Algarve

Com a abertura após a vacinação e o verão escaldante europeu, resolvemos tirar uns dias de férias no Algarve, umas das regiões mais bonitas de Portugal! São muitas praias lindas, combinadas com cavernas e penhascos que fariam qualquer um querer ficar um mês por lá!

Nós passamos uma semana em Armação de Pera, uma cidadezinha simpática com uma larga faixa de areia e só conhecidas pelos locais. Só fomos parar lá porque um casal de amigos nos convidou pra passar uma semana de férias na casa deles, mas sem nunca ter ouvido falar. Desconhecida pelo turismo “mais internacional”, encontramos um lugar onde os próprios portugueses vão passar as férias, e por isso mesmo, menos lotado e mais barato que o resto do Algarve. Por isso mesmo, acabou sendo nossa praia favorita e onde batemos ponto todos os dias!

Já na nossa primeira manhã, de Armação mesmo, fizemos um passeio de barco de pouco mais de 1h que passa pelas principais praias e cavernas da região, incluindo a de Benagil. Esses passeios de barco saem de praticamente qualquer praia da região do Algarve e circundam a região. Basta ir praia e procurar um barco que esteja para sair!

E nesse passeio mesmo já vimos as praias mais famosas do Algarve, como a Praia da Falésia, em Albufeira, a Praia de Nossa Senhora da Rocha, em Lagoa, e as praias de Carvoeiro.

O passeio também passou por algumas cavernas, incluindo a de Benagil, a mais famosa de todas. A caverna é realmente bonita, com uma bela praia, mas era uma confusão de vários barcos entrando e caiaques vindo da Praia de Benagil, que acabou sendo a que menos gostamos! Passamos por outras tão bonitas quanto, mas que estavam vazias!

Aparentemente, até antes da pandemia havia a possibilidade de passeios que largavam as pessoas em praias desertas ou cavernas e buscavam depois. Quando fomos, disseram que as municipalidades haviam proibido e não sei se isso é algo que agora esteja sendo feito ou não.

Outra opção de passeio de barco incluía churrasco/almoço em uma praia deserta, e só não fizemos porque ainda estávamos em um contexto de pandemia. Inclusive, ainda que vacinados e na reabertura, acabamos optando por fazer menos passeios e ficar mais pela praia de Armação mesmo.

Até porque, como disse, era meio de Agosto, ápice do verão e além do calor escaldante, tudo estava absolutamente lotado na região do Algarve, inclusive as praias. Já no primeiro dia depois do passeio de barco, encontramos a opção de reservar um super guarda-sol com 2 espreguiçadeiras bem confortáveis e foi isso que fizemos todos os dias! O valor era de 15 euros manhã ou tarde, ou 30 euros o dia todo. E por ser uma área mais restrita, acabou que ficamos fora da área mais cheia da praia.

No segundo dia, pegamos um Uber e fomos para a Praia da Marinha, considerada uma das mais bonitas de toda a Europa. A praia é realmente lindíssima! A dica é chegar lá bem cedo para garantir um lugar na areia porque o lugar fica lotado! Pelo menos quando fomos, não havia qualquer estrutura como guarda-sóis ou cadeiras.

Chegamos bem cedo e descemos bem serelepes os cerca de 200 degraus que dão acesso à praia, esticamos nossas cangas e ficamos curtindo o lugar. Mas quando deu 11h, o lugar já estava insuportavelmente apinhado de gente e resolvemos subir os 200 degraus de volta, chamar outro uber e ir para a próxima praia famosa: Carvoeiro.

O motorista do uber nos deu a dica de nos deixar no alto de Carvoeiro, de onde poderíamos ter uma vista belíssima da cidade e depois descer para o centro, ao invés do contrário. Paramos no alto e ficamos maravilhados com aquela vista incrível! Depois descemos e andamos pelo centrinho. Carvoeiro é conhecida como “Little England”, tamanha a quantidade de turistas ingleses. Praticamente todos os restaurantes tinham placas em inglês e vários vendedores nos abordaram já falando em inglês. Obviamente, os preços também eram significativamente mais altos em comparação à Armação.

Chegamos a ir pra praia de Carvoeiro, mas estava tão cheia que acabamos logo voltando pra Armação, de onde não saímos mais até a volta para o aeroporto! hahaha Pra quer ir disputar espaço em praias lotadas, quando poderíamos todos os dias só relaxar em um lugar bem menos movimentado!? Então ficamos por Armação mesmo, usando da estrutura alugada, e frequentando os restaurantes locais, com preços mais que amigos!

Um dos restaurantes que mais gostamos foi o Lobo do Mar, que fica bem perto da praia e tem um bacalhau a brás simplesmente delicioso! Há vários restaurantes na orla da praia, sendo que o prato principal é a sardinha assada. Naturalmente as sardinhas são pescadas por ali mesmo e servidas com batatas cozidas, o que acabou sendo minha opção de almoço praticamente todos os dias no Restaurante o Farol Marisqueira, que fica no calçadão da praia! Outro lugar que batemos ponto foi o Fabio Roadstop, uma lanchonete mais afastada da praia, mas que ficava a 2 quarteirões de onde estávamos hospedados e tinha um hamburguer delicioso!

Como disse no post anterior, chegamos pelo aeroporto de Faro, onde ficamos um dia, e depois fomos de táxi para Armação, que custou algo como 50 euros em uma corrida de aproximadamente 50 minutos/50km. Há ônibus (autocarros) que ligam Faro às cidades pequenas do Algarve, mas optamos pela comodidade do uber/táxi.

Caímos em Armação por acaso, à convite de amigos, e definitivamente foi o pedaço do Algarve que mais gostamos e onde recarregamos nossas energias depois de tanto tempo de confinamento!

Faro

A cidade de Faro é a capital da região do Algarve. Eu nem vou tentar fingir que essa viagem tinha algum cunho cultural porque não tinha mesmo, já que só queríamos curtir uns dias de sol e praia na nossa primeira viagem após vacina e mais de um ano de confinamento! E Faro só entrou no roteiro porque nosso vôo chegava meia-noite e já seria muito tarde para ir para casa dos nossos amigos, onde ficaríamos por uma semana. E ainda bem que foi assim porque simplesmente adoramos a cidade!

O centro histórico é uma delícia de ser explorado, com sua arquitetura medieval, restaurantes com culinária deliciosa e toda a simpatia do povo português!

O que ver em Faro

Fomos direto para o Arco da Vila, umas das entradas da cidade antiga e que ficava a poucos metros do nosso hotel. Mas já no caminho demos de cara com o Palacete Belmarço, que já foi residência da abastada família Belmarço e hoje abriga serviços municpais, sendo um palacetes mais bonitos da região.

O Arco da Vila foi inaugurado em 1812, em cima das “Portas da Rainha”, um dos antigos portões da cidade medieval e dá acesso à Cidade Velha, ou como mais carinhosamente chamado pelos locais, a “Vila-Adentro”. Passando o portão, basta se perder pelas vielas fofinhas, com casinhas medievais ainda em ótimo estado!

Andando mais um pouco logo chegamos à Sé Catedral, ou Igreja de Santa Maria. O local já teria sido uma basílica no passado, que depois foi convertida em mesquita e finalmente convertida em igreja com a reconquista da cidade em 1249.

Dali são também poucos passos até o Arco do Repouso e o Arco da Porta Nova, outras dois portões de entrada para Vila-Adentro. E passando pelo portão logo encontrará o que restou da muralha medieval de Vila-Adentro.

Do lado de fora da muralha, e a menos de 5 minutos dali, fica a Praça e Jardim Manuel Bivar, que há séculos tem sido a principal praça da cidade!

Mas o que estávamos mesmo mais ansiosos para conhecer era a Igreja do Carmo e a Capela dos Ossos! Essa igreja barroca foi fundada em 1713. E como toda igreja barroca, o interior chama a atenção pela quantidade de ouro (obviamente trazido do Brasil!).

Mas o que nos levou mesmo à visitar a Igreja do Carmo foi a Capela dos Ossos, que fica logo anexa. Essa sinistra capela foi construída em 1816, com as ossadas do antigo cemitério. E logo na entrada estão os dizeres “Pára aqui a considerar que a este estado hás-de chegar”.

Embora essa capela fosse bem menor que a Capela dos Ossos de Évora (que eu já postei aqui), achei essa bem mais impactante, por ter ainda mais ossos e não sobrar um centímetro não revestido. São ossos nas paredes, no teto, no altar,… e assim como Évora a ideia era passar a ideia de efemeridade da vida.

Depois dessa experiência um tanto quanto macabra, andamos mais um pouco e caímos na Rua de Santo Antônio, uma das ruas mais bonitas de Faro e que hoje concentra restaurantes e lojinhas de lembrancinhas turísticas, onde ficamos batendo perna até a hora do almoço.

Onde comer em Faro

Já esfomeados, demos uma olhada rápida no google/tripadvisor e resolvemos ir na Tasca do Ricky, há uns 5-10 minutos de caminhada dali. O local tem uma melhores comidas que já provei em Portugal, e isso não é dizer pouco! Contudo, eles atendem apenas casais ou pequenos grupos de até 4 pessoas, justamente para ser uma experiência mais intimista. E com toda simpatia algarviana, o próprio Ricky vai te falar as opções do dia, enquanto a mulher dele faz os preparativos na cozinha! E tudo isso, pelo preço mais camarada possível!

De pança cheia (e já sabendo que não há nenhuma praia perto do centro da cidade), voltamos pro hotel, pegamos nossas malas, chamamos um táxi e 45 minutos depois estávamos em Armação de Pêra, para uma semana de praia no Algarve (tema dos próximos posts!)

Faro na prática

Chegamos em Faro pelo aeroporto da cidade, que fica a 7km do centro da cidade. Uma corrida de táxi custou pouco mais de 10 euros até o hotel, que ficava no centro da cidade.

Ficamos hospedados no Faro Boutique Hotel, que não era lá grandes coisas, já que o quarto era menor que o esperado e um pouco diferente das fotos. Mas custou 87 euros no auge da alta temporada, tinha ar condicionado e ficava colado no centro histórico. Além disso, como chegamos quase 1h da manhã e logo cedo já deixamos nossas malas na recepção para irmos passear antes de seguirmos para outra cidade, também não fez diferença. Tomamos café da manhã na Pastelaria (padaria) Coelho, praticamente de frente para o hotel.

Do hotel para o interior do Algarve pagamos cerca de 50 euros na corrida de táxi.

Para quem já estiver em Portugal, há trens (comboios) de alta velocidade para Faro, com passagens baratas se compradas com antecedência, e trens regionais para algumas das cidades praianas do Algarve. As passagens de trem podem ser compradas diretamente nesse link. Há também ônibus (autocarros) que partem de Lisboa para Faro, bem como de Faro para as cidades menores.

Roteiro em Porto

Apesar de já ter visitado Portugal algumas vezes, eu ainda não conhecia o Porto. Mas já na chegada de trem, caí de amores à primeira vista! A cidade é tão antiga e ao mesmo tempo tão dinâmica e colorida, que pra mim é um dos melhores lugares da Europa para realmente se ver o Velho Mundo. Acrescente à isso um povo acolhedor, culinária maravilhosa, vinho excelente, um lugar barato e ensolarado (para o meu padrão luxemburguês), e não tem como não ser uma viagem incrível!

São séculos de história, afinal é a cidade que deu seu próprio nome ao país, quando ainda na época dos romanos se chamava Portus Cale. Mais tarde a cidade seria a capital do Condado Portucalense, que depois de se expandir acabou formando Portugal (Portucale).

E mais do que correr de um ponto turístico a outro, eu recomendo simplesmente passear pelas margens do Douro, andar pela Foz, aproveitar a culinária e o vinho, e realmente vivenciar Porto! Mas ainda assim vou escrever agora o roteiro que fizemos e que cobriu quase todos os pontos turísticos principais em apenas um dia.

Como estávamos hospedados em frente à Igreja de Santo Ildefonso, foi por ali mesmo que começamos. A igreja fica na Praça da Batalha e foi reconstruída em estilo barroco a partir de 1730, já que a original estava em ruínas. Ela é toda revestida de azulejos azuis e também vale a pena dar uma olhada por dentro.

A 500m dali fica a Capela das Almas, também chamada de Capela de Santa Catarina, e que chama atenção são os quase 16 mil azulejos que cobrem a fachada da capela! A capela fica bem perto do Mercado do Bolhão, tradicional mercado de Porto.

A Capela fica ainda Rua Santa Catarina, uma rua comercial bem famosa, cheia de lojas com marcas conhecidas, produtos locais, bem como cafés e restaurantes. Nessa rua fica o Café Majestic que foi inaugurado em 1921 e é um dos cafés mais tradicionais de Portugal. Confesso que pra mim que já fui inúmeras vezes na Confeitaria Colombo no centro do Rio de Janeiro, o café não foi tão surpreendente assim!

Dali fomos para a Praça da Liberdade, que é considerada o coração da cidade de Porto. A praça tem edifícios antigos e lindos em volta, como a Câmara Municipal, o Banco de Portugal e o antigo Palácio das Cardosas (que foi convertido em hotel). Bem no meio da praça tem uma estátua em homenagem à D. Pedro IV (nosso D. Pedro I). Vale a pena dar uma olhada no McDonald’s instalado onde era antes o antigo Café Imperial, e que é chamado de o “McDonalds mais bonito do mundo”.

A poucos passos da Praça da Liberdade já fica a emblemática Estação São Bento. Oficialmente inaugurada em 1916, a estação é um dos mais importantes monumentos da cidade, sendo especialmente admirada pelo seu interior. O saguão da estação conta com painéis de azulejos que ocupam mais de 500m2 (e mais de 20 mil azulejos!) e que retratam momentos importantes da história portuguesa.

Mais alguns poucos quarteirões ladeira acima e chegamos na Sé do Porto. A catedral fica em um dos pontos mais altos da cidade e só por isso já vale a visita! Do largo da igreja temos uma bela vista de toda a área da Ribeira, com telhados vermelhos e casas coloridas que são tão típicos de Portugal.

Não bastasse isso, a Sé é um dos monumentos mais antigos do país. A igreja foi fundado no início do século 12, tendo passado por diversas alterações nos séculos seguintes, resultando em uma igreja que mistura diversos estilos arquitetônicos!

Dali fomos ladeira abaixo e acima para outra igreja: a Torre dos Clérigos, que é outro cartão postal da cidade! O complexo reúne 3 edifícios: a Igreja dos Clérigos, a Torre dos Clérigos e a Casa da Irmandade. Com certeza, a atração principal é a Torre de 75 metros que foi construída apenas para tocar o sino e servir de “relógio”, mas que acabou sendo usada para auxiliar na navegação e como ponto estratégico militar. Hoje é aberta ao público e dá uma vista 360 graus da cidade, mas é necessário subir uma escada estreita de 200 degraus!

Cortamos o Jardim das Oliveiras (ideal pra um descanso depois do sobe e desce!) e chegamos na Livraria Lello, um dos pontos turísticos mais badalados de Porto. A livraria que foi inaugurada em 1906, é uma das mais antigas de Portugal e uma das mais bonitas que já visitei.

Com vitrais no teto, livros raros, estantes de madeira e uma escadaria linda, a livraria já poderia atrair leitores do mundo todo. Mas boatos de que J.K. Rowling teria se inspirado na livraria para descrever as escadas de Hogwarts, fizeram com que a livraria acabasse sendo conhecida como “a livraria do Harry Potter”. E por mais que a autora tenha desmentido os boatos, um monte de gente aparece por lá pra conhecer as “escadas de Hogwarts”.

O resultado é que o lugar está sempre MUITO cheio! Mesmo quando fomos estava lotado, mesmo sendo no meio da semana na baixa temporada! O valor da entrada custa 5 euros por pessoa, mas que são descontados na compra de qualquer livro.

Bem perto da livraria também fica a Igreja do Carmo e Igreja das Carmelitas. Como uma fica bem ao lado da outra, parecem ser uma igreja só quando na verdade são duas!

Resolvemos pegar um uber e voltar pro hotel em uma corrida que não deu nem 5 euros. Depois de descansar um pouco, pegamos outro uber e fomos pra Ponte D. Luís I ver o pôr-do-sol em outra corrida que também não deu mais do que 4 euros!

A Ponte D. Luís I talvez seja o principal cartão postal de Porto, ligando o Porto à cidade de Vila Nova de Gaia, do outro lado do Rio Douro. É um dos melhores pontos para se ver o pôr-do-sol sob o Rio Douro, que ganhou justamente esse nome por adquirir cores douradas no momento em que o sol se põe!

Do lado de Porto, fica a Ribeira, famosa pelas construções coloridas, umas coladas nas outras, restaurantes e bares. É um ótimo lugar pra se passar o fim da tarde.

E do outro, fica a cidade de Vila Nova de Gaia, onde estão as caves de vinho. Por incrível que pareça, o famoso Vinho do Porto é na verdade produzido/armazenado em Vila Nova de Gaia. E bem ali nas margens do rio ficam diversas caves, como a Sandeman, Ferreira, Graham, Taylor, etc. Algumas delas contam com mais de 2 séculos de história. E todas produzem o famoso “vinho do Porto”, que é um vinho naturalmente mais doce, sendo normalmente consumido com petiscos, ou na sobremesa ou à tarde.

Eu havia reservado com antecedência um tour guiado na Calém, mas nem precisava reservar com antecedência. Basta chegar e ver qual o próximo tour. A visita guiada pela cave dura cerca de 1h, onde o guia explica como a cave surgiu, sobre o processo de colheita e produção do vinho e finalmente temos a degustação!

O valor da entrada é de 14 euros para degustação de 2 taças linha comum ou 17 euros para degustação de 3 taças de vinho envelhecido. Escolhemos o de 3 com Branco, Ruby e Tawny e foi a melhor parte do passeio!

Depois da degustação andamos pelas margens de Gaia, onde assim como do lado de lá na Ribeira, há também vários bares e restaurantes. Escolhemos um onde tomamos mais vinho e jantamos, com vista para o Douro.

No nosso segundo dia em Porto, pegamos um uber e fomos direto para a Foz do Douro, o local onde o rio se encontra com o mar.

Fomos direto para o Forte de São Vicente, também chamado de Castelo de São João da Foz, que foi construído em 1557, residência da poetisa Florbela Espanca e hoje é a sede do Instituto de Defesa Nacional. Bem em frente ao Forte, fica o Farolim das Felgueiras, um antigo farol que marca justamente o ponto onde o mar e o rio se encontram.

E bem ao lado de ambos fica o Jardim do Passeio Alegre, um agradável jardim de onde também se tem a vista da Foz do Douro. Andamos um pouco pelo jardim e seguimos andando sem muito compromisso pelas margens do Rio Douro pelo resto da manhã.

Pegamos outro táxi e almoçamos o prato típico da cidade: Francesinha. É basicamente um sanduíche gigante que vai de tudo dentro: linguiça, salsicha, bife, presunto e queijo. Tudo isso envolto em molho picante ao vinho do porto, com um ovo e acompanhado de batatas fritas!

Depois de quase morrer de tanto comer, ficamos pelo centro mesmo, andando pelas lojas e fazendo compras. Passamos pela Fábrica da Nata, uma pastelaria que faz pastéis de nata maravilhosos. Para mim são tão bons quanto os famosos Pastéis de Belém e há uma unidade na Rua Santa Catarina. Eu já fiz um post falando da Fábrica da Nata, quando dei dicas de onde comer em Lisboa.

Por fim, gostamos tanto do passeio do dia anterior, que novamente terminamos o dia indo vendo o pôr-do-sol em Vila Nova de Gaia. Dessa vez, cruzamos a ponte e jantamos na Ribeira, novamente com muito vinho para acompanhar.

Porto na prática

Chegamos em Porto vindos de trem de Coimbra pagando apenas 6 euros a passagem no trem rápido, e eu já contei lá no post de Coimbra como comprar e como fizemos.

Passamos 3 dias inteiros em Porto, excluindo o dia da chegada (que acabamos ficando pelo hotel) e da volta (já que saímos e fomos embora cedo). Nos dois primeiros dias fizemos o roteiro acima que foi mais que o suficiente pra conhecer o principal de Porto e no terceiro resolvemos fazer um bate e volta.

Estávamos mais interessados em ir para a região do Douro, conhecer alguma vinícola, mas como era inverno, acabamos optando por ir pra Braga e Guimarães, e eu já escrevi tudo sobre essas cidades históricas nesse post aqui. Além desses lugares, se você tiver mais tempo pela cidade outras opções são Aveiro (“a Veneza de Portugal”) e Santiago da Compostela (cidade de peregrinação na Espanha).

Ficamos hospedados no Mercure Porto Centro Catarina, que fica numa área próxima de tudo, podendo se fazer muita coisa à pé, mas sem ser barulhento e o preço estava ótimo quando fomos. O hotel era super confortável e o café da manhã bem farto.

O Aeroporto fica um pouco mais afastado, mas é de bem fácil acesso. Há uma linha do metrô que conecta o centro da cidade ao aeroporto. Para pegar nosso vôo, chamamos um táxi e a corrida deu 25-30 euros. O uber saía uns 15 euros, mas precisávamos de um carro maior para caber 3 malas grandes.

Um dia em Guimarães e Braga

Como já tínhamos conhecido o principal de Porto, resolvemos tirar um dia pra fazer um bate e volta e resolvemos ir conhecer as duas das cidades históricas mais antigas de Portugal: Guimarães e Braga. Distantes 20 minutos uma da outra, ambas ficam a menos de 1h de carro de Porto e dão um bate e volta bem redondinho.

Guimarães

Começamos nosso passeio por Guimarães, conhecida como “Cidade Berço”, pois foi ali que Portugal surgiu como um país independente e onde nasceu D. Afonso Henriques, seu primeiro rei. E nossa primeira parada foi onde tudo isso aconteceu: no Castelo de Guimarães.

No século X, a área onde hoje fica Guimarães era uma grande propriedade rural da Condessa Mumadona, que resolveu ali construir um mosteiro. E pra proteger o mosteiro tanto dos ataques dos mouros que vinham pelo sul, quanto dos normandos que vinham pelo norte, decidiu que construiria ali um castelo também. Cerca de um século depois, o local tinha crescido e foi dado à D. Teresa, que era filha do rei castelhano Afonso VI de Leão, quando ela se casou com o Conde D. Henrique. Foi então que o castelo passou por muitas transformações, sendo quase que refeito.

Também foi ali no castelo nasceu D. Afonso Henriques, que viria a se tornar o primeiro rei de Portugal. Após a morte de seu pai, D. Afonso Henriques se rebelou e entrou em guerra contra sua mãe, que queria anexar o Condado Portucalense novamente à Galícia. E foi ali mesmo nas muralhas do castelo que se deu o embate entre as forças de D. Teresa contra as de seu filho D. Afonso.

Saindo vitorioso do conflito, D. Afonso declarou a independência do Condado Portucalense, nascendo Portugal como uma nação independente. Mais tarde, conseguiu expulsar os mouros que ocupavam todo o centro e sul do país. Morreu depois de já ter unificado o país e recebido o título papal de soberano, ficando conhecido como “Afonso, o Conquistador”.

Com o tempo a família real se mudou para Coimbra, que se tornou a primeira capital do Reinado de Portugal, mas o castelo continuou pertencendo à família real e sendo estratégico para defesa do país. Séculos depois, acabou sendo esquecido, caindo em ruínas e quase foi demolido. Hoje, restaurado, é reconhecido como uma das 7 maravilhas de Portugal e o lugar onde o país nasceu.

Bem ao lado do castelo fica a capela São Miguel do Castelo, local onde D. Afonso teria sido batizado. Inclusive a pia batismal ainda está lá de pé, bem perto da entrada da capela.

No complexo também se encontra o Paço dos Duques de Bragança, um palácio construído no século XV, que acabou se tornando quartel militar na época da invasão napoleônica e depois palácio presidencial. Hoje ainda é usado como residência oficial do Presidente quando esse se encontra no norte do país.

O palácio tem algumas salas abertas para visitação, com algumas exposições como tapeçarias, mobiliário e salas de armas.

Mais interessante, diz a lenda que ali viveu a Rainha Catarina de Bragança, que tinha como costume sempre tomar chá ao fim da tarde. Ao se casar com Rei Charles II da Inglaterra acabou levando esse hábito com ela. Acabou virando moda entre a aristocracia inglesa sempre tomar chá às 5h, surgindo assim um dos maiores costumes ingleses até hoje! Por isso, uma das salas do Paço dos Duques é dedicado a ela.

O valor da entrada é 2 euros para o Castelo ou 5 euros para o Paço dos Duques, e comprando ambos ingressos juntos a entrada ao complexo sai por 6 euros.

Dali seguimos para o centro histórico, que não fica nem a 10 minutos à pé do complexo do Paço dos Duques. O centro histórico é bem pequeno e não tem como se perder!

Basta dar uma voltinha e pronto: já estará de volta no Largo da Oliveira, que ganhou esse nome justamente por ter tido uma oliveira ali plantada supostamente trazida por um santo. A árvore teria sido secado e depois renascido ao contato de uma cruz, tendo considerado um milagre. Foi então que a Praça Maior passou a se chamar Largo da Oliveira e que a igreja passou a ser chamada de Igreja de Nossa Senhora da Oliveira.

A dois passos dali fica a Praça de Santiago, onde reza a lenda que o apóstolo Tiago teria trazido uma imagem de Santa Maria e deixado em um templo pagão, trazendo o cristianismo para Portugal. A igreja feita em sua homenagem já não existe mais, mas a praça ainda assim tem vários outros edifícios medievais.

Ali perto também fica a Igreja de Nossa Senhora da Consolação, mandada construir no século XVI, e é a maior e mais importante da cidade. A igreja tem um bonito jardim em frente.

E entre ruas e casinhas medievais, há um pedacinho da antiga muralha, com os dizeres “Aqui nasceu Portugal”, ressaltando a importância histórica da cidade na história do país.

Encerramos nossa manhã nesse ponto e antes de irmos para Braga passamos pelo Santuário da Penha, que fica a uns 15 minutos de carro do centro de Guimarães. O local tem uma pequena igreja, mas o que atrai mesmo as pessoas é a vista que se tem de lá: além de Guimarães, é possível ver toda a região.

Braga

Braga foi nossa segunda cidade e o que mais me lembro é a quantidade absurda de igrejas! Para todo lado que se olhe, tem sempre uma igreja! São dezenas de igrejas e capelas. E justamente por ter tantas igrejas e praças, a cidade ficou conhecida como Roma Portuguesa, atraindo milhares de fiéis todos os anos.

Mas Braga vai além das (muitas) igrejas, já que é a cidade mais antiga de Portugal, tendo sido fundada ainda na Roma Antiga, em 16 a.C., sendo então chamada de Bracara Augusta. Hoje é a terceira maior cidade do país e é chamada de “Cidade da Juventude” (apesar dos mais de 2mil anos de história), por ser uma das cidades mais movimentadas e com mais jovens em Portugal.

Mas apesar de ser uma cidade maior, o centro antigo é bem compacto e fácil de andar e quase todos os pontos turísticos ficam concentrados ali, a poucos metros uns dos outros.

Começamos pelo Paço Arquiepiscopal, um palácio feito para os Arcebispos de Braga. Ao longo dos séculos, o complexo foi sendo reformado e aumentado, mas a parte mais bonita e icônica é a sua parte mais antiga que se chama Paço Medieval de Braga. Erguido no século XIV, o Paço Medieval se encontra bem em frente ao Jardim de Santa Bárbara.

Logo em frente se encontra a Câmara Municipal de Braga. O local é também conhecido como Paço do Concelho de Braga e teve a construção iniciada em 1754.

E a um quarteirão dali já fica a Sé de Braga, sendo a igreja mais antiga da cidade, com início da construção no século XI (e que foi construída por cima de um antigo edifício romano, aproveitando-se a fundação!). Ali foram enterrados os pais de D. Afonso I, o primeiro rei de Portugal.

Dali decidimos só andar pelo centro, sem um roteiro muito bem definido, apenas andando pelas ruas e parando em uma ou outra igreja, como a Igreja de Santa Cruz de 1625, até chegar na Torre de Menagem, que é tudo que sobrou do antigo Castelo de Braga.

Bem perto da Torre de Menagem paramos para almoçar no Restaurante Silvas, um restaurante bem acolhedor, simples e pequeno, onde se come no balcão (pelo menos quando fomos porque era inverno e a parte externa estava fechada), apenas se apontando o que se quer dentre as opções de pratos do dia. O dono era bem simpático, os pratos deliciosos e super barato. E as sobremesas eram de comer rezando também!

Depois de almoçar, demos mais umas voltinhas pelo centro, passando por outras praças e ruas nas redondezas antes de seguirmos para o Santuário do Bom Jesus.

Nossa última parada foi no principal ponto turístico de Braga: o Santuário de Bom Jesus do Monte. Esse Santuário fica a uns 15 minutos de carro do centro de Braga e é Patrimônio Mundial da Unesco. O local atrai centenas de turistas diariamente, sendo o segundo centro religioso mais visitado de Portugal (ficando apenas atrás do Santuário de Fátima).

Embora outras capelas tenham sido construídas no local anteriormente, o Santuário teve sua construção iniciada em 1722. O complexo hoje abriga a Basílica de Bom Jesus, as escadarias (escadórios) e um parque.

A Basílica de Bom Jesus fica bem no topo da colina e foi construída em estilo barroco a partir de 1784. E para se chegar lá em cima, basta subir os 581 degraus do Escadório!

Pra quem não tiver esse pique: saiba que há um teleférico que custa 2 euros ida e volta (ou 1,20 uma perna) e que te leva direto lá em cima. Como fomos em passeio privado, nosso guia primeiro nos levou na base e depois nos deixou direto na parte alta.

Mas pra quem tem mais ânimo, as escadarias são super bonitas e pode valer a pena pelo menos a descida! Os Escadórios estão divididos em Escadório do Pórtico, que é o primeiro trecho; Escadório dos Cinco Sentidos, com cinco lances de escadas com as Fontes da Visão, Audição, Olfato, Paladar e Tato; e o Escadório das Três Virtudes, com outras 3 fontes: Fé, Esperança e Caridade.

Por fim, o parque é todo arborizado e muito agradável, e caiu super bem como nosso fim de programa. E como o Santuário fica bem no topo de uma colina, de qualquer lugar do parque a vista da região é muito bonita!

O Santuário abre diariamente. A entrada e o estacionamento são gratuitos.

Bate e volta na prática

Como disse antes, nós optamos por fazer um passeio privado, que eu recomendo mais ou menos. Utilizamos a empresa Be Driven, que eu reservei pelo TripAdvisor na véspera. O motorista foi pontual e o valor foi 200 euros (o menor valor que encontrei) e o carro era super confortável e novo. De negativo, foi que o senhor que nos pegou estava sempre apressado e um tanto mal humorado. Além disso, não houve muita flexibilidade e antes mesmo de descermos em algum lugar já dizia algo como “parada de 5 minutos aqui”. Toda a ideia de um passeio privado é justamente poder fazer as coisas no seu próprio ritmo, sem se sentir nem apressado em alguns lugares ou que passou tempo demais em outro. Mas a correria foi tanta que até chegamos um pouco antes do previsto no nosso hotel!

No entanto, como na época o David ainda estava se recuperando de uma cirurgia no joelho e minha mãe também não podia fazer muito esforço, o passeio privado foi a melhor opção para conhecer as 2 cidades em um só dia. E essa empresa era a única com bom preço que tinha disponibilidade reservando na véspera. No fim, também realmente foi bem mais cômodo do que alugar carro/buscar carro/devolver carro para apenas um dia.

Para quem preferir fazer por conta por transporte público, há opção de trem e ônibus tanto para Braga quanto para Guimarães. Entre ambas a única opção é o ônibus, em um trajeto de 30 minutos. Mas para fazer ambas usando o transporte público em um dia só é preciso sair bem cedo e pode ficar corrido. Talvez seja melhor escolher apenas uma nesse caso.