Trier: a cidade mais antiga da Alemanha

Trier é uma cidade quase que desconhecida para os turistas, sendo mais conhecida apenas pelos residentes de Luxemburgo e moradores da região do Moselle. Mas não deveria ser! Além de ser a cidade mais antiga da Alemanha, essa cidade da região do Moselle abriga não só monumentos romanos e medievais que ainda estão de pé, como também um centro histórico muito bem preservado!

Trier foi fundada pelo povo celta no século IV a.C, tendo sido conquistada pelos romanos no século I d.C. No século IV d.C., Trier já era uma das maiores cidades do Império Romano e, por isso mesmo, capital da província. Assim, contando com mais de 2mil anos de história, e um centro histórico bem preservado (apesar dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial), Trier não recebe o destaque que merece e é um desses cantos que poucos já ouviram falar. Assim, para quem estiver por Luxemburgo (que é outra jóia esquecida), um bate-e-volta até Trier vale demais a pena e dá um roteiro bem redondinho.

A forma mais comum é chegar pela estação central de trem (Trier Hauptbahnhof). O centro histórico estará a cerca de 10 minutos à pé. Basta pegar a rua/avenida Theodor Heuss Alle e em poucos minutos já estará na Porta Nigra. Por ser uma rua toda arborizada, o caminho em si já é super bonito, ainda mais se for primavera ou outono.

A Porta Nigra foi construída pelos romanos por volta do ano 170 d.C. e é o maior monumento ainda romano de pé na Alemanha. No período romano, 4 portões davam acesso à cidade, tendo apenas restado esse. Com o tempo, ainda no início da Idade Média, a cor das pedras escureceram e daí veio em latim do portão da cidade.

A Porta Nigra fica na Praça da Porta Nigra (Porta-Nigra-Platz). Ali na praça já estará o centro de turismo em que vc pode passar e pegar um mapa da cidade. Quase em frente tem uma estátua do Karl Marx, já que ele nasceu em Trier. E seguindo pela Praça da Porta Nigra você chega na Praça do Mercado Principal (Hauptmarket).

A Hauptmarket é a praça principal de Trier e o coração do centro histórico. Em volta estão prédios e casas centenárias, várias barraquinhas de vinho, cerveja, cachorro quente alemão, pretzel e outras comidinhas de rua. Em dezembro, é ali que acontece o Mercado de Natal, com dezenas de barraquinhas e decoração natalina.

Ali também já está a Catedral de Trier/ Catedral de São pedro (Trierer Dom/ Dom St. Peter). Essa é a igreja mais antiga de toda Alemanha, que ainda remonta aos tempos romanos quando o Imperador Constantino, tornando-se católico, mandou que a mesma fosse construída há mais de 1700 anos.

O interior da igreja é bem bonito e vale a visita. Dentro da Igreja há relíquias trazidas da época das cruzadas, sendo a principal o Manto Sagrado de Jesus Cristo, que teria sido a túnica usada por Jesus Cristo durante a crucificação. O manto fica guardado dentro de uma urna, que fica numa capela separada atrás do altar, e que só é possível ver por essa janelinha:

Atrás da Catedral está a Igreja de Nossa Senhora (Liebfrauenkirche), que foi a primeira igreja de estilo gótico construída na Alemanha. No local já havia uma igreja, também da época romana, mas que foi demolida e a gótica foi construída por cima, aproveitando-se apenas as fundações.

E nos fundos da Igreja de Nossa Senhora já fica a Aula Palatina ou Basílica de Constantino (Konstantinbasilika). Construído a mando do Imperador Constantino I, por volta do ano 310, era o Palácio do Imperador (Aula Palatina). Serviu de palácio até a Idade Média, quando foi diminuído e convertido em igreja, tornando-se mais tarde uma igreja protestante. Durante um bombardeio no fim da Segunda Guera Mundial, a igreja pegou fogo e, mesmo após a sua reforma, não foi possível restaurar as decorações no interior. Ainda assim, o exterior foi restaurado e tem uma fachada com 17 séculos de história.

E ali atrás já estará também o Electoral Palace. O Palácio serviu como residência para os arquebispos e hoje é um prédio governamental. Os jardins estão sempre abertos ao público.

Esse pode ser um bom momento para a pausa do almoço, já que já terá visto as atrações mais importantes de Trier. Próximo da Basílica de Constantino fica um dos melhores restaurantes de Trier: Restaurant Kartoffel Kiste. Eles tem todo o tipo de comida alemã, desde o Schnitzel simples aos mais elaborados possíveis, vários tipos de cerveja e até mesmo opções da própria cidade.

O prato típico de Trier é o Trierer Gefüllte, que foi o que escolhi na minha última ida lá. São bolas de batata recheadas com carne moída, gratinadas com molho de queijo. E acompanhado da cerveja da cidade.

Depois da comilança, hora de voltar ao roteiro. Você pode tentar fazer todas as opções que vou falar agora, ou escolher uma ou duas. Depende de quanto tempo vc terá e da sua disposição.

Saindo do restaurante você já estará a 3 minutos à pé da Casa do Karl Marx (Karl-Marx-Hause). A verdade é que Karl Marx apenas nasceu ali, ficou algumas semanas com seus pais e depois a família se mudou pro outro lado da cidade. Na época do regime nazista, tudo que havia de mobiliário e objetos pessoais ainda remanescentes dele e da família foi destruído.

De forma que dentro da casa não há qualquer objeto. De toda forma, vale a visita ao museu. Além da casa em si que é de 1727 e está em ótimo estado, o museu conta a história pessoal de Karl Marx, como surgiram às críticas ao capitalismo do século XIX e aos efeitos das suas ideias até hoje. Lá você também encontra cópias originais de algumas de suas obras.

A cerca de 1km da Casa do Karl Marx está a Ponte Romana (Römerbrücke). Essa ponte foi construída por cima do Rio Moselle no século II pelos romanos. Ainda hoje está em pleno funcionamento, inclusive por carros.

Ali perto também estará o Barbarathermen, que são ruínas de antigos banhos romanos. E mais à frente também tem o Kaiserthermen, que também são outras ruínas de termas romanas. Das duas, a Kaiserthermen está mais bem conservada.

Mas, pra mim, o mais interessante é o Anfiteatro (Trier Amphitheater). Também construído no século II, esse anfiteatro romano comportava cerca de 20mil pessoas. Como toda arena daquela época, os espetáculos incluíam eventos de gladiadores e shows de animais.

Dá pra visitar o subsolo do anfiteatro. Você sobe e desce pelas mesmas escadas que gladiadores saíam. E era ali nos porões que os prisioneiros condenados à morte esperavam ao lado de animais famintos pelo espetáculo final.

E dali do anfiteatro até a estação de trem é quase que uma caminhada reta. Então você pode dar o dia por encerrado ou voltar pro centro histórico e fazer umas comprinhas. Trier é ótima pra compras, com preços melhores que Bélgica, França e, claro, Luxemburgo. E as opções vão desde marcas populares alemãs até marcas de luxo.

Outra opção é fazer uma pausa pra um café e experimentar algum doce típico como o Apple strudel (Apfelstrudel). Uma boa pedida é o Café 1900, bem no centro histórico. Eles sempre têm uma boa variedade de tortas. O único detalhe é que ninguém fala inglês por lá.

Uma outra opção para a tarde é fazer o passeio de barco. Você pode comprar no centro de informações turísticas. Os barcos fazem um tour pelo Moselle, passando pelas regiões produtoras de vinho da Alemanha e Luxemburgo. Pode ser bem legal numa tarde de verão ou primavera.

Trier na prática

Estando em Luxemburgo é muito fácil ir a Trier. Considerando que moro a 40 minutos de Trier, sempre vou de carro. Há vários estacionamentos no centro e, quase sempre, há vagas.

Ir de trem também é fácil. Basta pegar o trem da estação central de Luxemburgo com destino à Trier. Há trens de hora em hora e o trajeto dura 1hora. As passagens custam 9 euros por pessoa e dá pra comprar direto na máquina. Não é preciso validar o bilhete.

Roteiro de 1 dia em Munique

Eu nem vou tentar mentir e dizer que minha viagem para Munique (Muenchen, em alemã), capital da Bavária e da cerveja, foi super cultural… porque não foi mesmo! A verdade é que o que mais fizemos foi procurar Biergarten pra beber cerveja!

Era auge do verão europeu, em um sol de rachar mamona, com sol até às 22hs e a cidade lotaaada! Nada que combinasse com ficar confinado em museus ao invés em um Biergarten qualquer, aproveitando o clima festivo que só a combinação verão mais cerveja na cidade da Oktoberfest pode oferecer! Eu vou falar dos Biergarten mais pro fim do post, mas de toda forma são lugares/jardins abertos em que o pessoal se reúne pra tomar cerveja e petiscar.

Além disso, Munique em si não tem tantas atrações turísticas em si. E é por isso mesmo que usamos a cidade como base para conhecer o Castelo de Neuschwanstein e Nuremberg. Ainda assim, fizemos o turismo basicão de Munique em um dia, visitando os pontos mais turísticos.

Roteiro Munique em 1 dia

Começamos o roteiro pela Praça Karlsplatz, já que era o ponto mais próximo do nosso hotel (e também fica a 5 minutos à pé da estação central). A praça no verão fica cheia, com pessoas se reunindo em volta da fonte pra bater papo. Ali também fica o Antigo Portão da cidade (Karlstor), construído ainda na Idade Média.

Atravessando o Portão já fica a Neuhauser Strasse, uma rua pietonal já na Cidade Velha (Altstat). Logo mais à frente, fica a Frauenkirche, igreja construída no século XV e que é a Catedral de Munique.

E também perto dali fica a Praça Marienplatz, a principal praça de Munique desde o século XII e considerada uma das mais bonitas da Alemanha. No centro da praça fica a Nova Prefeitura (Neues Rathaus), que é o grande atrativo da praça. Todos os dias às 11hs e meio-dia acontece um showzinho de bonecos de madeira na fachada da prefeitura.

Neues Rathaus

Ali na Praça Marienplatz também fica a Antiga Prefeitura (Altes Rathaus), construída em 1392 e que ainda hoje serve como conselho municipal. Logo ao lado/atrás fica a Igreja de São Pedro (Peterskirche), que é a igreja mais antiga de Munique, construída em 1158.

Dali seguimos para a Praça Max Joseph. No caminho verá o Alter Hof, que já foi uma residência imperial. Chegando na praça, de um lado fica o Teatro Nacional e do outro fica o Residenz, o antigo palácio da família real. O Residenz é o maior palácio urbano da Alemanha, tendo 130 quartos. Foi residência de duques e reis da Bavária por 4 séculos, até o fim da monarquia. Hoje funciona como museu.

Seguimos até a Praça Odeon (OdeonPlatz) e que também faz parte do complexo do Palácio Residenz, dando acesso ao Hofgarden, o jardim do palácio. Ali no centro do jardim fica um templo renascentista.

Atrás do Hofgarden já está o Jardim Inglês (Englischter Garten). Criado em 1789, o gigantesco jardim tem 3,7 km². Maior que o Central park em Nova York, é um dos maiores parques urbanos do mundo.

Dentro do parque há Biergarten, pistas de caminhada e ciclismo e campos de futebol. Inclusive quando fomos haviam vários idosos jogando uma “pelada” completamente pelados! Além disso, há um rio que corta o parque e, devido às fortes correntezas, virou ponto de surf. Seja pra tomar uma cerveja, jogar futebol, tomar sol, fazer surf, é garantido que o parque estará cheio no verão. E foi lá mesmo que passamos várias horas.

Fora isso, há também o Museu da BMW e é possível visitar o Estádio do Bayern, mas nós ficamos pelo parque mesmo e pelos Biergarten.

Biergarten

Toda a região da Bavária tem uma tradição muito forte em cerveja. E não é à toa que Munique é capital da Bavária e local sede da Oktoberfest, tradicional festa da cerveja. Por todos os cantos da cidade pode-se encontrar os “Biergarten”. São tipicamente locais abertos como terraços de restaurantes, ou jardins, ou bares com área externa com mesas grandes e compartilhadas em que o principal atrativo são os canecões de cerveja, a comida e a música típica.

Talvez o mais famoso seja o Hofbräuhaus München, que fica bem no centro histórico, próximo a Marienplatz. Está lá há quase 500 anos. Ali na verdade não é bem um Biergarten, mas uma cervejaria que foi fundada em 1589 pelo Duque da Bavária. Além da música, das canecas de 1l de cerveja, do pretzel, o local também oferece pratos típicos como as linguiças e salsichas (Bratwurst/Weisswurst). As mesas são todas longas e compartilhadas. Ache um espaço ali e aproveite o que há de mais tradicional na Baviera!

Mas o Biergarten que mais gostamos na verdade foi o Augustiner Bräustuben, que fica a 1km da estação central. Ali também uma cervejaria, aberta em 1328. E era exatamente o que eu estava esperando de um Biergarten: um espaço aberto e verde, música, muita cerveja e também comida típica. E mesmo tendo capacidade para 5mil pessoas, estava absolutamente lotado quando fomos! Ainda assim, o serviço foi bem rápido.

E se as canecas gigantes te assustam, comece com a cerveja do tipo Radler, servida por toda parte: uma mistura de metade cerveja e metade suco de limão/sprite. Super refrescante no calor europeu!

Munique na prática

– Onde se hospedar em Munique

Tendo em vista que iríamos fazer bate-e-volta de trem pela região, optamos por ficar perto da estação central. A região é um pouco caída, como quase toda cercania de estação e não inspira lá muita segurança. É também onde está concentrado um grande número de imigrantes muçulmanos. Então ver gente de burca e comércio de comida árabe (ao invés de comida alemã) é o esperado.

De toda forma, para o que queríamos foi bem prático. Ficamos no Hotel Adagio Muenchen, que ficava a 300m da estação central e 1km do centro histórico. O quarto é em estilo aparthotel, então o quarto além de ser mais espaçoso e bem moderno, ainda contava com uma pequena cozinha separada. Maaas como é um aparthotel não há limpeza do quarto durante a estadia.

– Como ir do aeroporto de Munique para o centro

Munique conta com 2 aeroportos. Um é mais afastado chamado Memmingnen, que não dá nem pra dizer que é Munique, que é usad pelas low-costs e aí tem que pegar um ônibus que leva 1h30min pro centro.

Felizmente, nosso vôo era para o Aeroporto International de Munique Franz Josef Strauss (Flughafen München). Dali era só pegar o trem. Pegue a linha S8 que faz o trajeto direto para a estação central. Basta apenas comprar o ticket na maquininha e validar antes de entrar no trem. A plataforma fica dentro do próprio terminal. O trajeto dura cerca de 40minutos.

E justamente porque fomos e voltamos de trem do aeroporto, esse foi um motivo adicional pra já nos hospedarmos na região da estação central.

– O que mais fazer em Munique

Como disse, Munique foi nossa base para conhecer a região. Apesar de termos feito o roteiro acima em 1 dia, ficamos outra metade só pelo Biergarten e tiramos 2 dias pra explorar a região.

Se tiver alguns dias sobrando, você pode:

  • Fazer um bate-e-volta e conhecer o Castelo de Neuschwanstein, que eu já contei minhas DESventuras nesse post aqui.
  • Conhecer uma das cidades mais importantes do período nazista: Nuremberg. Dá pra fazer um bate-e-volta de trem bem redondinho pra explorar esse lado da história alemã, e ainda sobra tempo pra conhecer uma das cidades antigas mais bem conservadas da Alemanha.
  • Há também a opção de ir ao Campo de Dachau, que foi o primeiro campo de concentração nazista e serviu de modelo para todos os outros. Fica bem perto de Munique, mas nós resolvemos não ir.

Roteiro para um bate-e-volta de Nuremberg desde Munique

Nuremberg (Nürnberg, em alemão) foi uma das cidades da Alemanha que mais gostei de conhecer até hoje. Rica em história, com uma arquitetura linda e perto de Munique, Nuremberg agrada todos os gostos. Fomos a partir de Munique e foi super tranquilo. Um bate-e-volta bem redondinho e sem perrengues, que eu recomendo demais.

Nuremberg (Nürnberg) atrai visitantes com sua Altstadt (Cidade Velha/Antiga), que está totalmente restaurada, seu lindo castelo e sua vibe medieval. Além disso, a cidade desempenhou um papel fundamental durante os anos nazistas. Era ali que comícios do Partido Nazista eram realizados, onde os discursos de Hitler aconteciam, local em que as primeiras leis anti-semitas foram promulgadas. Por isso mesmo também foi o local escolhido para o Julgamento de Nuremberg, que condenou dezenas de oficiais nazistas.

Assim, pegamos o trem cedo e chegamos em Nuremberg quase às 11 horas da manhã. Saindo da estação central (Hauptbanhof), vc encontra o centro de turismo e já pode ali pegar um mapa. Muita coisa vc vai fazer à pé inicialmente. Apenas as atrações nazistas que ficam mais longe, mas aí basta pegar o tram (incluso o Bayern Ticket, como vou explicar mais pro fim do post).

Estação Central de Nuremberg

Também logo em frente a estação de trem você já vai ver o Portão da Cidade (Königstor). Na época medieval, essa era a principal entrada da cidade, já que a cidade medieval era toda murada. Ainda é possível ver um pedaço da muralha.

Atravesse o portão e você já vai estar na Königstrasse, que é a rua principal que liga a estação central à a parte antiga da cidade. Ali tem várias lojas e marcas e é hoje uma rua conhecida para se fazer compras.

Siga em frente e você vai chegar na Igreja de São Lourenço (St. Lorenzkirche), que fica na Praça Lourenço (Lorenz Platz). A Igreja de São Lourenço é bem bonita, em estilo gótico medieval, e teve sua construção iniciada no século XIII. Desde a Reforma, tornou-se uma igreja protestante. Muito embora tenha sido danificada durante os bombardeios da Segunda Guerra, hoje está totalmente restaurada por dentro e por fora.

Seguimos em frente, atravessando o Rio Pegnitz até chegar no antigo Hospital Espírito Santo (Heilig-Geist-Spital), construído no século XIV. O local foi um dos maiores hospitais da Europa durante a Idade Média. Durante a Era Moderna abrigou as jóias da realeza e hoje é um restaurante.

Depois continue até a Praça do Mercado (Hauptmarket), que era a praça principal da cidade na Antiguidade. Até hoje a praça é super e tem mercados diários, vendendo desde frutas e legumes até quinquilharias. Ali na praça você encontra também a Catedral de Nuremberg (Frauenkirche), em que diariamente ao meio-dia ocorre uma encenação com o relógio, chamada Männleinlaufen. Na praça também está a Antiga Prefeitura (Rathaus) e uma fonte gótica (Schöner Brunnen).

Continue em frente (e subindo!) e você chegará ao Castelo Imperial de Nuremberg (Kaiserburg). Esse enorme complexo de onde pode-se avistar toda a Cidade Antiga (Altstad) foi muito bem restaurada e é ali que você vai se encantar com a “Nuremberg Medieval”.

O Kaiserburg é o símbolo de Nuremberg. Desde a Idade Média, o castelo representava o poder e a importância da cidade imperial de Nuremberg dentro do Sacro Império Romano Germânico. Por isso, já foi residência de muitos imperadores por séculos.

No complexo é possível visitar o edifício principal (Palas) em que também ficam os apartamentos do imperadores, e que ainda tem mobiliário antigo. Tem também a Capela do Imperador (kaiserkapelle), a Torre de Sinwell e mais alguns monumentos antigos.

Depois de explorar o castelo desça a rua Albrecht Dürer Strasse, passando pela Weinmarkt até chegar na Weißgerbergasse. Ali estão as ruazinhas mais bem preservadas e medievais de Nuremberg. Com casinhas fofas de bechamel, ruas pietonais, você vai se sentir realmente voltando no tempo. Uma graça!

Então, essa primeira parte do roteiro ficou assim no mapa:

Roteiro Parte 1 – Da estação de trem até Hauptmarket
Roteiro parte 2: Da Hauptmarket até Weigerbergassasse

Andamos mais um pouco por ali, batemos mais perna pelo centro histórico, almoçamos e percebemos que era hora de pular da Idade Média pra Segunda Guerra Mundial e visitar os locais referentes ao período nazista. Fomos até a estação de metrô mais próxima e seguimos para a estação Bärenschanze (Metrô U1 – linha verde). Bem perto da estação já está o Palácio de Justiça de Nuremberg (Justizpalast Nürnberg).

Logo após o final da guerra (em 20 de novembro de 1945), no Palácio de Justiça de Nuremberg, tinha início o julgamento de 21 líderes dentro do comando nazista. Foi o tribunal de exceção (um tribunal criado especificamente para julgar esses casos) mais famoso da história! Na Sala 600, que foi especialmente mobiliada e reformada para o julgamento, os réus tiveram que responder por crimes contra a humanidade diante de uma corte internacional de justiça.

Hoje o local ainda funciona como tribunal de justiça, mas há uma exibição permanente chamada Memorial dos Julgamentos de Nuremberg que traz informações sobre o julgamento, bem como a sua repercussão. Explica o que os réus fizeram enquanto parte do partido nazista através de fotos, jornais e vídeos.

Sem dúvidas, a Sala 600 se tornou um referencial na construção do Direito Internacional Penal. Os “princípios de Nuremberg” foram a base para a formação da Corte Internacional Criminal de Haia. Pra mim que sou advogada e amo o direito foi um privilégio visitar o memorial.

Quando fui a Sala 600 só abria para visitas aos finais de semana, já que durante a semana era usada para trabalhos judicias. Recentemente, a sala deixou de ser usada e agora estará sempre aberta a visitações. O memorial funciona todos os dias, exceto terças.

De lá procuramos o metrô mais próximo e fomos para o Zeppelin, local onde fica o Centro de Documentação do Partido Nazista (Dokumentationszentrum Reichparteiragsgelände). Hoje o lugar é um museu que dá uma imagem abrangente da tirania nazista e traz a história dos comícios do Partido Nazista.

É também em Zeppelin que fica o Campo de Zeppelin. O local serviu para inúmeros comícios nazistas e era dali principalmente que Hitler dava seus discursos. A tribuna continua ali, embora os pilares tenham sido removidos e a suástica foi retirada.

Já se pensou em demolir completamente o que restou do lugar, bem como em restaurá-lo. Por fim, o governo decidiu por manter o lugar como está, mas sem restaurar as colunas e todo o resto que foi explodido. A ideia é manter viva a história para lembrar até onde uma visão estreita e extrema pode ir.

Quando fomos, o local estava cheio de jovens andando de skate, bicicleta, correndo, namorando e até fazia parecer ser uma ruína como outra qualquer em meio a um grande parque. Enquanto estiver ali, nem pense em bater uma continência ou qualquer outro tipo de foto de mal gosto! Isso é extremamente proibido na Alemanha e pode resultar em prisão.

Já era fim de tarde, então pegamos o tram para voltar pra estação central, já que ainda tínhamos uma 1h30min de trem até Munique.

Nuremberg na prática

Como disse, nós fizemos um bate-e-volta super tranquilo a partir de Munique. Conseguimos ver tudo que queríamos, sem correria e sem perrengues (ao contrário do bate-e-volta pra o Castelo de Neuschwanstein, que já contei aqui).

Para ir pra Nuremberg nós usamos o Bayern Ticket (Bavaria Ticket) te permite pegar qualquer transporte público em toda a região da Bavária a partir das 9horas da manhã durante a semana e em qualquer horário aos finais de semana. Atualmente, o valor é 25 euros por pessoa e mais 8 euros pra cada pessoa que vai junto com você. Então, no nosso caso, hoje daria 33 euros pra nós 2.

Compramos o ticket na máquina da estação de trem. O Bavaria Ticket fica na opção “All offers” -> “Offers per Federal Land” -> “Bavaria”. Ticket comprado, é só procurar o trem que vai para Nuremberg. Apenas preste atenção que o ticket não é válido para o ICE (trem de alta velocidade alemão). Por outro lado, usamos metrô e tram em Nuremberg sem pagar nada a mais por isso (todos os meios de transporte público estão inclusos).

O trem estava tranquilo, sem muita gente (bem diferente do trem para o Neuschwanstein). Pegamos o trem logo depois das (chegando em Nuremberg pouco antes das 11horas); e voltamos no trem do fim da tarde. Vc pode conferir os horários do trem no site oficial.

Castelo de Neuschwanstein

O Castelo de Neuschwanstein (ôh nome difícil!) fica na Rota Romântica na região da Bavária, quase na fronteira com a Áustria. Sem dúvidas, esse é um dos cartões postais mais famosos da Alemanha (senão o mais famoso!). O lugar recebe 1,5milhão de turistas anualmente, sendo 6mil em média no verão.

O castelo foi construído a mando de Ludwig II, Rei da Bavária, no século XIX. Em 1866, a Baviera havia perdido uma guerra contra a expansão da Prússia, que retirou o direito do rei de dispor de seu exército em caso de guerra. A partir de então, Ludwig II deixou de ser um governante soberano. Por isso, ele começou a planejar seu próprio reinado, que seria um “Reinado Soberano sob a graça de Deus”, na forma de seus castelos e palácios, onde poderia ser um verdadeiro rei.

A sede desse reinado seria o Castelo de Neuschwanstein. A obra que foi prevista (por ele) para ser feita em 3 anos, mas quase 20 anos depois ainda restava inacabada. Assim, ele se mudou para o castelo mesmo inacabado e ali viveu lá por pouco tempo antes de falecer em 1886, um dia depois de ser internado e diagnosticado como louco. Por consequência, o castelo nunca foi acabado e dias depois da sua morte foi convertido já em museu.

Durante a Segunda Guerra Mundial, obras de artes saqueadas pelos nazistas foram ali escondidas. No final da guerra, foi considerada a ideia de explodir o castelo para evitar que tanto as obras de arte, quanto o castelo em si, caíssem nas mãos dos inimigos. Mas antes que qualquer coisa fosse feita, os Aliados chegaram, recuperando centenas de obras. Depois disso, o castelo voltou a ser um museu, que recebe milhares e milhares de pessoas todos os meses.

Dizem que o Castelo de Neuschwanstein foi a inspiração para o Castelo da Cinderela da Disney. Ainda se fala que o Castelo da Bela Adormecida também foi inspirado nele. Verdade ou não, em meio à florestas, lagos e montanhas, realmente o castelo parece saído de um conto de fadas.

E pra se ter essa vista linda do castelo o jeito é ir até a Ponte Maria (Marienbrücke/ Mary’s Bridge). Só desse ponto é possível ver o castelo por inteiro, bem como as cercanias. Ludwig mandou construir a ponte justamente para admirar o castelo e acompanhar o progresso da obra.

E é aqui que começam meus infortúnios durante a visita. Eu demorei muito a escrever sobre Neuschwanstein, até porque foi um dos maiores perrengues que já passei em toda minha vida. E sempre que lembro da viagem, lembro da perrengueira que foi!

Quando fomos a ponte estava fechada para manutenção. Então já não conseguimos ver o castelo por inteiro. Eu já sabia disso porque tinha visto no site o aviso, mas imaginei que talvez desse pra ir até próximo da ponte, mas o caminho também estava fechado. Então só conseguimos ver a fachada do castelo, mas não ele por inteiro como nessa foto aqui:

Foto retirada da Wikipedia: o castelo visto da Ponte

Pior ainda, mesmo entrando com antecedência no site, não havia mais disponibilidade de ingressos para a visita (afinal, era verão). Ainda assim, insistimos em ir por conta ao invés de ir com um tour com ingresso incluso. Até porque a visita dentro do castelo dura apenas 30minutos, é totalmente guiada em grupos grandes, sem possibilidade de fotos, e dizem que não impressiona muito, que realmente o interessante é ver por fora.

Chegando lá, mesmo chegando relativamente cedo, o lugar estava abarrotado de gente com uma fila de mais de 1h, sendo que o próximo horário disponível era só mais pro fim da tarde. Não, obrigada! Achamos que poderíamos subir e ver só por fora, já que diziam que era o que valia mesmo a pena (em todos os blogs que li!).

Subimos, vimos a fachada, que me pareceu bonita, mas nem de longe o castelo mais lindo de toda Europa. Andamos pra um lado, andamos pro outro (não tem como dar a volta no castelo ou ver muito mais do que a fachada) e dentro de uns 15 minutos percebemos que não tinha muito mais o que fazer a não ser descer, almoçar, andar pela cidadezinha e encarar mais de 2hs pra voltar para Munique (que no nosso caso viraram 9 horas como vou contar daqui a pouco!).

Com tudo isso, eu já estava um pouco decepcionada. Afinal, foram horas de trem pra mal conseguir ver o castelo. Pode até ser que se a ponte estivesse aberta, ou se eu tivesse conseguido compras os ingressos antecipadamente, ou caso tivesse pego um tour combinando com outros castelos, ou mesmo ido de carro, teria valido mais a pena. Fato é que eu achei o lugar longe demais pra só se ver mais ou menos e não ter muito o que fazer. Mas mal sabia eu que o pior ainda estava por vir e que eu iria passar por uma perrengueira sem precedentes! hahah

Mas antes de eu contar esse perrengue master que passamos, vou explicar aqui direitinho como ir, pra quem queira ir por conta própria, e mais algumas dicas gerais.

Como ir de Munique ao Castelo de Neuschwanstein

Um bate-e-volta a partir de Munique é perfeitamente possível, mesmo de transporte público e mesmo gastando o dia todo nisso. De carro, são quase 2 horas. De trem são duas horas. Então, resolvemos ir de trem. Afinal, o Bayern-Ticket (Bavaria Ticket) te permite pegar qualquer transporte público em toda a região da Bavária a partir das 9horas da manhã durante a semana e em qualquer horário aos finais de semana. Atualmente, o valor é 25 euros por pessoa e mais 8 euros pra cada pessoa que vai junto com você. Então, no nosso caso, daria 33 euros pra nós 2. Bem mais barato que alugar um carro e podendo só ir admirando a paisagem.

Compramos o ticket na máquina da estação de trem. O Bavaria Ticket fica na opção “All offers” -> “Offers per Federal Land” -> “Bavaria”. Ticket comprado, procuramos a plataforma para a cidade de Füssen. Ainda bem que chegamos cedo e fomos um dos primeiros a entrar no trem. Algum tempo depois o trem lotou e muita gente foi em pé em uma viagem de 2hs!

Chegando em Fussen, logo em frente a estação fica uma parada de ônibus. Aí basta pegar o ônibus que pra Hohenschwangau/Castles e aí em uns 10 minutos vc chega nos castelos e todo mundo desce nessa parada, que já fica quase em frente à bilheteria.

Daí você tem 2 opções: uma trilha de uns 45 minutos ladeirinha acima ou ônibus (que custa uns 2 euros e o Bayern Ticket não é aceito). Como estava um calor de matar, optamos por pegar o ônibus que subiu lotaaado (inclusive, fomos em pé na porta!). O ônibus deixava bem perto da entrada. Bastava subir (mais uma) ladeirinha. Mas pra voltar a descida é super tranquila e o caminho é bem bonito.

Onde comer em Neuschwanstein

Na descida do castelo, tem o restaurante do próprio castelo. Lá tem um bistrô e um restaurante. Fomos no restaurante, e ele fica bem no meio da floresta. Como era verão, o terraço estava aberto. Sentamos ali, comemos comida típica, tomamos uma cerveja.

Eles tem variados tipos de cerveja e servem pratos bem típicos da região. Ou seja, o restaurante eu realmente recomendo! Achei a comida boa, não era muito acima do preço médio apesar de ser praticamente junto ao castelo e o atendimento bom. Todo o ambiente era bem agradável na verdade. E bem ali, na cara do gol!

O que mais tem pra fazer

O vilarejo é bem bonitinho e me parece que a cidade de Füssen também é bonitinha. Queríamos ter explorado a cidade, mas à tarde o tempo estava armando pra chuva, então achamos melhor voltar logo pra Munique.

De vários pontos do vilarejo, e mesmo subindo/descendo o castelo, é possível avistar o Castelo de Hohenschwangau. Esse é o castelo que Ludwig cresceu e viveu e fica muito perto de Neuschwanstein. Inclusive, é na mesma bilheteria que se compra entradas para ambos. Como a fila da bilheteria estava gigante não tivemos coragem de encarar.

E de novo, como o tempo estava armando pra chuva, resolvemos não ir até lá e voltar logo pra Munique mais cedo.

O mega perrengue da viagem

O caminho de volta foi uma grande aventura. Na volta, pegamos o ônibus até Füssen, mas de lá tivemos que pegar um outro ônibus, pois o trem nāo estava funcionando e estavam colocando esse trem de substituição até uma estação que não me lembro mais o nome no meio do nada.

No momento em que chegamos nessa micro estação, ou seja no momento de descer, caiu uma mega tempestade! E o motorista nos fez descer e continuou com o ônibus parado lá! Foi entāo que um casal de orientais roubou minha sombrinha (isso mesmo!). Ficamos encharcados, tentando nos esconder em um caminhāo de obras, com outros orientais até chegar o trem que nāo tinha horário coordenado com nada e era muito zoado! Depois disso, tínhamos mais 2 horas de viagem de volta a Munique e achamos que todo nosso infortúnio havia acabado. Quem dera…

Faltando pouco pra chegar em Munique um guia turístico disse que havia acontecido um ataque terrorista. E isso foi lá pelos idos de 2016, bem na época do ataque em Nice e no Bataclan. Mais alguns minutos e nos falaram que eram 2 ataques terroristas na verdade! Esse guia desceu com o grupo dele numa estaçāo nos subúrbios de Munique, já que a estaçāo central estava sendo evacuada e nos falou pra acompanhá-los. Assim fizemos e descemos com ele nessa estação.

Alguns segundos depois houve um boato de que a estaçāo estava sob ataque. O alarme soou e saímos todos correndo! As pessoas gritavam: “run, run! Just go!”. E até os policias começaram a gritar pra correr! Logo, vc já pode imaginar todas as pessoas correndo enlouquecidas, se atropelando pelas escadas, inclusive nós.

Assim, saímos pelas ruas em um grupo gigante que resolveu se separar em pequenos grupos pra nāo chamar atençāo. Melhor molhados, congelando, andando, correndo do que morrendo né! Andamos um tanto até que encontramos um restaurante que nāo nos aceitou porque nāo queria muita gente dentro. E fomos pra outro que colocou todo mundo pra dentro. Bebemos algumas cervejas e comemos, esperando ver o que acontecia.

As notícias eram todas confusas, pessoas em pânico, sem transporte público, taxis proibidos de pegar passageiros. E tudo isso foi antes do rooming pela União Europeia, de forma que não conseguíamos acessar internet em qualquer país, nem mesmo com chip europeu. Logo, estávamos sem acesso à internet. Também nāo conseguíamos notícias verídicas e os boatos se avolumavam, causando mais pânico: de que eram múltiplos ataques e muitos mortos.

Ficamos lá por 2 horas e entāo sem mais nenhuma outra alternativa resolvemos andar 8km até o centro. Andamos um tanto. Entāo, com o cara que esse tempo estava conosco, desde o trem, e erámos quase 20 pessoas, começou a pedir carona na rua em dado momento pra todo mundo. Alguns instantes depois alguém parou e nos trouxe até nosso hotel. Finalmente 9 ou 10 horas depois de sair dos castelos, chegava eu de madrugada no hotel!

O tempo todo eu só pensava: isso é um sonho! Ou um pesadelo! O que está acontecendo!? Foi só no outro dia que descobrimos que, na verdade, foi apenas um atentado (e não 2, como inicialmente noticiado, e nada aconteceu na estação de trem). O ataque aconteceu perto de um shopping feito por um jovem contra imigrantes muçulmanos. Depois de matar pessoas, o cara se suicidou.

Por mais louca que essa noite tenha sido, o importante é que estávamos bem e estivemos seguros o tempo todo. Contamos com a boa vontade de completos estranhos que nāo tinham obrigaçāo nenhuma conosco e que fizeram questāo de garantir nossa segurança: o dono do restaurante, o caronista e muito muito muito especialmente o guia turístico, que nāo se afastou nem por 1 minuto da gente, mesmo a gente caindo lá no grupo dele totalmente de gaiato! Entāo, no fim das contas, percebi que assim como há desses psicopatas, também há muita gente boa por aí. E às vezes, felizmente, a gente pode receber uma boa dose de bondade humana!

Por isso mesmo, muita gente pode dizer que eu não curti a experiência de ir ao castelo, justamente por causa do ataque. Mas não. Na verdade, eu estava justamente no trem pensando como é muito longe e meio perrenguento ir ao castelo, pra nem vê-lo direito, quando anunciaram no trem que estava tendo um atentado terrorista.

Como disse antes, se a ponte estiver aberta, se vc conseguir comprar o ingresso antes, se não for verão com tudo lotado de toda forma, se fizer algum tour combinando com outros castelos, pode até ser que valha a pena. Mas em geral, eu achei toda experiência meio perrenguenta pra ver um castelo, e nem achei o castelo tão deslumbrante assim (em comparação com outros europeus que já visitei e que não tinham toda essa dificuldade!). portanto, na minha opinião, Neuschwanstein é superestimado!