Roteiro em Porto

Apesar de já ter visitado Portugal algumas vezes, eu ainda não conhecia o Porto. Mas já na chegada de trem, caí de amores à primeira vista! A cidade é tão antiga e ao mesmo tempo tão dinâmica e colorida, que pra mim é um dos melhores lugares da Europa para realmente se ver o Velho Mundo. Acrescente à isso um povo acolhedor, culinária maravilhosa, vinho excelente, um lugar barato e ensolarado (para o meu padrão luxemburguês), e não tem como não ser uma viagem incrível!

São séculos de história, afinal é a cidade que deu seu próprio nome ao país, quando ainda na época dos romanos se chamava Portus Cale. Mais tarde a cidade seria a capital do Condado Portucalense, que depois de se expandir acabou formando Portugal (Portucale).

E mais do que correr de um ponto turístico a outro, eu recomendo simplesmente passear pelas margens do Douro, andar pela Foz, aproveitar a culinária e o vinho, e realmente vivenciar Porto! Mas ainda assim vou escrever agora o roteiro que fizemos e que cobriu quase todos os pontos turísticos principais em apenas um dia.

Como estávamos hospedados em frente à Igreja de Santo Ildefonso, foi por ali mesmo que começamos. A igreja fica na Praça da Batalha e foi reconstruída em estilo barroco a partir de 1730, já que a original estava em ruínas. Ela é toda revestida de azulejos azuis e também vale a pena dar uma olhada por dentro.

A 500m dali fica a Capela das Almas, também chamada de Capela de Santa Catarina, e que chama atenção são os quase 16 mil azulejos que cobrem a fachada da capela! A capela fica bem perto do Mercado do Bolhão, tradicional mercado de Porto.

A Capela fica ainda Rua Santa Catarina, uma rua comercial bem famosa, cheia de lojas com marcas conhecidas, produtos locais, bem como cafés e restaurantes. Nessa rua fica o Café Majestic que foi inaugurado em 1921 e é um dos cafés mais tradicionais de Portugal. Confesso que pra mim que já fui inúmeras vezes na Confeitaria Colombo no centro do Rio de Janeiro, o café não foi tão surpreendente assim!

Dali fomos para a Praça da Liberdade, que é considerada o coração da cidade de Porto. A praça tem edifícios antigos e lindos em volta, como a Câmara Municipal, o Banco de Portugal e o antigo Palácio das Cardosas (que foi convertido em hotel). Bem no meio da praça tem uma estátua em homenagem à D. Pedro IV (nosso D. Pedro I). Vale a pena dar uma olhada no McDonald’s instalado onde era antes o antigo Café Imperial, e que é chamado de o “McDonalds mais bonito do mundo”.

A poucos passos da Praça da Liberdade já fica a emblemática Estação São Bento. Oficialmente inaugurada em 1916, a estação é um dos mais importantes monumentos da cidade, sendo especialmente admirada pelo seu interior. O saguão da estação conta com painéis de azulejos que ocupam mais de 500m2 (e mais de 20 mil azulejos!) e que retratam momentos importantes da história portuguesa.

Mais alguns poucos quarteirões ladeira acima e chegamos na Sé do Porto. A catedral fica em um dos pontos mais altos da cidade e só por isso já vale a visita! Do largo da igreja temos uma bela vista de toda a área da Ribeira, com telhados vermelhos e casas coloridas que são tão típicos de Portugal.

Não bastasse isso, a Sé é um dos monumentos mais antigos do país. A igreja foi fundado no início do século 12, tendo passado por diversas alterações nos séculos seguintes, resultando em uma igreja que mistura diversos estilos arquitetônicos!

Dali fomos ladeira abaixo e acima para outra igreja: a Torre dos Clérigos, que é outro cartão postal da cidade! O complexo reúne 3 edifícios: a Igreja dos Clérigos, a Torre dos Clérigos e a Casa da Irmandade. Com certeza, a atração principal é a Torre de 75 metros que foi construída apenas para tocar o sino e servir de “relógio”, mas que acabou sendo usada para auxiliar na navegação e como ponto estratégico militar. Hoje é aberta ao público e dá uma vista 360 graus da cidade, mas é necessário subir uma escada estreita de 200 degraus!

Cortamos o Jardim das Oliveiras (ideal pra um descanso depois do sobe e desce!) e chegamos na Livraria Lello, um dos pontos turísticos mais badalados de Porto. A livraria que foi inaugurada em 1906, é uma das mais antigas de Portugal e uma das mais bonitas que já visitei.

Com vitrais no teto, livros raros, estantes de madeira e uma escadaria linda, a livraria já poderia atrair leitores do mundo todo. Mas boatos de que J.K. Rowling teria se inspirado na livraria para descrever as escadas de Hogwarts, fizeram com que a livraria acabasse sendo conhecida como “a livraria do Harry Potter”. E por mais que a autora tenha desmentido os boatos, um monte de gente aparece por lá pra conhecer as “escadas de Hogwarts”.

O resultado é que o lugar está sempre MUITO cheio! Mesmo quando fomos estava lotado, mesmo sendo no meio da semana na baixa temporada! O valor da entrada custa 5 euros por pessoa, mas que são descontados na compra de qualquer livro.

Bem perto da livraria também fica a Igreja do Carmo e Igreja das Carmelitas. Como uma fica bem ao lado da outra, parecem ser uma igreja só quando na verdade são duas!

Resolvemos pegar um uber e voltar pro hotel em uma corrida que não deu nem 5 euros. Depois de descansar um pouco, pegamos outro uber e fomos pra Ponte D. Luís I ver o pôr-do-sol em outra corrida que também não deu mais do que 4 euros!

A Ponte D. Luís I talvez seja o principal cartão postal de Porto, ligando o Porto à cidade de Vila Nova de Gaia, do outro lado do Rio Douro. É um dos melhores pontos para se ver o pôr-do-sol sob o Rio Douro, que ganhou justamente esse nome por adquirir cores douradas no momento em que o sol se põe!

Do lado de Porto, fica a Ribeira, famosa pelas construções coloridas, umas coladas nas outras, restaurantes e bares. É um ótimo lugar pra se passar o fim da tarde.

E do outro, fica a cidade de Vila Nova de Gaia, onde estão as caves de vinho. Por incrível que pareça, o famoso Vinho do Porto é na verdade produzido/armazenado em Vila Nova de Gaia. E bem ali nas margens do rio ficam diversas caves, como a Sandeman, Ferreira, Graham, Taylor, etc. Algumas delas contam com mais de 2 séculos de história. E todas produzem o famoso “vinho do Porto”, que é um vinho naturalmente mais doce, sendo normalmente consumido com petiscos, ou na sobremesa ou à tarde.

Eu havia reservado com antecedência um tour guiado na Calém, mas nem precisava reservar com antecedência. Basta chegar e ver qual o próximo tour. A visita guiada pela cave dura cerca de 1h, onde o guia explica como a cave surgiu, sobre o processo de colheita e produção do vinho e finalmente temos a degustação!

O valor da entrada é de 14 euros para degustação de 2 taças linha comum ou 17 euros para degustação de 3 taças de vinho envelhecido. Escolhemos o de 3 com Branco, Ruby e Tawny e foi a melhor parte do passeio!

Depois da degustação andamos pelas margens de Gaia, onde assim como do lado de lá na Ribeira, há também vários bares e restaurantes. Escolhemos um onde tomamos mais vinho e jantamos, com vista para o Douro.

No nosso segundo dia em Porto, pegamos um uber e fomos direto para a Foz do Douro, o local onde o rio se encontra com o mar.

Fomos direto para o Forte de São Vicente, também chamado de Castelo de São João da Foz, que foi construído em 1557, residência da poetisa Florbela Espanca e hoje é a sede do Instituto de Defesa Nacional. Bem em frente ao Forte, fica o Farolim das Felgueiras, um antigo farol que marca justamente o ponto onde o mar e o rio se encontram.

E bem ao lado de ambos fica o Jardim do Passeio Alegre, um agradável jardim de onde também se tem a vista da Foz do Douro. Andamos um pouco pelo jardim e seguimos andando sem muito compromisso pelas margens do Rio Douro pelo resto da manhã.

Pegamos outro táxi e almoçamos o prato típico da cidade: Francesinha. É basicamente um sanduíche gigante que vai de tudo dentro: linguiça, salsicha, bife, presunto e queijo. Tudo isso envolto em molho picante ao vinho do porto, com um ovo e acompanhado de batatas fritas!

Depois de quase morrer de tanto comer, ficamos pelo centro mesmo, andando pelas lojas e fazendo compras. Passamos pela Fábrica da Nata, uma pastelaria que faz pastéis de nata maravilhosos. Para mim são tão bons quanto os famosos Pastéis de Belém e há uma unidade na Rua Santa Catarina. Eu já fiz um post falando da Fábrica da Nata, quando dei dicas de onde comer em Lisboa.

Por fim, gostamos tanto do passeio do dia anterior, que novamente terminamos o dia indo vendo o pôr-do-sol em Vila Nova de Gaia. Dessa vez, cruzamos a ponte e jantamos na Ribeira, novamente com muito vinho para acompanhar.

Porto na prática

Chegamos em Porto vindos de trem de Coimbra pagando apenas 6 euros a passagem no trem rápido, e eu já contei lá no post de Coimbra como comprar e como fizemos.

Passamos 3 dias inteiros em Porto, excluindo o dia da chegada (que acabamos ficando pelo hotel) e da volta (já que saímos e fomos embora cedo). Nos dois primeiros dias fizemos o roteiro acima que foi mais que o suficiente pra conhecer o principal de Porto e no terceiro resolvemos fazer um bate e volta.

Estávamos mais interessados em ir para a região do Douro, conhecer alguma vinícola, mas como era inverno, acabamos optando por ir pra Braga e Guimarães, e eu já escrevi tudo sobre essas cidades históricas nesse post aqui. Além desses lugares, se você tiver mais tempo pela cidade outras opções são Aveiro (“a Veneza de Portugal”) e Santiago da Compostela (cidade de peregrinação na Espanha).

Ficamos hospedados no Mercure Porto Centro Catarina, que fica numa área próxima de tudo, podendo se fazer muita coisa à pé, mas sem ser barulhento e o preço estava ótimo quando fomos. O hotel era super confortável e o café da manhã bem farto.

O Aeroporto fica um pouco mais afastado, mas é de bem fácil acesso. Há uma linha do metrô que conecta o centro da cidade ao aeroporto. Para pegar nosso vôo, chamamos um táxi e a corrida deu 25-30 euros. O uber saía uns 15 euros, mas precisávamos de um carro maior para caber 3 malas grandes.

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