Varsóvia na prática

Nós fizemos uma viagem curta, chegando na sexta a noite e já partindo na segunda de manhā. Voamos a partir de Bruxelas pela Ryanair.Varsóvia tem dois aeroportos, o Chopin e o Modlin.

O Modlin é o mais distante do centro da cidade, levando cerca de 40-45 minutos. Como fomos com uma low-cost, claro que desembarcamos no Modlin. Fuçando na internet, além da opçāo de ônibus que sai de lá e vai para o centro, encontrei um transfer particular e resolvi contratar na ida e na volta. O nome da empresa é  Abeverest. No horário marcado o motorista estava nos esperando com meu nome. Foi o mais barato que encontrei, custando 25 euros cada perna ou 100 zlotys. A moeda lá é o Zloty. 1 euro dava pouco mais de 4 zlotys.

Ficamos hospedados no Hotel Mercure Warszawa Grand. O hotel era muito bom e foi o melhor mercure que já ficamos. Optamos pelo quarto privilege, já que eu tinha pontos acumulados da Accor e saiu quase que de graça a estadia. Mas lembro que esse hotel mesmo sem o desconto estava saindo pela bagatela de menos de 50 euros.

Nāo usamos transporte público, embora tenha lido que fosse muito bom. Fizemos absolutamente tudo a pé nos 2 dias inteiros que ficamos lá.

Embora o polaco seja a língua oficial e comumente falada, muitos falam inglês, especialmente nos locais mais turísticos.

Restaurante Zapiecek

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A maioria dos viajantes e blogueiros, gostam de restaurantes típicos escondidos no meio do nada e que nāo sāo lá muito voltado pra turistas. Nós também somos mais ou menos assim. Mas quer saber: por que nāo tentar também algo já na cara do gol das principais atraçōes!?

Foi assim que, depois de andar muito e esfomeados, bem no meio do centrāo turístico, encontramos o Restaurante Zapiecek, que estava inclusive com uma filinha. Pensamos: ah por que nāo!? Mesmo que a comida nāo seja lá das melhores, pelo menos estaremos descansando as pernas numa tarde ensolarada de frente aos principais monumentos!

Mas nāo só a localizaçāo era perfeita, como a comida era maravilhosa, o atendimento era muito bom e os preços tb eram beeeem tranquilos! Entāo, fica como dica. Eles tem 7 unidades pela cidade. Sāo bem tradicionais pelos pierogis,o shot mad dog e a limonada de maçā com hortelā. Provamos tudo, claro! E era tudo de comer rezando! Tanto que depois voltamos mais duas vezes!

Varsóvia na 2ª Guerra Mundial e no pós-guerra

Como disse no post anterior, o que mais me impressionou na Polônia foi sua história de reerguimento e seu próprio povo. Pode-se dizer que a principal característica dos poloneses é a força com que enfrentam as adversidades.

Como também disse, em boa parte da viagem me vinham à tona lembranças de filmes e livros que retrataram a 2ª Guerra Mundial lá. Talvez o mais me despertou toda sorte de reflexões foi “O Pianista”. Foi difïcil nāo andar por aquele centro histórico lindo, que hoje está como na primeira foto abaixo, mas que já esteve como na segunda foto.

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A todo momento, viamos monumentos que lembravam o Grande Levante, ou algo da invasāo nazista. Afinal, o marco do início da 2ª Guerra foi justamente a invasāo da Polônia. Em 1939, Varsóvia contava com mais de 1 milhāo de habitantes, dos quais 35% eram judeus.

Para manter a ordem e evitar insurreições, fazia parte da tática nazista manter a calma. Foi assim que disseram aos judeus que estavam construindo um bairro novo para o qual deveriam todos se mudarem. Claro que tratava-se do famoso Gueto de Varsóvia, local em que foram confinados inicialmente antes de serem enviados para o campo de concentraçāo de Auschwitz. Ainda hoje é possível encontrar restos do muro que separava o gueto da cidade.

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O que mais se destaca é que, 1943, os poloneses se insurgiram contra a Alemanha Nazi, no que ficou conhecido como o Levante de Varsóvia. No fim, eles se renderam. Mas quem poderia imaginar uma resistência tāo forte!? Homens, mulheres e crianças se uniram para tentar libertar a cidade.

Um dos famosos monumentos é o da criança soldado, inspirado na história real de um garoto de 13 anos que serviu de mensageiro e atuou na linha de frente das tropas, sendo morto. Assim como tantos outros.

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Infelizmente, após a rendiçāo dos poloneses, foi determinada a destruiçāo total da cidade. As tropas alemās foram destruindo quarteirāo por quarteirāo sistematicamente, até que nāo sobrasse praticamente nada. A ordem era que nāo sobrasse uma pedra em pé. nada foi poupado, nem mesmo as árvores, levando a cidade a um estado de completa ruína.

Tanto é assim que, após a guerra, um general russo relatando à Stalin o estado da cidade afirmou que havia visto muitas cidades destruídas, mas que nunca havia visto tanta destruiçāo.

Foi somente depois da “Libertaçāo” pelo Exército Vermelho que a cidade passou a ser reconstruída. Na verdade, o que aconteceu é que os russos também usaram uma técnica bem suja. O Exército Vermelho já se encontrava nas bordas da cidade, mas foi só quando esta foi massacrada e os nazistas começaram a voltar para Berlim, que eles adentraram a cidade. Quando poderiam tê-lo feito antes e evitado muitas mortes.

Logo começaria o período comunista lá, pessoalmente instalado o sistema por Stalin, muito embora a Polônia nunca tenha se juntado à Uniāo Soviética. Muitas atrocidades também foram cometidas durante todo o período, mas o regime comunista utilizava-se da propaganda como forma de  espalhar a ideologia. Sendo assim, um esforço para reconstruir a cidade foi feito e muitos dos prédios tinham a característica da grandiosidade socialista. Exemplo disso, é o Palácio da Cultura, um arranha-céu de 231 metros de altura.

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A Polônia muito sofreu com o regime comunista. Por isso, o Palácio da Cultura até hoje é alvo de muita polêmica. Muitos monumentos e prédios construídos pelos soviéticos estāo sendo demolidos e, nāo raro, surgem vozes a favor da derrubada desse prédio também. Todavia, aparentemente, está certo que esse será um dos prédios que serāo mantidos. Convenhamos, é um landmark lindíssimo e que merece ficar como está!

Stare Miasto

Inicio o post dizendo que a Polônia nunca foi um dos países que eu quisesse conhecer o mais rápido possível. No entanto, como me encantou e valeu demais a visita!

Infelizmente, foi uma viagem corrida, entāo só deu tempo de conhecer Varsóvia – o que significa que voltaremos para conhecer a Cracóvia em algum momento! Nāo há nada que eu nāo tenha gostado de lá. O povo alegre e forte, a comida maravilhosa, a cidade tāo bem cuidada e a infra-estrutura ao turismo sāo ótimos motivos para conhecer o lugar!

Contudo, o que mais me marcou nessa viagem foi o lado histórico. Afinal, de todos os países na 2ª Guerra Mundial a Polônia foi um dos mais destruídos e que mais perdeu vidas. Para mim era impossível andar pelas ruas de Varsóvia e nāo lembrar, a quase todo instante, do filme “O Pianista” e de tantos outros relatos. Todavia, essa cidade que outrora sofreu tanto, hoje tem uma vida pulsante.

Exemplo disso, é a cidade velha (Stare Miasto). Inclusive, boa parte das atrações se encontra nessa parte da cidade. O centro histórico foi completamente reconstruído, já que havia sido todo destruído durante a 2ª Guerra Mundial. E hoje é uma parte viva e bonita da cidade, repleta de turistas.

Muito embora esse centro histórico lindo pareça antiguissimo, na verdade ele é super recente. A parte histórica foi completamente reconstruída a partir de pinturas e fotos antigas, tal qual era antes da 2a Guerra.

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Exemplo disso, é a Igreja da Cruz Sagrada que foi reconstruída a partir dessa pintura. Além disso, o curioso dessa igreja é que nela ainda está o coraçāo de Chopin. Aparentemente, o compositor tinha medo de ser enterrado vivo e fez esse estranho pedido: que tirassem seu coraçāo para que garantissem que o falecimento acontecera antes do enterro.

Outro exemplo é a Igreja das Carmelitas:

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Assim, pouco a pouco, tijolo por tijolo, de pintura em pintura, a cidade foi ressurgindo tal qual era. Isso mostra um pouco o espírito dos poloneses: um povo que luta contra as adversidades e as supera.

Próximo de tais igrejas, encontra-se o monumento dedicado a Nicolau Copérnico, com todo o sistema solar no chāo. Assim como Chopin, também era polonês. Copérnico foi aquele que fundou a astronomia moderna ao afirmar que a Terra que girava em torno do Sol, e nāo o contrário. Olha o David aí pisando na Terra!

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Falando em Chopin, a cidade respira música clássica e é possível encontrar recitais abertos ao público no centro histórico e no parque. Uma delícia deitar na grama e ouvir um pianista tocando!

Mas continuando a falar do centro, passamos um dia inteiro apenas passeando por lá! É bem no centro que também se encontra o Palácio Presidencial.

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Enfim, nesse lado da cidade o que nāo faltam sāo prédios bonitos e muita história!

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