Óbidos, Nazaré, Alcobaça, Batalha e Fátima em um dia a partir de Lisboa!

Da última vez que estivemos em Portugal fomos para encontrar minha mãe que veio nos visitar e queria começar a viagem pela Europa por lá. Como tanto nós, quanto ela, já tínhamos visitado Lisboa, optamos por simplesmente nos encontrarmos em Lisboa e de lá passar uma semana visitando outras cidades de Portugal, como Óbidos, Coimbra, Porto e muitas outras, e de Porto mesmo vir pra Luxemburgo. Então, revisitamos alguns lugares (como já contei aqui), jantamos no Restaurante Laurentina (que também já contei aqui) e no outro dia já saímos para explorar cidades próximas de Lisboa.

Enquanto decidíamos o que fazer em um dia pela região de Lisboa, lembrei que da primeira vez que nós 3 pra Lisboa, fizemos um tour ótimo com um senhor muito simpático com preço ótimo para Sintra, Cascais e Estoril (que também tem post aqui). Então novamente combinei com ele um passeio por várias cidades pro dia seguinte, pelo valor total de 180 euros pra 3 pessoas. E às 8:30 da manhã ele já estava na porta do hotel nos aguardando para percorrermos mais de 300km em um só dia!

Óbidos

Depois de 1h na estrada, nossa primeira parada foi a medieval Óbidos. Na Antiguidade os romanos já passaram por ali, mas foi com a tomada da cidade pelos mouros que a cidade foi murada e reconstruída como vemos atualmente. Inclusive, em português arcaico Óbidos significava justamente “citadela” ou “cidade fortificada”!

Com a expulsão dos muçulmanos, pela importância e beleza de Óbidos, os reis de Portugal passaram a dar a cidade como presente para as rainhas de Portugal quando se casavam, uma tradição que durou 600 anos. Por isso, Óbidos ficou conhecida como “Casa das Rainhas”.

Logo em frente à entrada da cidade antiga fica o estacionamento público, o centro de turismo e o ponto de ônibus de onde chegam e partem os ônibus de Lisboa.

Considerando que Óbidos até hoje ainda ainda é toda murada, a forma de entrar na cidade ainda é pelo portão antigo da cidade. A Porta da Vila fica junto à uma capela em homenagem à Nossa Senhora da Piedade, a padroeira da cidade. E claro, tanto a passagem quanto a capela são decoradas de azulejos!

Basta atravessar a Porta da Vila e você já sai na Rua Direita, a principal rua de Óbidos e que leva até o Castelo de Óbidos. São apenas uns 500 metros entre o portão e o castelo que (pasme!) fique na outra extremidade da cidade antiga, numa caminhada de cerca de 5 minutos. Mas vá devagar! E aproveite a cidade pelo caminho!

Ou se preferir, vá até o castelo pelo muro da cidade. Logo ao lado da Porta da Vila fica uma pequena escadaria que dá acesso ao muro da cidade, que pode ser percorrido até o castelo, mas quando fui o caminho estava fechado em manutenção.

Nós fomos pela Rua Direita, passeando com toda a calma do mundo, nos embrenhando pelas vielas paralelas. A graça do lugar é justamente caminhar pelas ruelas estreitas, admirando as casinhas brancas com janelas e portas amarelas ou azuis.

No caminho passamos por algumas igrejas. A principal igreja mesmo é Igreja de Santa Maria, também chamada de Igreja Matriz de Óbidos. A Matriz é tão antiga que sequer se sabe ao certo quando foi fundada, tendo sido antes mesmo da invasão moura, quando foi convertida em mesquita. O que sabe é que foi sagrada em 1148, quando D. Afonso I, o primeiro rei de Portugal, reconquistou a cidade. Desde então passou por diversas modificações e reformas ao longo dos séculos, que refletiam o momento histórico ou artístico do período.

Mas para uma cidade tão pequena, o que não faltam são igrejas! Há outras igrejas como Igreja de São Pedro, a Capela de São Martinho e Igreja da Misericórdia. Mas talvez a mais interessante delas seja a Igreja de Santiago, que hoje é uma livraria e tem livros até no altar! Inclusive, Óbidos é hoje conhecida como Vila Literária por ter transformado prédios degradados em livrarias, atraindo feiras de livros e eventos culturais por isso.

Por fim, chegamos ao Castelo de Óbidos, que é considerado uma das 7 Maravilhas de Portugal. Também não se sabe exatamente quando o castelo foi construído, mas sabe-se que foi um forte ainda na época dos Romanos. Mas a forma como o vemos hoje veio posteriormente, sendo obra dos mouros que fortificaram toda a cidade e, claro, o castelo era centro de tudo isso.

Com a expulsão dos muçulmanos, o castelo passou por diversas reformas nas mãos das rainhas quando ganhavam ele de presente dos reis de Portugal. Entretanto, um terremoto e o fim da monarquia levaram o castelo ao esquecimento, que começou a ruir. Em 1932 iniciou-se um plano de extensa reforma até ser reaberto em 1948 como um hotel chamado Pousada do Castelo.

Logo, para visitar o castelo por dentro é necessário se hospedar no hotel. Se você sonha em dormir em um castelo, essa pode ser sua chance! Aparentemente também é possível almoçar no restaurante do hotel sem ser hóspede. Como ainda era cedo, vimos o castelo por fora, andamos um pouco pela muralha que dá vista para os vinhedos da região.

Em frente ao castelo também ficam algumas casas antigas medievais, que aparentemente hoje também fazem parte do complexo da Pousada do Castelo.

Enfim, retornamos pela Rua Direita, parando pelo caminho nas lojinhas e de artesanato. E, claro, para tomar uma ginginha, que é um licor de cereja feito na própria vila, e servido em um copinho de chocolate. Cada copinho de ginginha custa 1 euro. Depois disso, encontramos nosso motorista e seguimos para Nazaré!

Como chegar em Óbidos

É possível ir de carro e há um estacionamento público e grátis bem na porta da cidade antiga. Pra quem preferir ir de transporte público, a opção é ir de ônibus que para nesse mesmo estacionamento. A empresa que faz o trajeto é a Rodoviária do Oeste/Tejo, linha Rápida Verde, que sai da Estação Campo Grande em Lisboa. As passagens podem ser compradas online ou diretamente com o motorista em dinheiro e custam 8 euros cada perna. O trem não é uma opção porque há várias baldeações e a viagem leva 2-3 horas, além da estação ser longe da cidade antiga.

Nazaré

Nossa próxima parada foi em Nazaré, cidade litorânea conhecida por suas ondas gigantescas, que chegam à até 30 metros de altura! Inclusive, a maior onda já surfada da história foi justamente lá, com os surfistas brasileiros Maya Gabeira e Rodrigo Coxa quebrando recordes!

(Foto de Koji Kamei)

Infelizmente quando fomos a praia estava sem ondas. E pra piorar: uma ventania e uma friaca danada! Então fomos direto para o Farol de Nazaré que fica no Forte de São Miguel Arcanjo. De lá se tem uma bela vista do litoral, do penhasco e da cidade!

É do Farol que jornalistas e equipes assistem os campeonatos de surf. Na base do antigo forte ficam pranchas de surf autografadas dos surfistas mais famosos do mundo e que por ali passaram.

O lugar fica a uns 10 minutos à pé do Miradouro do Suberco, que também tem vistas bonitas e está no início do centro histórico e nosso plano era andar até lá, dar umas voltas e depois almoçar. Mas quando estávamos a caminho começou a chover. Então o jeito foi parar em um restaurante próximo e já almoçar. Por sorte, paramos em um restaurante com vista para o mar e pegamos uma mesa bem na janela! Como depois do almoço ainda continuava chovendo, resolvemos seguir para Alcobaça.

Como chegar em Nazaré

Pra quem vai de carro há um estacionamento muito próximo do Farol e do Miradouro.

Já pra quem vai por conta a opção é ir de ônibus, pela Rede Expressos, saindo da Estação Sete Rios. A passagem custa 12 euros cada perna. Chegando lá, a cidade é dividida na parte alta e parte baixa e o elevador (Ascensor de Nazaré) conecta as 2 partes da cidade.

Mosteiro de Alcobaça

O principal monumento da cidade de Alcobaça é justamente o Mosteiro de Alcobaça, sendo a mais antiga igreja gótica de Portugal. A construção foi iniciada em 1178, logo após a expulsão dos mouros, como uma forma de demonstrar o poder do Rei e da Igreja. Vários reis de Portugal foram enterrados ali e o Mosteiro encontra-se muito bem conservado, motivo pelo qual também está entre as 7 Maravilhas de Portugal.

Mas o que fez o Mosteiro de Alcobaça se tornar tão famoso e icônico é que ali estão enterrados Inês e D. Pedro I, os protagonistas da versão portuguesa de Romeu e Julieta. Dom pedro I casou-se com D. Constança Manuel, da nobreza castelhana, mas se apaixonou por Inês, uma das damas de companhia de Constança. O romance desagradou a corte e o povo e então o Rei D. Afonso IV mandou Inês para um castelo na fronteira com a Espanha, como forma de exílio. Algum tempo depois, Constança faleceu e então D. Pedro I chamou Inês de volta e se casaram às escondidas, já que seu pai continuava contra o romance. Quando descobriu o enlace, o Rei mandou executar Inês.

Menos de 2 anos depois, D. Pedro I subiu ao trono e com fogo nos olhos sua primeira ordem foi caçar os assassinos de Inês. Mandou executar 2 dos 3 algozes de Inês arrancando seus corações (um pelo peito e outro pelas costas!). Ao pedirem perdão, D. Pedro teria respondido “agora é tarde, Inês é morta”. Daí surgindo a famosa expressão “Inês é morta” como sinônimo de “não adianta mais” ou “tarde demais”. Por isso também, ele ficou conhecido como Pedro, o Cruel e Pedro, o Justiceiro. O terceiro assassino fugiu para a França, tendo sido perdoado por D. Pedro em seu leito de morte.

Depois disso, ainda mandou construir os dois esplêndidos túmulos em Alcobaça, já pensando em se unir à ela em morte. Inicialmente, os túmulos ficavam lado a lado, mas em 1780 foram mudados para outra área sendo colocados frente à frente. Depois em 1956 foram novamente colocados na posição original, mas frente à frente. Daí surgiu a lenda de que foram colocados assim para que a primeira coisa que eles vejam quando acordarem para o Juízo Final seja um ao outro. Outra lenda que surgiu é que D. Pedro I depois de exumar o corpo e antes de trasladar para o túmulo de Alcobaça teria feito uma cerimônia de coroação para Inês, obrigando toda a corte a beijar sua mão.

E por tudo isso, por mais que o mosteiro seja uma obra-prima gótica e tenha mais de 800 anos de história, o que todo mundo quer mesmo ver são os túmulos de Inês e D. Pedro I! Infelizmente, os túmulos foram um tanto degradados por soldados de Napoleão que buscavam jóias na época da invasão napoleônica.

Há como visitar as outras áreas do mosteiro, mas como nosso roteiro ainda incluía mais 2 cidades, seguimos para a próxima parada: Batalha!

Como chegar em Alcobaça

Pra quem vai de carro há um estacionamento bem grande em frente ao Mosteiro. Já pra quem vai por conta a opção é ir de ônibus, pela Rede Expressos, saindo da Estação Sete Rios.

Mosteiro de Batalha

Nossa próxima parada foi o Mosteiro da Batalha, que fica na vila de Batalha, distrito de Leiria, a apenas 20km de distância de Alcobaça. Esse é outro monumento também considerado uma das 7 Maravilhas de Portugal e também é Patrimônio Mundial da UNESCO.

O Mosteiro teve sua construção iniciada em 1386 e levou 2 séculos para ser construído. Chamado de Mosteiro de Santa Maria da Vitória por D. João I em homenagem à Santa Maria pela vitória contra os castelhanos em uma batalha decisiva, ficou mais conhecido como Mosteiro da Batalha.

Além da Igreja principal em si, há vários monumentos adjacentes como a Capela do Fundador, que fica à direita e foi erguido como um mausoléu ao rei e a rainha da época, que depois de falecidos foram ali enterrados. Visitamos a Igreja e a Capela e até teríamos visto mais coisa não fosse a chuva que não dava trégua! Então seguimos logo para Fátima.

Como chegar em Batalha

Novamente pra quem vai de carro é bem fácil porque há um estacionamento grande em frente ao Mosteiro. Já pra quem vai por conta a opção é ir de ônibus, pela Rede Expresso, saindo da Estação Sete Rios. De Fátima a empresa que opera a linha é a RodoTejo. E uma corrida de uber/táxi entre Alcobaça e Batalha sai 15-20 euros.

Santuário de Fátima

Nossa última parada foi Fátima para visitar o Santuário de Fátima, um dos maiores centros de peregrinação católica do mundo, atraindo milhões de peregrinos anualmente! Inclusive, todos os últimos papas o visitaram, inclusive o Papa Francisco.

O lugar começou como uma pequena capela após os Três Pastorinhos – Lúcia, Jacinta e Francisco – terem visto Nossa Senhora em 1917. As crianças disseram ter visto Nossa Senhora 6 vezes e que, em uma delas, ela havia pedido que fosse ali construída uma capela. A capela foi erguida e logo se tornou um centro de peregrinação, sendo expandido ao longo dos anos. Hoje ocupa uma área maior que a Praça São Pedro no Vaticano.

Talvez o ponto mais importante seja a Capela das Aparições, erguida onde a Santa teria aparecido. Justamente onde está a imagem é onde ela teria aparecido na azinheira. No lugar da árvore foi feita uma pequena capela, que com o tempo acabou sendo expandida e, por fim, a atual construída em volta da original.

Além da Capela das Aparições, existe também a Basílica de Nossa Senhora de Fátima, onde foram enterrados os Três Pastorinhos.

Com o constante aumento de peregrinos, a Basílica ficou pequena para comportar tanta gente. Então foi erguida a Basílica da Santíssima Trindade, capaz de abrigar 8 mil fiéis nas missas.

Basta chegar lá e conhecer o local. A dica é não ir nos dias 13 porque é a data da primeira aparição e aparentemente o lugar fica lotado. Fomos durante a semana na baixa temporada (com chuva!) e o estava deserto!

Caso se interesse, é possível visitar a Vila de Aljustrel, onde os Pastorinhos moravam. Lá há inclusive um museu na antiga casa de Lúcia e é possível também visitar a de Jacinta e Francisco.

Como chegar no Santuário de Fátima

Mais uma vez, pra quem vai de carro é bem fácil porque há um estacionamento gigante em frente ao Santuário. Já pra quem vai por conta a opção é ir de ônibus, pela Rede Expresso, saindo da Estação Sete Rios. A passagem custa 13 euros cada perna e a rodoviária de Fátima fica perto do Santuário.

Como fizemos esse tour na prática

Como disse lá em cima, fechamos esse passeio com motorista particular. Queríamos conhecer todos esses pontos, mas sem alugar carro já que só tínhamos um dia livre e no outro já seguiríamos para Coimbra/Porto de trem. Seria impossível fazer tudo que queríamos em um só dia por conta própria. E foi então que resolvi de novo fechar o passeio com o Sr. Viriato, um senhor suuuper simpático, que adora contar suas histórias e falar de Portugal. E ainda bem que fizemos isso: imagina dirigir 300km na chuva, preocupar com estacionamento e se virar no gps!? Melhor deixar com quem conhece rs

O valor do passeio foi 180 euros, já incluso pedágios. Mas isso foi antes da pandemia, então não sei se ele ainda trabalha com o táxi (afinal, ele já é idoso). Em todo caso, aqui está o contato dele:

Sr. Viriato Dias:  219 836 736 (tel) ou 966 775 481 (cel)