Évora: um dia na capital do Alentejo

Em uma das vezes que fomos à Portugal, estávamos com um dia livre e sem muito o que fazer em Lisboa. Então decidimos fazer um bate e volta até Évora, que fica a 1h30min de Lisboa e é a capital da região do Alentejo.

Tanto de trem, quanto de ônibus ou carro o tempo de viagem é o mesmo: 1h30min. Eu optei por ir de trem e voltar de ônibus e no final do post explico o passo-à-passo de como ir, onde comprar passagens, horários e onde ficam as estações.

O centro histórico levou Évora a ser tombada como Patrimônio Mundial da UNESCO por ser considerada uma “cidade-museu”, visto que tem diversas ruínas romanas e medievais, que demonstram a passagens de povos ao longo dos séculos, como romanos e mouros, até atingir seu ápice quando Évora se tornou residência da família real portuguesa no século XV. Inclusive, a maior parte das atrações turísticas são justamente dessa época de ouro!

Toda a parte histórica está dentro dos muros medievais, que ainda estão de pé e se estendem por mais de 3km ao redor do que era a antiga cidade. E justamente por isso, as atrações ficam todas muito próximas umas das outras, sendo facilmente percorridas à pé em algumas poucas horas.

Ou seja, Évora vai te proporcionar uma volta ao passado, em meio à muralhas do século XIV, ruelas estreitas, uma catedral medieval, um templo romano e praças antigas. Tudo isso em uma região conhecida por suas vinícolas e paisagens verdinhas.

Chegando em Évora, fomos direto para o centro da cidade numa corrida que não chegou a custar 4 euros (não me lembro se de táxi ou uber). Mais especificamente, fomos direto para o Templo Romano, que é praticamente o marco zero da cidade e fica bem no meio de tudo!

O Templo Romano de Évora fica bem no meio da cidade velha e na Antiguidade fazia parte do Fórum Romano, que era a parte mais nobre, alta e importante da acrópole/cidade romana. O templo talvez o mais importante monumento do país que marca a presença dos romanos em Portugal (ou Lusitânia, como era chamado pelos romanos).

O templo começou a ser construído no século I d.C, mas só foi concluído no século II ou III. Ficou erroneamente conhecido como Templo de Diana, pois um monge na Idade Média acreditava que o templo tinha sido construído em homenagem à deusa da caça. Hoje se sabe que foi construído em homenagem ao imperador romano Augusto.

Durante a Antiguidade, o templo tinha lugar central na vida das pessoas, mas com o fim do domínio romano e a invasão de povos bárbaros o prédio foi sendo parcialmente destruído ou modificado. Ao longo dos séculos, além de sobreviver à um terremoto, já serviu de estrutura militar, de mesquita durante a invasão moura, igreja católica, torre militar novamente, e até mesmo açougue e celeiro, até finalmente ser convertido em monumento histórico no século passado! E depois de sobreviver à tudo isso, não poderia deixar de ser o cartão postal da cidade!

O templo fica bem no meio do Largo Conde de Vila Flor, e em volta dele estão vários outros edifícios históricos como a Sé de Évora, o antigo Tribunal da Inquisição, a Igreja e Convento dos Lóios, o Palácio dos Duques de Cadaval), a Biblioteca Pública e o Museu de Évora. E na rua atrás da Sé, fica a Universidade de Évora, a segunda mais antiga de Portugal.

(Museu de Évora)

A Sé de Évora é a catedral da cidade e, portanto, tem sido a igreja mais importante da região desde a Idade Média. Foi construída entre os anos de 1186 a 1250. Hoje abriga um museu de arte-sacra, e também é possível subir até o telhado para se ter uma vista aérea da cidade e do templo romano. Como ando meio cansada de visitar igreja, me contentei em ver por fora e segui para a Praça do Giraldo.

Na Praça do Giraldo fica o centro de turismo, onde você pode pegar um mapa da cidade se quiser. A praça é linda, tendo sido construída entre 1571 e 1573 em homenagem à Geraldo Geraldes, responsável por recuperar a cidade das mãos dos mouros. No meio da praça está um chafariz em mármore de 1557 e atrás dela está a Igreja de Santo Antão do mesmo ano.

Em volta da praça há ainda outros prédios históricos importantes, como a Câmara Municipal, o Banco de Portugal e as ruínas dos antigos banhos romanos. Aproveitamos pra fazer uma pausa e comer em dos restaurantes das cercanias da praça.

Claro, que já começamos pedindo vinho! Afinal, o vinho da região do Alentejo está entre os melhores de Portugal. E o prato tinha que ser o mais típico da região: Migas à Alentejana!

O prato consiste em carne de porco ou/e vaca servido com batatas e uma mistura de massa de pão com ervas (que são as migas). E a sobremesa também foi migas doces alentejanas!

Completamente fartos, nos arrastamos para a Igreja de São Francisco. Essa igreja foi construída por volta de 1510, sendo a mais alta da cidade. E foi construída em cima de um antigo convento franciscano, que havia sido a primeira instituição franciscana de Portugal. Embora a seja a mais importante e antiga, essa com certeza é a mais famosa. Por dentro, impressiona principalmente a Capela-Mor, que é toda talhada em ouro e mármore (e também repleta de azulejos, claro!).

Mas o que mais impressiona mesmo é a sua capela anexa: a Capela dos Ossos. Isso mesmo, uma capela coberta de ossos humanos! A capela foi construída nos séculos XVI e XVII, tendo sido ideia de três frades franciscanos que queriam trazer uma reflexão sobre a brevidade da vida.

A capela é constituída por ossadas vindas das igrejas e cemitérios da cidade. Dizem que foram desenterradas cerca de 5000 pessoas. As paredes, as colunas e as abóbadas da capela estão revestidas de milhares de ossos humanos.

Na entrada da capela constam os dizeres: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.

A entrada custa 5 euros. Por termos ido na baixa temporada, não havia fila.

Depois da macabra visita, ficamos batendo perna pelo centro histórico, que lembra um pouco Óbidos (outra cidade medieval que também fomos e que logo vai ganhar um post), mas que me lembrou principalmente de cidades como Ouro Preto e Paraty, mostrando como era forte influência da arquitetura portuguesa no Brasil-Colônia! As ruelas são absolutamente bonitinhas e estavam completamente vazias! As casinhas brancas com portas e janelas amarelas ou azuis já são por si só um belo passeio.

Então seguimos para o Jardim Público, que foi uma pausa perfeita pós-almoço/meio da tarde. Além da tranquilidade e diversidade de plantas (e de alguns pavões que ali vivem soltos), o local conta com 3 atrações turísticas: um pedaço da Muralha Medieval (século XIV), o Palácio de D. Manuel (século XVI) e as Ruínas Fingidas (século XIX). As Ruínas Fingidas ganharam esse nome por não serem verdadeiras ruínas, mas ruínas reunidas de vários monumentos provenientes de toda a cidade para formar uma ruína ali e dar um ar mais antigo e romântico ao lugar.

Mas o destaque mesmo fica para o Palácio de D. Manuel. Esse palácio também já foi residência real, tendo sido um dos mais importantes do reino. Tanto que foi ali que Vasco da Gama foi incumbido pelo rei de descobrir o caminho das Índias. Infelizmente, do Palácio apenas sobrou uma galeria, a Galeria das Damas. O resto acabou completamente destruído ao longo do tempo.

Do Palácio de D. Manuel seguimos para a Porta do Raimundo, o antigo portão de acesso à cidade antiga murada que ainda está de pé. Pra mim, é o melhor ponto para se ver bem a Muralha.

E terminamos nosso roteiro ali justamente porque a rodoviária fica a 5-10 minutos de caminhada do portão. Viu como ficou um roteiro bem redondinho e sem correrias para um bate e volta tranquilo de Lisboa!?

Évora na prática: como fazer um bate e volta a partir de Lisboa

Como disse lá em cima, a viagem Lisboa-Évora demora aproximadamente 1h30min, tanto de carro, quanto de trem (comboio) ou ônibus (autocarro). Se quiser alugar um carro, saiba que as estradas são ótimas. Nós decidimos ir de trem e voltar de ônibus.

Há trens partindo 5x ao dia, a partir de 3 estações em Lisboa: Estação Sete Rios, Estação Entrecampos e Estação Oriente. Muito provavelmente as mais próximas de vc serão a Sete Rios e Entrecampos. Pra nós a mais próxima era a Sete Rios, com horário de partida às 9:15 da manhã.

Compramos as passagens na hora por 12 euros, mas é possível comprar no site com antecedência e encontrar passagens a partir de 7 euros.

Como disse lá em cima, chegando na Estação de Évora pegamos uma corrida direto para o Templo Romano, por ser bem no miolo de tudo, e a corrida não chegou a 4 euros (não me lembro se foi táxi ou uber).

Já a volta, como estávamos bem perto da rodoviária, resolvemos voltar de ônibus. Até porque os ônibus são mais frequentes (mais ou menos 1 ônibus por hora). A companhia que atua a linha é a Rede Expressos. Cada passagem também custou 12 euros. E ponto de chegada/partida em Lisboa também é a Estação Sete RIos

Quando chegamos a próxima partida era às 16hs, mas já não haviam lugares juntos e voltamos em poltronas separadas. Assim, se vc também estiver viajando acompanhado e essa também for a sua opção vale a pena também comprar passagem antecipadamente no site e marcar assentos juntos.

A outra opção é também voltar de trem, mas há apenas um trem por volta de 17h e outro às 19h, então se preferir realmente confira os horários antes e se programe para pegar o trem.