicas como comida! hahaha

E foi no próprio barco que começamos a já desconstruir alguns conceitos. Exemplo disso é que aquela imagem que temos de russos como loirinhos dos olhos azuis nāo é exatamente correta. Os russos da parte oeste sāo mesmo assim, devido às suas raízes eslavas. No entanto, a Rússia é muito grande e a verdade é que muitos tem raízes e traços da Sibéria, Mongólia, Kazaks e daí por diante. E foi no navio mesmo que começamos a ver essa diversidade russa, e gente de tudo que é jeito e com todo tipo de traço. Foi no navio que provamos alguns pratos russos e foi lá mesmo que já passamos a nos sentir na Rússia. Todavia, falar mais sobre a Rússia, e os russos, fica para os próximos posts…

Estocolmo na prática

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Já comentei no post Viajando bem e barato pela Escandinávia um pouco sobre os custos e algumas dicas práticas, mas resolvi fazer esse post mais completinho. Digamos que seja um pequeno guia para quem for visitar Estocolmo.

Primeiro, o deslocamento. Estávamos vindo de Bergen (Noruega), entāo fomos de aviāo para o aeroporto de Arlanda, que fica a 40km de Estocolmo. Para seguir para Copenhagen, pegamos o trem. Recapitulando, ficou assim:

  • Bergen para Estocolmo: aviāo, também com as SAS Airlines. – A Norwegian Airlines é a low-cost nórdica e estava um pouco mais barata. Mas como teríamos que despachar bagagem e pra Estocolmo ela vai pra um aeroporto a cerca de 100km, só acessível por ônibus, no fim nāo valia a pena.
  • Em Estocolmo pegamos o St Peter Line Cruise, posteriormente também retornando a Estocolmo.
  • De Estocolmo para Copenhagen optei pelo trem numa viagem super tranquila de 5 horas, já que o trem era muito confortável. Comprando com meses de antecedência, consegui pagar 20 euros. Comprei no site da SJ, empresa de trem sueca que faz o trecho. Vez que os aeroportos de Estocolmo sāo distantes da cidade e ainda temos que chegar com uma hora de antecedência pelo menos, achei que faria sentido simplesmente pegar o trem, já que estaríamos hospedados próximos da estaçāo central. Além disso, só o valor do trem para o aeroporto era o mesmo que eu pagaria nas passagens para Copenhagen!

 

Arlanda Express – o trem que liga o aeroporto à estaçāo central

Do aeroporto para a estaçāo central pegamos o Trem Arlanda Express. O trem sai do aeroporto sem paradas até a central station, entāo é super rápido e confortável. Há trens a cada 20 min. Quando fomos estava bem vazio, apesar de ser alta temporada.

Como tudo na Escandinávia, o trem nāo é exatamente barato. Pelo que me lembro o valor era 30 euros cada perna para um percurso de 20 min! Pois é, isso tudo mesmo! Mas como também comprei com uma antecedência de 2 meses pagamos metade do preço. Ou seja, praticamente o mesmo valor do ônibus, mas como muito mais conforto (também há ônibus que fazem esse trajeto).

Para a ida ao porto, também haviam alguns ônibus que iam em alguns horários esparsos. Mas como estávamos com malas, e a distância nāo era tāo grande assim, usamos táxi mesmo, tanto na ida, quanto na volta.

Hotéis 

Em Estocolmo ficamos primeiro no Comfort Hotel Stockholm, pagando 60 euros na diária! O quarto era bem pequeno, mas ficava ao lado da estaçāo. O diferencial é que fica exatamente ao lado da saída do trem que liga o centro ao aeroporto.

Quando voltamos a Estocolmo ficamos no HTL UPPLANDSGATAN, que eu recomendo muito (gostei muito mais que do Comfort) e foi uns 70 e poucos euros. Quarto ótimo, chuveiro poderoso, hotel moderno e confortável, localizado a uns 500 m da estaçāo central. Se um dia voltar a Estocolmo, certamente ficarei nesse hotel novamente.

Aifur – o restaurante viking mais sensacional de toda a Escandinàvia!

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Se você adora o mundo viking, assim como nós, nāo pode deixar de conhecer o Aifur Krog & Bar. Esse restaurante é diferente de tudo que já havíamos visto até entāo. A proposta é te levar a uma autêntica taverna viking dos séculos VIII a XI. Entāo, minha dica é: se você tiver que escolher apenas um restaurante em toda a Escandinávia, escolha esse!

O restaurante encontra-se em uma das viela da Cidade Velha (Gamla Stan). Reservas sāo necessárias, uma vez que o local está sempre lotado.

Logo na entrada somos anunciados em voz alta e todos batem os copos nas mesas rústicas! Depois, sentamos em mesas coletivas, justamente para replicar o ambiente da época. Nāo há luz elétrica praticamente ea iluminaçāo se dá por velas. Toda a decoraçāo é rústica. Aliás, toda decoraçāo é inspirada na cultura viking: escudos e machados pendurados na parede. Copos, talheres, pratos, mesas, bancos, tudo feito como forma de transportar para outra época.

A comida nāo poderia deixar de ser típica da época. E foi assim que começamos experimentando o hidromel, bebida super apreciada durante toda a Idade Média! Realmente é uma delícia, mas super doce.

Os pratos sāo compostos de carnes, legumes, sopas, pāes e o que mais se comesse na época. O menu traz a descriçāo da origem do prato na Era Viking. Tudo acompanhado de tradicionais cervejas.

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Como também nāo poderia deixar se der, a música era ótima. E claro, os músicos, os simpáticos garçons e engraçadíssimo gerente/anfitriāo também estavam vestidos a caráter e sempre prontos para contar histórias. Na foto da direita está nosso anfitriāo que era uma figura!

O restaurante nāo é barato, mas vale a experiência sem dúvidas. Afinal, nāo é algo que você terá sempre a oportunidade de fazer.

No fim, até nós já estávamos nos sentindo um tanto quanto vikings!

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Estocolmo

Indubitavelmente, foi a cidade da Escandinávia que mais gostamos! Foi amor à primeira vista! E tem tanto para se falar de lá que nem sei muito bem por onde começar!

Estocolmo foi construída sobre 14 ilhas e tem uma arquitetura linda extremamente bem conservada. Fomos no verāo e encontramos uma cidade linda/maravilhosa! Quer mais!? Um povo agradável, restaurantes legais, parques arborizados e museus. Ah, e mais um atrativo: tudo a preços acessíveis – em termos de Escandinávia, claro! Voilà: a viagem nāo tem como decepcionar!

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É muito comum ouvir que tal cidade da Europa é a Veneza do Norte. Todavia, Estocolmo realmente merece a alcunha, pois sāo tantas pontes que realmente nota-se a similaridade. Mas na boa, quer saber, gostei mais do que a própria Veneza original – bem mais! Até porque Suécia é Suécia né! O nível de desenvolvimento, de organizaçāo e de educaçāo é outro. Além de nāo me sentir claustrofóbica por estar o lugar entupido de pessoas em todos os cantos como na Veneza dos italianos, e olha que viajamos na baixa temporada para Veneza e na alta para Estocolmo. Em resumo, acho que também por serem ilhas e nāo canais, tudo parece mais espaçoso e arejado, digamos assim. Por isso mesmo, simplesmente vagar pelas ruas e longas pontes já é viver um pouco a cidade.

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Uma viagem a Estocolmo é muito divertida sobretudo. Os suecos se orgulham de sua herança viking, convivem bem com a diversidade e sāo muito receptivos. E sāo muito carismáticos! (pelo menos os que conhecemos)

Bem, mas vamos ao que interessa: o que conhecer em Estocolmo!? A cidade para mim é daquelas para serem vividas. Aproveitar suas vistas e suas ruas tāo características. Ou seja, simplesmente caminhar pela cidade já é uma delícia. Além disso, como fomos no verāo, pudemos aproveitar os parques =)

Ademais, a cidade conta com um centro velho super bem preservado, com ruelas minúsculas medievais, cheia de cafés e diversas lojinhas. Ainda, tem uma livraria maravilhosa que também vende mil coisas nerds (na qual o David ficou algumas horas!). A livraria se chama Science Fiction Bokhandeln e vale muito a visita, especialmente se você é fā de Harry Potter, ou Senhor dos Anéis ou Star Wars! Inclusive, olha o que encontramos lá:

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Isso mesmo! Feijõezinhos de todos os sabores! E realmente o de vômito e cera de ouvido sāo horríveis! hahaha

Maaaas, claro que há mais que isso em Estocolmo! Para quem nāo quer ficar perambulando por aí, há vários museus pela cidade. Confesso que com uma cidade tāo gostosa, ficamos mais foi batendo perna pra cima e pra baixo mesmo, ao invés de sair entrando em tudo que é museu/igreja, etc. Abaixo, o que mais gostamos de visitar.

Palácio de  Drottningholm

Vizinho do Parlamento, o Palácio de  Drottningholm está localizado na ilha de Stadsholmen, em Gamla Stan (a cidade velha). Uma fachada está voltada para a rua e outra está voltada para o cais.

Vasamuseet (Vasa museum)

Um museu que o David quis ir e que realmente foi bem legal é o Vasamuseet (Vasa museum). É um museu que tem como única atraçāo o Navio Vasa. Esse navio é o último navio de guerra que ainda existe no mundo e data do século XVII. O navio tem 98% de seu casco original e encontra-se completamente restaurado. Na época de sua construçāo, reinava a dinastia Vasa (daí o nome) e deveria ser o navio mais imponente da época justamente para mostrar o poder do rei. Ele contava com armamento pesado, diversos canhões, ricamente ornamentado e ostentava todo o poder da família Vasa.

Assim, no dia em que o navio zarpou pela primeira vez, pessoas de diversos países foram convidadas ao evento para que noticiassem posteriormente o que viram em seus próprios países. Foi assim que em 1628 esse imponente navio zarpou da costa da cidade para… afundar 10 minutos depois! O número de canhões era muito elevado ao patamar normal, o que fez com que o navio afundasse assim que navegou.

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O navio permaneceu séculos submerso. Todavia, logo após o naufrágio, o rei ordenou que por sinos de mergulho se fizessem buscas pelo armamento. Dessa forma, os homens entravam nesse sino da foto que o David entrou, e mergulhavam até o navio em busca das armas e outros pertences. Era possível respirar no sino que por determinado tempo nāo se tomava de água. Dessa maneira um tanto quanto corajosa, foi possível recuperar parte do armamento.

Na década de 1960, o navio foi retirado da água. Hoje, após um longo processo de restauraçāo, encontra-se quase tal qual era antes do naufrágio.

Ônibus anfíbio

Esse é um passeio bem legal! Dois irmāos suecos detém esse barco. E com muito bom humor fazem o city tour contando a história da cidade, passando por seus principais pontos. Em dado momento, o passeio continua na água. O ônibus converte-se em um barco ao entrar na água! Sempre quis fazer esse passeio no Rio, mas acabou que nunca deu tempo. Entāo, quando vimos que tinha Estocolmo tivemos que fazer!

 

Mais fotos de Estocolmo:

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