Roteiro de 1 dia em Coimbra

Coimbra fica bem no centro de Portugal e, por isso mesmo, resolvemos passar um dia na cidade e pernoitar lá no caminho entre Lisboa e Porto. Conhecida há séculos por abrigar uma das faculdades mais antigas do mundo, a cidade já era muito importante muito antes da fundação da Universidade de Coimbra. Foi ali que viveu e morreu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, o que fez com que a cidade fosse a primeira capital de Portugal.

Sendo uma cidade tão antiga, ainda é possível encontrar partes da muralha antiga que restaram da Idade Média, a universidade que ainda está lá e que também conta com séculos de história, igrejas antigas, contrastando com toda a agitação causada por milhares de estudantes que habitam na cidade! E acho que foi justamente isso que faz Coimbra ser diferente de outras cidades históricas portuguesas: exatamente por não ser tão voltada para o turismo, sendo apinhada por estudantes (e não turistas), parece que a cidade é mais viva e autêntica.

Nós largamos nossas malas no hotel, que ficava bem perto do centro, e já corremos pra almoçar e bater perna pelo centro histórico. Vale dizer que Coimbra é dividida em duas áreas: a Alta, onde fica a Universidade de Coimbra e outros edifícios históricos, e a Baixa, onde ficam lojas, tascas (bares) e restaurantes escondidos nas muitas ruelas de paralelepípedos.

Já que almoçamos por ali, começamos nosso passeio justamente pela Baixa, andando pelas ruelinhas. Paramos em um restaurante e pedimos logo o prato típico da cidade: Ossos, que é carne de porco desmanchando em volta dos ossos, e daí o nome. Aliás, eles também se orgulham da barriga de leitão e da feijoada de leitão, e muitos dos pratos desta região tem o porco como base. Depois de comermos uma pratada pela bagatela de 5 euros e bater perna pelo centro histórico, era hora de turistar pelos pontos turísticos em si.

Nossa primeira parada foi o Mosteiro de Santa Cruz, que foi fundado em 1131 por D. Afonso I, o primeiro rei de Portugal e que ali está enterrado. Ao longo dos tempo, o local recebeu privilégios papais e muitas doações dos reis de Portugal, tornando-se logo uma das principais igrejas do reino. Hoje, com 900 anos de história, continua sendo um dos principais monumentos de Portugal.

E logo atrás do mosteiro, fica o Claustro da Manga, também chamado de Jardim da Manga, construído em 1528. Diz a lenda que o rei João III visitava o mosteiro quando notou uma parte desaproveitada e teve a ideia de construir um claustro/jardim, desenhando ali mesmo a ideia que teve na manga de sua camisa e depois mandando construir. Por isso, o local ficou conhecido como Jardim da Manga.

De lá fomos caminhando até a Sé Velha, que teve sua construção iniciada por volta de 1139, quando D. Afonso se declarou rei de Portugal e escolheu Coimbra como capital. Embora tendo sido construída na mesma época que o Mosteiro de Santa Cruz, a Sé reflete muito mais o estilo arquitetônico da época por ter sofrido bem menos alterações ao longo do tempo, estando relativamente intacta desde sua construção até os dias de hoje. Outro fato interessante é que a igreja foi construída de forma a servir de fortaleza em caso de ataques.

E bem perto dali fica a Sé Nova, construída a partir de 1598 para abrigar a Ordem Jesuíta. Com a expulsão dos jesuítas, a igreja acabou se tornando a nova sede episcopal (Sé) da cidade.

Bem pertinho da Sé Nova fica a Praça Dom Diniz, que dá acesso ao Aqueduto antigo, ao Jardim Botânico e, mais importante, à Escadaria Monumental! E meu amigo, prepare suas pernas pq essa escadaria não leva esse nome à toa! São 125 degraus que ligam a praça na Baixa, à Alta Universitária.

Do topo dos degraus você já vai ter uma bela vista panorâmica de toda a cidade, vendo pedaços da muralha antiga, o aqueduto como um todo, além de outros edifícios históricos.

Chegando ao topo, continue ladeira acima até passar pela Porta Férrea, um portão de 1634 que dá acesso ao Paço das Escolas, onde fica o núcleo histórico da Universidade de Coimbra.

O hoje chamado de Paço das Escolas foi outrora denominado Paço Real da Alcáçova. O local já servia de palácio ainda na época da invasão moura, tendo sido construído no século X. Inclusive, Alcáçova significa justamente “palácio” em árabe. Quando D. Afonso conquistou Portugal e escolheu Coimbra como capital, escolheu Alcáçova como residência real e o lugar passou a ser chamado de Paço Real da Alcáçova, sendo local de nascimento de todos os reis da primeira dinastia. Com o tempo o local foi sendo abandonado pela família real portuguesa e, no século XVI, foi reformado e passou a pertencer à Universidade de Coimbra, passando a se chamar Paço das Escolas.

Na verdade, a Universidade de Coimbra já existia muito antes disso, tendo sido fundada em 1290 e depois transferida para o Paço. Bem no meio do Paço fica uma estátua em homenagem ao rei D. João III, responsável pela transferência definitiva da Universidade para o antigo palácio real.

Hoje a faculdade conta com diversos campos, mas no Paço ainda está o curso de Direito, um dos mais antigos e tradicionais do mundo. Pra mim que cursei Direito foi fantástico conhecer esse local!

O acesso ao Paço é grátis e já vale demais a subida. Pra quem quiser conhecer mais da parte antiga da universidade, é possível visitar a Biblioteca Joanina, a Capela, subir as escadarias da Faculdade de Direito e muito mais. Os valores dos ingressos variam conforme o que se pretende conhecer e são vendidos ao lado da Porta Férrea.

Ficamos andando pela Alta, curtindo a vista, e depois descemos pela Rua Quebra-Costas, que tava mais pra outra escadaria do que pra rua! Acabamos parando e um café ali na rua e ficamos tanto tempo batendo papo que acabamos encerrando o dia por ali mesmo.

Pra quem tiver mais tempo, do outro lado do rio fica a Quinta das Lágrimas, local da história de amor de Inês de Castro e Pedro, e onde ela foi assassinada (e eu ja contei tudo sobre a Julieta portuguesa quando falei do Mosteiro de Alcobaça nesse post aqui). Se estiver com crianças, pode ser uma boa visitar Portugal dos Pequenitos, um parque que tem réplicas dos principais monumentos de Portugal em miniatura, e que fica próximo à Quinta das Lágrimas.

Coimbra na prática

Ficamos hospedados no Hotel Ibis Centro que fica bem perto do centro histórico e custou apenas 50 euros a diária com café da manhã! O hotel fica a uns 10 minutos à pé da estação de trem (Coimbra-A).

Como viemos de trem rápido de Lisboa, o trem pára na verdade em outra estação (Coimbra-B) e de lá é possível trocar para um trem regional que em 5 minutos te deixa na estação do centro. No nosso caso, nem precisaríamos comprar outras passagens, mas como estávamos em 3 e com 3 malas grandes resolvemos simplesmente pegar um táxi de Coimbra-B direto para o nosso hotel, numa corrida baratinha de uns 5 euros.

Comprei as passagens de trem (comboio) com antecedência direto no site oficial. Comprei passagens no AlfaPendular, que é trem rápido em Portugal. Compradas com antecedência, as passagens de Lisboa (Estação Santa Apolônia) para Coimbra saíram por 7 euros cada e a viagem durou 1h40m.

No dia seguinte, partimos de Coimbra para Porto (Estação Campanha) um pouco depois das 9hs da manhã, novamente de AlfaPendular com passagens compradas com boa antecedência. A viagem durou pouco mais de 1h e custou apenas 6 euros.