Florença é a capital da Região da Toscana, que é uma das regiões mais bonitas da Itália. E embora Florença seja mesmo uma das cidades mais bonitas da Itália, a região da Toscana pode te surpreender mais ainda!
Poucas experiências de viagem pela Itália podem ser mais prazerosas do que pegar estradinhas cheias de vinhas e ciprestes até chegar na próxima cidadezinha medieval! Com certeza, uma das melhores experiências de turismo “rural chique” que alguém pode ter!
A região inclui cidades como San Gimignano, Siena, Pisa, Lucca, Arezzo, Montepulciano, Montalcino e muitas outras, que podem tanto render um ou mais bate-e-volta a partir de Florença, como podem fácil de tornar um road trip de uma semana! No nosso caso, só tínhamos um dia disponível e aproveitamos pra conhecer San Gimignano, Siena, Monteriggioni e mais uma vinícola em Lornano!
Monteriggioni
O medieval vilarejo de Monteriggioni foi nossa primeira parada no caminho entre Florença e Siena. A cidade fica no alto de uma colina e é ainda fortificada. O local parece ter parado no tempo e saído diretamente das páginas da Divina Comédia, obra em que Dante Alighieri séculos atrás já descrevia a estonteante muralha com suas 12 torres. Dos tempos de Alighieri pra cá pouco mudou: Monteriggioni continua com suas torres, cercada pela muralha e completamente medieval. Não é a toa que cenas de vários filmes foram gravados lá, inclusive O Gladiador.
Monteriggioni foi construída no século XIII pelos governantes de Siena, inimigos de Florença, como uma fortaleza no caminho entre Florença e Siena, e que deveria ser capaz de barrar os florentinos, ou de pelo menos atrasá-los. Com o tempo, e principalmente com a ascensão da Família Médici, a fortaleza acabou nas mãos de Florença.
Vale a pena comprar o ingresso e dar a volta pela muralha (mas você não caminha na muralha propriamente dita, mas numa plataforma elevada adjacente). A vista que se tem é fantástica, com ciprestes e vinhedos a perder de vista!
Fora isso, o que se tem pra fazer é caminhar pelas ruelas estreitas e de pedra, visitar a igrejinha,… Nós passamos menos de uma hora lá e foi o suficiente para visitar a igreja, subir a muralha, andar pela cidade e pegar a estrada de novo.
Siena
Nossa próxima parada foi Siena, também uma cidade medieval e também construída sobre colinas. Siena chegou ao seu apogeu no século XIII, o que levou ao desenvolvimento da arte e da arquitetura. Mesmo a universidade da cidade foi fundada em 1240. A Peste Negra matou metade da população, levando ao declínio da cidade, que ficou sem se desenvolver por séculos. Assim, mal viu o movimento renascentista e, por isso mesmo, as construções medievais se mantiveram quase que intactas até hoje.
O marco principal da cidade é a Piazza del Campo, também conhecida com Il Campo. A praça em forma de concha abriga o Palazzo Pubblico, além de muitos bares e restaurantes. Na praça também acontece em julho e agosto o Palio, que é uma corrida de cavalos tradicional, que começou na Idade Média e continua até hoje.
O Palazzo Pubblico é um edifício de arquitetura medieval e gótica foi construído em 1297 e serviu como sede do governo da cidade desde aquela época até hoje.
Adjacente ao palácio está a Torre del Mangia, que tem 102m e já foi uma das torres mais altas na Idade Média. Curiosamente, a torre recebeu esse nome em “homenagem” ao primeiro vigia que gastava todo seu ordenado em comida (mangia do verbo “mangiare” = comer). A torre é aberta à visitações pra quem quiser subir todos os 505 degraus!
Ainda na Piazza del Campo, a caminho da Catedral, você encontra a Fonte Gaia. Essa fonte foi construída a partir de 1342 e em 1858 teve suas esculturas originais substituídas por réplicas para preservação.
A cerca de 200m da Piazza del Campo está a Cattedrale di Santa Maria Assunta, ou simplesmente Duomo. A catedral que começou a ser construída no século XII é um exemplo da arquitetura românica-gótica italiana.
Na época do Renascentismo, a Duomo recebeu afrescos feitos por pintores renascentistas no seu interior, que se juntaram à rica decoração que já tinha. Vale a pena entrar nessa igreja e conferir!
Paredes da Duomo Teto da Duomo
O único empecilho pra visita no verão pode ser a roupa. É proibido entrar com roupas curtas, ou blusas sem manga. Se o problema for só a manga eles te dão esse treco de TNT pra usar, mas se o problema for o cumprimento da roupa, a entrada não é permitida (mesmo com ingresso comprado).
É possível visitar o domo da igreja (chamado de Porta del Cielo, ou Porta do Céu), mas aí tem que comprar um ingresso separado.Ao lado da igreja, fica o Battistero di San Giovanni, também em estilo gótico e também muito decorado, mas que também exige outro ingresso para entrada.
Fora isso a cidade conta com alguns museus e outro palácio, mas o legal mesmo é andar por suas ruelas e aproveitar essa cidade medieval ainda tão bem preservada.
Siena realmente é uma cidade medieval realmente muito bonita e eu acho que vale mesmo muito a pena passar uma manhã ou uma tarde por lá, se estiver na região! No nosso caso, passamos cerca de 2hs e seguimos pro nosso próximo destino.
Chianti em Lornano
A região da Toscana produz o vinho Chianti, um queridinho não só dos italianos, como de apreciadores de vinho em geral. No caminho entre Florença e Siena, o que não faltam são vinícolas produtoras de vinho. Muitas oferecem tours, privados ou em grupo. É possível até se hospedar em algumas delas.
Nossa parada foi na vinícola Fattoria Lornano, que é uma associação de produtores do vinho Chianti do pequeno vilarejo de Lornano, que conta com apenas 87 habitantes!
Na vinícola eles explicam todo o processo de fabricação do Chianti, mostram os celeiros e te levam pra melhor parte: a degustação. Provamos 4 tipos de Chianti, incluindo o famoso vinho Chianti Classico e Chianti Classico Riserva.
Se me lembro bem, havia a opção de degustação acompanhada de queijos e azeitonas também da região. E acho que eles também ofereciam hospedagem.
Além de conhecer a vinícola e provar o Chianti, o local em si é o “clichê toscano”: muitas flores, muitas videiras, muitos ciprestes a perder de vista sob o sol da toscana.
San Gimignano
Nossa terceira cidade medieval e último destino do dia foi a belíssima San Gimignano, que é outra jóia da Toscana. A cidade que é chamada de Manhattan Medieval conta hoje com 14 torres, remanescentes das 72 torres que já teve na Idade Média. Era a forma na época de se demonstrar poder e riqueza.
Tal qual sua vizinha Siena, a Peste Negra trouxe o declínio a próspera cidade, que também acabou nas mãos de Florença. Muitas de suas torres foram então destruídas ou reduzidas ao tamanho das casas. Pouco aconteceu depois disso e a cidade caiu no esquecimento por séculos até reaparecer no cenário turístico e cultural da região.
Assim como Monteriggioni, a cidade é ainda murada e a vista dos muros da cidade é aquela que a gente já pode esperar da Toscana: vinhas e ciprestes por todo horizonte!
Um dos pontos turístico mais importantes é a Collegiata, também chamada de Basilica di Santa Maria Assunta, ou Duomo. A catedral é do século XI e ainda tem afrescos originais da época. Outro é Palazzo Communale, que é desde o século XIII o prédio do governo local.
Mas confesso que não demos muita atenção não, por 2 motivos: 1) eu ainda estava meio alegre de todo o vinho na vinícola; 2) queria logo chegar na Piazza della Cisterna (Praça da Cisterna). Além de ser uma praça medieval linda, abriga o melhor gelato do mundo! E por isso mesmo, pra mim, era o momento mais aguardado! hahaha
Chegando na praça vc provavelmente vai encontrar uma sorveteria bem grande escrito “melhor gelato do mundo’. Não é essa! Quase ao lado está a Gelateria Dondoli, que já ganhou em vários anos o campeonato de melhor gelato do mundo.
Não espere um lugar pra sentar, ou algo mais chiquezinho. O lugar é só uma portinha. Pegue sua casquinha (ou copinho), ache um canto na praça e aproveite! E depois de não um, mas dois gelatos, infelizmente era hora de dar o dia por encerrado, pegar a estrada mais uma vez e voltar pra Florença…
Bate-e-volta pela Toscana em um dia na prática
Apesar de termos passado poucos dias em Florença, eu estava determinada a ter uma experiência Toscana. Assim, queria conhecer pelo menos uma ou duas cidades da região e ainda passar em uma vinícola.
Se sua ideia for fazer um bate-e-volta bem rápido só por alguma das cidadezinhas da região, a melhor opção pode ser o trem: cidades como Siena, Pisa, e muitas outras, contam com a estação de trem. Basta ir até a estação de trem, comprar a passagem e embarcar (e nem precisa comprar com antecedência). E prego!
Mas a gente queria ver mais da região, parar em alguma vinícola. Por outro lado, eu não queria dirigir. Afinal, se depois de beber 4 taças de vinho foi difícil até fazer o tour por San Gimignano, dirigir estava fora de cogitação!
Como só tínhamos um dia disponível, resolvemos fazer um tour. Escolhi a Italy on a budget tours pq além de ser o tour que cabia no nosso budget, com van para até 7/8 pessoas e incluía a degustação e as 3 cidades medievais que eu queria ir. Com a vantagem de poder beber tranquila, e não preocupar com estacionamento, mapa, estrada, nem nada.
Na época, a ideia da agência eram tour pra grupos pequenos de pessoas mais jovens. Quando chegamos lá na agência, só tinha um grupo de amigas australianas e mais um casal escocês, também recém-casado. Então, as amigas foram numa van e nós fomos em outra só com o casal, o que acabou sendo um tour semi-privativo. De toda forma, nos encontramos nas paradas e tanto o guia do nosso grupinho, com os das simpáticas australianas, eram ótimos.
A única decepção foi o almoço. A agência nos vendeu um almoço opcional como sendo entrada + prato principal + sobremesa e no fim tudo que tivemos foi uma tábua de frios em Siena acompanhada de água em um restaurante com atendimento péssimo. Pior ainda: nem o pão deu pra mesa toda. Resultado: saímos todos frustrados de lá e comentando que foi o ponto baixo do tour!
Enfim, essas são as opções para um bate-e-volta de um dia a partir de Florença: trem ou tour. Claro, também tem a opção de alugar um carro e dirigir pela região. Mas acho que essa opção funciona melhor pra quem tem mais dias disponíveis. E é algo que ainda queremos um dia fazer!