Tali tá aí? Não, Tali tá em Tallinn

Tallinn é a capital da Estônia. Esse é um pequeno país báltico, já encostado na Rússia. Também encontra-se defronte a Finlândia, tanto que são apenas 80 km de mar báltico separando Helsinki de Tallinn. Ademais, apesar de ser um país báltico, tem características étnicas e linguísticas ligadas a Finlândia.

Posso dizer que Tallinn foi o que nos levou a abrir māo de mais tempo em São Petersburgo para passar por Tallinn e Helsinki, como disse no post anterior. Já tínhamos visto que Tallinn está na lista das cidades mais bonitas e bem preservadas da Europa. E olha, nāo nos arrependemos em nada!

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Assim como outros países do Leste Europeu, a Estônia é marcada por dominações sucessivas e se orgulha da sua recente independência e de suas características culturais. Tallinn foi fundada no século XIII e, desde então, já pertenceu à Dinamarca, à Suécia, à Alemanha, à Rússia Czarista, à Rússia comunista,… Nesse meio tempo, conquistou a independência algumas vezes, sendo a última a da URSS na década de 90 (ontém!).

Ainda, note-se que Tallinn foi  um dos pontos centrais da Liga Hanseática, o que contribuiu para que os ricos comerciantes da época investissem na arquitetura da cidade. E é assim que hoje Tallinn desponta como uma das cidades medievais mais lindas que conhecemos. E nāo é a toa que é Patrimônio Mundial da Unesco, sendo considerada a cidade antiga mais bem preservada do Norte Europeu.

Sabendo de tudo isso, munidos de um mapa, saímos do barco loucos pra ver essa peculiar cidade. Bastou caminhar 10 minutos a partir do porto para chegarmos aos portões da cidade antiga.

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Logo já começamos a ver as torres medievais, as calçadas ainda rústicas, as casas e prédios ainda tão característicos. E essa é mais uma dessas cidades que nāo é para se sair correndo de um ponto turístico para outro, visitando uma coisa e outra, mas para se perder nas vielas, descendo e subindo escadarias e apenas aproveitar/respirar a cidade.

Mesmo assim, há pontos interessantes na cidade. Exemplo disso, é a Igreja Russa Ortodoxa Alexander Nevsky. Essa igreja é mais um traço da dominaçāo russa, já que essa igreja foi feita inspirada Basílica de Moscou e construída logo em frente ao castelo/centro político da época. Dá para perceber de cara que a mensagem dos russos era mostrar quem é que mandava ali.

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O castelo que mencionei nāo é aberto para visitaçōes porque, ainda hoje, funciona como o centro político do lugar. Hoje é a sede do Parlamento da Estônia, mas só a visita por fora já vale a pena.

O centro comercial é uma fofura, saído de contos de fadas. Cheio de restaurantes, barraquinhas e lojinhas. Todavia, o curioso dele é que é logo ali que está Farmácia da Prefeitura. Essa é uma das mais antigas farmácias da Europa, sendo que alguns historiadores afirmam ser a mais antiga. Ela está ali desde 1422 e continua funcionando até hoje!

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Lembra que falei da Liga Hanseática!? Virando uma das esquinas, acabamos nos deparando com uma das antigas guildas, hoje convertida em uma casa espetáculos.

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Mesmo tendo um só dia lá foi possível fazer tudo que queríamos. Primeiro, porque pode-se fazer tudo a pé e a cidade antiga não é grande. Outro fator que contribui é que Tallinn nāo está na rota turística clássica e, por isso, a cidade estava muito tranquila, apesar de ser alta temporada.

Lendo esse post e qualquer guia de viagem, você pode ficar com a sensação de que Tallinn não tem nada para fazer. Todavia, como disse, é uma dessas cidades para ser desfrutada, ao invés de esgotada, digamos assim. A cidade parece saída de um conto de fadas e, só isso, já seria mais que motivo suficiente para conhecê-la! É impressionante como os lugares que o David e eu temos mais aproveitado e mais gostado são justamente aqueles que não estão na bucket list de ninguém.

O charme de conhecer lugares que quase ninguém conhece nāo é preencher mais um país no mapa e um carimbo no passaporte, ou dizer que foi em um lugar que ninguém que vc conheça foi, mas ver o quanto o mundo é diverso e rico. Não estou dizendo para você cortar Praga ou Bruxelas do seu roteiro. O que estou tentando dizer é que aquilo que não está na rota turística clássica é tão interessante quanto, ou ainda mais. Especialmente porque vc pode curtir no seu tempo, não tem hordas de turistas, não tem preços inflacionados e por aí vai.  Justamente, os lugares que ninguém vai, são os que mais me surpreenderam e os que mais me lembro. E, definitivamente, pelo menos para mim, Tallinn foi um desses lugares.

Indo para a Rússia in a Russian style

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Viajar para Rússia sempre foi uma daquelas ideias que pairavam no ar. Vez ou outra, via alguns vôos baratos e pensava que um dia poderíamos ir para Moscou e Sāo Petersburgo. Ocorre que a Rússia é longe, cara e um desses países mais fechados turisticamente, pois até te fazem pensar que eles nāo querem visitantes. Mesmo europeus precisam de visto.

Fiquei animadíssima quando descobri que brasileiros nāo precisariam mais de visto para entrar na Rússia. Entretanto, toda regra tem exceção, e é óbvio que caímos nela. Aparentemente, a regra só funciona para brasileiros que morem no Brasil e que tenham viagem marcada para a Rússia com saída a partir do Brasil. Esse não era nosso caso, então teríamos que pedir o visto. Acontece que o visto russo é super chato e caro. E foi assim que adiamos os planos para um futuro remoto porque muitos outros lugares estavam – e ainda estão  – na nossa lista prioritária.

Todavia, de acordo com o David, eu sou a “ninja das viagens”. Descobrir lugares novos, e como chegar, já é praticamente um esporte para mim. Além de ser meu hobbie favorito. E foi numa dessas de ficar lendo fóruns de viagens que descobri  que os russos também sabem dar um “jeitinho”.

Acidentalmente, descobri que se você for para Rússia através de uma ferry, pode ficar até 72 horas sem visto. O que!? Para tudo, para tudo!

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72 horas na Rússia!? Três dias são mais que suficiente para conhecer Sāo Petersburgo, que é a cidade mais mais mais da Rússia né, afinal foi a capital por séculos. Inclusive, pelo menos pelo que li, tem mais a oferecer que Moscou.

Bem, pesquisa aqui, pesquisa ali, descobri a Saint Peter Line. Essa empresa faz travessias a partir de Estocolmo e Tallinn para Rússia. Mas aí no site deles vi a possibilidade de fazer um mini-cruzeiro, passando um dia apenas em Saint Petersburgo, mas em compensaçāo passando por Tallin, capital da Estônia e uma das cidades mais lindas do leste europeu, e por Helsinque, capital da Finlândia. Como já estávamos planejando uma viagem para Dinamarca, Noruega e Suécia, óbvio que resolvemos combinar com esse mini-cruzeiro e já fazer o norte todo em uma tacada só!

O melhor de tudo foi o preço desse mini-cruzeiro! Pagamos 250 euros para nós 2 por 5 dias/4 noites em uma cabine superior com janela no navio Princess Anastasia. Claro que nāo foi um cruzeiro nível Norwegian, Royal Caribbean né. E nem poderia ser passando por 4 países diferentes pagando cerca de 900 reais para um casal, já com as taxas inclusas. Por esse valor nāo pagaríamos nem hotel, muito menos deslocamentos.

Então já sabíamos que estávamos nos metendo em uma aventura. E eu nāo encontrei quase nada de informações ou fotos na internet. Quando encontrava estava tudo em russo e nem o google tradutor dava jeito. Eu animava o David falando que tínhamos que fazer isso, por sermos jovens e sem filhos. Ele topou! hahahah

Na verdade, já estávamos esperando uma furada e histórias para contar. Mas confesso que eu queimei minha língua. As cabines eram bem simples, mas estavam muito limpinhas e tinham tudo que precisávamos: ar condicionado, aquecedor, sabonete, toalhas, lençóis limpinhos. Embora nāo arrumassem o quarto, todos os dias trocavam as toalhas e recolhiam o lixo. Nem isso eu estava esperando, entāo para mim estava tudo ótimo. Estava preocupada com o tamanho (9m), mas foi super tranquilo acomodar as malas e nos acomodar.

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O barco também tinha 4 restaurantes a preços acessíveis para café da manhã e jantar. Esperávamos pagar até mais, já que estávamos confinados nessa embarcaçāo e sem qualquer outra opçāo. Mas nāo, tudo tranquilo também. O duty free também tinha ótimos preços e foi onde compramos água, chocolates, lanchinhos e coisinhas assim. Mas também tinha perfumes, bebidas, entre outros, a preços ótimos e até uma mini farmácia.

Embora só tenhamos efetivamente ficado um dia em Saint Petersburgo, o fato de termos ido em uma embarcaçāo russa fez parecer muito mais! Os funcionários eram todos russos e falavam russo o tempo tudo. Tudo no barco estava escrito em russo. O cinema (dublado) e as atrações também em russo. E a maioria das pessoas viajando lá dentro também eram russos em férias de verāo. Ou seja, ficamos mesmo foi 5 dias em um universo russo e usando linguagem dos sinais para pedir coisas básicas como comida! hahaha

E foi no próprio barco que começamos a já desconstruir alguns conceitos. Exemplo disso é que aquela imagem que temos de russos como loirinhos dos olhos azuis nāo é exatamente correta. Os russos da parte oeste sāo mesmo assim, devido às suas raízes eslavas. No entanto, a Rússia é muito grande e a verdade é que muitos tem raízes e traços da Sibéria, Mongólia, Kazaks e daí por diante. E foi no navio mesmo que começamos a ver essa diversidade russa, e gente de tudo que é jeito e com todo tipo de traço. Foi no navio que provamos alguns pratos russos e foi lá mesmo que já passamos a nos sentir na Rússia. Todavia, falar mais sobre a Rússia, e os russos, fica para os próximos posts…

Viajando bem e barato pela Escandinávia

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Quando se pensa em uma viagem para Escandinávia também se pensa em altos custos. Isso nāo deixa de ser verdade. O Norte da Europa realmente é muito caro, especialmente a Noruega. Realmente a Noruega foi o lugar mais caro que já estive até agora (vamos ver como será a Islândia em novembro, que dizem ter um custo ainda mais alto já que tudo lá é importado).

Seja como for, nāo é isso que deve atrapalhar os planos de conhecer esse pedaço tāo bonito do mundo! Com muuuuito planejamento, é possível fazer uma viagem bem legal pelos países nórdicos e a rota viking, que foi o que fizemos.

Tudo começou com o show do Coldplay (que terá um post próprio em breve). A única época que o David poderia viajar pra ver o show  era em julho. Acontece que a turnê deles aqui era em junho, exceto pelo show de Copenhagen que era no começo de julho! Justamente a cidade em que o pai do David está residindo atualmente. Rá, era tudo que precisávamos! Foi entāo que pensei: vamos tirar férias e fazer a rota viking! Talvez fosse a vibe por ter acabado de ver 3 temporadas de Vikings em sequência.

Conseguimos comprar os ingressos para o show. E isso foi em novembro, o que me deu meses para planejar tudo e aproveitar promoções. Exemplo: as passagens para Copenhagen foram uma pechincha.

No total a viagem foi de 15 dias e o roteiro ficou assim:

  • 4 dias em Copenhagen
  • 4 dias em Bergen (Noruega)
  • 1 dia e meio em Estocolmo
  • 5 dias em um cruzeiro passando pela Finlândia, Estônia e Rússia
  • mais 1 dia em Estocolmo
  • mais 2 dias em Copenhagen

Portanto, foram 6 países em 15 dias. Óbvio que nāo deu pra conhecer tudo, mas deu pra sentir cada lugar.

Agora, como foi que conseguimos economizar!?

Bem, pra começar esse cruzeiro nāo era bem um cruzeiro, era uma ferry quase que exclusivamente usada por turistas russos. Sim, fizemos tudo em um navio russo! Era tāo russo que parte dos funcionários sequer falavam inglês e quase tudo estava escrito em cirílico! Depois vou falar melhor disso, mas basicamente super recomendo a St Peter Line para quem prefere abrir māo do conforto em prol de conhecer alguns países a mais! Ficamos 5 dias na cabine que nos serviu de transporte e hotel por 4 países e custou apenas 200 euros!! A cabine nāo tinha nada de luxuosa, mas estava limpa e foi mais que adequada às nossas necessidades. Além disso, conhecer Sāo Petersburgo de barco foi um jeito de evitar o  processo chato e caro de visto para Rússia.

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Ficamos em hotéis econômicos, mas todos tranquilos, limpos e com banheiro privativo e com café da manhā incluso.

A escolha de Bergen se deu por ser a cidade mais característica da Noruega e por ser de onde parte o Norway in a Nutshell, que é um passeio entre os fiordes e as montanhas! Todo o motivo pelo qual resolvemos ir para lá! Fazia mais sentido voar pra lá direto do que pra Oslo, já que é onde estāo os fiordes.

Basicamente, o deslocamento foi assim:

  • Copenhagen para Bergen: aviāo, voando pela SAS Airlines.
  • Bergen para Estocolmo: aviāo, também com as SAS Airlines. – A Norwegian Airlines é a low-cost nórdica e estava um pouco mais barata. Mas como teríamos que despachar bagagem e pra Estocolmo ela vai pra um aeroporto a cerca de 100km, só acessível por ônibus, no fim nāo valia a pena.
  • Em Estocolmo pegamos o St Peter Line Cruise, posteriormente também retornando a Estocolmo.
  • De Estocolmo para Copenhagen optei pelo trem numa viagem super tranquila de 5 horas, já que o trem era muito confortável. Comprando com meses de antecedência, consegui pagar 20 euros. Comprei no site da SJ, empresa de trem sueca que faz o trecho. Vez que os aeroportos de Estocolmo sāo distantes da cidade e ainda temos que chegar com uma hora de antecedência pelo menos, achei que faria sentido simplesmente pegar o trem, já que estaríamos hospedados próximos da estaçāo central. Além disso, só o valor do trem para o aeroporto era o mesmo que eu pagaria nas passagens para Copenhagen!

 

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Em Copenhagen nāo ficamos em hotel, já que ficamos na casa do meu sogro.

Já em Bergen ficamos no Comfort Hotel Holberg. Pelo que me lembro foram uns 90 euros a diária. Ele era bem localizado, ficando a 5 min a pé do centro e do ponto em que o shuttle para o aeroporto para (depois tb farei um post falando de Bergen e explicando melhor como ir e voltar do aeroporto)

Em Estocolmo ficamos primeiro no Comfort Hotel Stockholm, pagando 60 euros na diária! O quarto era bem pequeno, mas ficava ao lado da estaçāo. O diferencial é que fica exatamente ao lado da saída do trem que liga o centro ao aeroporto (depois também falarei disso melhor).

Quando voltamos a Estocolmo ficamos no HTL UPPLANDSGATAN, que eu recomendo muito (gostei muito mais que do Comfort) e foi uns 70 e poucos euros. Quarto ótimo, chuveiro poderoso, hotel moderno e confortável, localizado a uns 500 m da estaçāo central. Se um dia voltar a Estocolmo, certamente ficarei nesse hotel novamente.

Nos próximos posts, falarei mais sobre cada destino e acabarei falando mais sobre os custos da viagem. De toda forma, o objetivo era falar como é sim possível fazer uma viagem muito legal pelos países nórdicos, sem gastar uma fortuna. Claro que, no fim, acaba sendo uma viagem mais cara mesmo. Afinal, os custos nāo se reduzem a hotéis e passagens, mas também a alimentaçāo, transporte público e passeios, que realmente sāo bem caros, especialmente na Dinamarca e na Noruega. Na Suécia já era bem mais tranquilo, e cá entre nós, foi o lugar que mais gostamos! Mas mais sobre isso nos próximos posts…