O que e onde comer em Lisboa

Normalmente quando viajamos, seja para onde for, a culinária faz parte da experiência e vamos em busca de experimentar a comida local como parte da viagem. Mas em Portugal a viagem poderia ser apenas centrada na comida e já valeriam as passagens aéreas de qualquer lugar do mundo!

A comida portuguesa vai muito além do bacalhau e dos famosos pastéis de nata, mas é claro que numa primeira viagem à Portugal esses queridinhos da gastronomia portuguesa podem (e devem!) ser experimentados!

Mesmo morando em Luxemburgo que conta com quase metade da população portuguesa (e, portanto, com um restaurante português em cada esquina), eu adoro ir para Portugal apenas para comer!

Vale a pena dizer que cada região conta com seus pratos mais típicos. Espere comidas mais pesadas no Porto (como caldos, comidas à base de porco, Francesinha, Bacalhau de Natas), e algo mais leve (como peixe assado e frutos do mar) no Algarve! E Lisboa por estar bem no meio, e ser a capital do país, parece ter uma combinação de tudo! Então dá pra achar qualquer coisa da culinária portuguesa na cidade!

Mas se for sua primeira vez na cidade, vale a pena optar pelos “clássicos”! (ou mesmo que não seja a primeira vez hahaha!)- Eu sempre que vou não perco o Bacalhau à Brás, Bacalhau com Natas, Pastel de Bacalhau e Pastel de Nata! Então por isso mesmo selecionei aqui alguns lugares que acabo sempre batendo ponto toda vez que vou à Lisboa!

Laurentina – o Rei do Bacalhau

Esse batemos ponto toda vez que vamos à Lisboa! Um local nos indicou e como ficava à 2 ou 3 quarteirões do nosso hotel e fomos ver qual era. Desde então sempre que vamos à Lisboa, temos que passar por lá!

A especialidade é bacalhau, claro! Mas eles também tem outros pratos portugueses e também moçambicanos.

Eles tem vários pratos com bacalhau. Eu já experimentei alguns e meus favoritos são o Bacalhau com Natas e o clássico Bacalhau à Brás!

Mesmo sendo um restaurante mais conhecido pelos locais do que pelos turistas, é comum ficar lotado, então vale a pena fazer reserva, que pode ser feita diretamente no site deles.

Café Gelo

Caímos nesse restaurante meio que de gaiato. Já era quase final do horário de almoço, estávamos na Praça Rossio morrendo de fome e resolvemos parar por ali mesmo e almoçar. Demos uma olhada no cardápio, vimos que tinha absolutamente tudo e entramos. Inclusive, além das mesas externas, eles tem um salão interno bem grande, então nas 2x que fomos conseguimos achar mesa sem problemas.

Eles servem um poucos de tudo, desde entradas como o pastel de bacalhau até sobremesas como o pastel de nata, passando pelos principais pratos tradicionais da comida portuguesa até a picanha brasileira. Então sempre dá pra encontrar algo rs.

Muito tempo depois que descobri que o café está lá desde 1890 e ficou famoso por ser um local onde oposicionistas à ditadura se reuníam, bem como intelectuais. Dentre eles, estava o grande poeta lisboeta Fernando Pessoa.

Museu da Cerveja para Bolinho de Bacalhau com Queijo

Essa é outra opção que não é super escondida e conhecida apenas pelos locais. Pelo contrário, o Museu da Cerveja que fica localizado bem na cara do gol do maior cartão postal de Lisboa: a Praça do Comércio, também conhecida como Terreiro do Paço. Esse é um lugar bem pra turista mesmo e vc dificilmente verá um local por ali. Por outro lado, afinal, por que não sentar numa mesa bem de frente pra maior atração turística de Lisboa!?

Paramos lá depois de passear pela cidade e ver o pôr-do-sol sob o rio Tejo justamente do Paço/do Cais. E por ser verão caiu super bem uma cerveja gelada acompanhada de um pastel de bacalhau (ou bolinho de bacalhau pra nós brasileiros!)

O restaurante do museu fica no térreo e serve cervejas portuguesas e de ex-colônias portuguesas. São mais de 100 rótulos portugueses. Mas o melhor mesmo é o bolinho de bacalhau! Ou melhor dizendo: o Pastel de Bacalhau com Queijo da Serra da Estrela!

Junte o tradicional bacalhau e o mais famoso queijo de Portugal e não há muito espaço para erro! Os bolinhos são servidos bem quentinhos com o maravilhoso queijo do norte do país derretendo em cada mordida! Simplesmente delicioso!

O mesmo exato bolinho também é vendido na Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, mas nunca encontrei o lugar sem filas e com mesa e, por isso mesmo, nunca tinha provado até descobrir que também é servido no museu da cerveja, sem fila, com mesa e sem muvuca!

Confesso que achei meio caro a unidade (5 euros), mas isso foi até chegar na mesa. Cada unidade é de tamanho bem generoso e há mesmo um custo pelo restaurante estar na melhor localização possível de toda a Lisboa!

O Museu da Cerveja fica bem na Praça do Comércio (nº 62), como é de se esperar, tem uma exposição sobre cervejas de Portugal. A entrada para ver a exposição custa 5 euros. Mas nós ficamos só pela cerveja e pastel de bacalhau hahah.

Pastéis de Belém

O primeiro da lista não poderia deixar de ser o Pastel de Belém! A famosa “pastelaria” (como eles chamam) fica ao lado do Mosteiro dos Jerônimos e há uma razão para isso: foram os próprios monges que viviam no Mosteiro que inventaram esse doce maravilhoso! Com a Revolução Liberal, os monges foram expulsos em 1834 e numa tentativa de sobrevivência colocaram essas delícias à venda. Mesmo Lisboa sendo longe na época, cada vez mais pessoas iam lá para degustar de forma que a fama do lugar só aumentava. Iniciava-se, assim, a fabricação dos famosos pastéis de Belém, com a secreta receita dos monges.

Dizem que a receita ainda se mantém a mesma e ainda é secreta, de forma que apenas 3 pessoas no mundo a têm. Essas 3 pessoas trabalham lá obviamente, e tem um contrato de sigilo. Os ingredientes também são os mesmos daquela época. Então Pastel de Belém, só em Belém!! O resto se chama Pastel de Nata! hahah

Mas ali não apenas são vendidos Pastéis. Há alguns salgadinhos, como empadas, coxinhas, croquetes, etc. Tradicionalmente, tudo isso acompanhado de Moscatel: um vinho doce e denso que mais lembra um licor/vinho do porto.

Há sempre uma fila gigante de pessoas comprando para levar.  O local parece pequeno, pois há apenas uma portinha. O detalhe é que essa porta dá acesso a um grande pátio interno com 400 mesas. O serviço é ágil. Então, não se preocupe que sem pastéis você não fica! Das várias vezes que já fomos lá somente uma vez pegamos fila pra entrar, mas em 10-15 minutos já estávamos sentados!

Fábrica da Nata

(Foto de divulgação oficial)

Se assim como eu você já tiver ido algumas vezes à Belém e não estiver disposto a atravessar a cidade por um pastelzinho, saiba que há um muito parecido e tão delicioso quanto, bem no centro histórico! E esse me foi recomendado por uma local e estava lotado de pessoas locais quando fomos (ao contrário de Belém). Ou seja, sempre uma boa pedida seguir os locais!

A Fábrica da Nata faz maravilhosos pastéis de nata que não perdem em nada para os Pastéis de Belém e com a comodidade de estar bem no centro de Lisboa e também de Sintra e do Porto! Em Lisboa são 2 unidades: uma na Rua Augusta e outra Praça dos Restauradores.

O pastel custa 1 euro cada. Eles mesmo sugerem que se coma acompanhado de uma taça de vinho do porto e a combinação vinho + pastel sai por 2,50. Se preferir um café, não faltam opções no menu! E no inverno há também a opção de chocolate quente! Além disso eles também servem alguns sanduíches e salgadinhos, mas que nunca provamos.

Lá e de volta outra vez: mais atrações em Lisboa!

Desde a primeira vez que fui à Portugal, caí de amores pelo país e vire-e-mexe estou de volta lá! Seja em uma conexão longa/pit-stop em Lisboa à caminho do Brasil, ou mesmo para passar uma semana no Algarve como fizemos alguns dias atrás! E justamente por estar voltando de Portugal percebi que faz muito tempo que não escrevo sobre um dos meus países favoritos do planeta!

Depois daquela minha primeira ida para Lisboa há uns 5 anos, que já escrevi aqui o roteiro que fizemos, eu já voltei à Lisboa 3x e toda vez sempre acabo passando pelos pontos principais do centrinho, como a Praça Rossio e a famosa Praça do Comércio!

Então pra quem tem apenas 1 dia ou 1 dia e meio na cidade, segue valendo esse meu post antigo do que fazer por lá. Afinal, uma ida à Lisboa não conta se você não passar pela região Baixa de Lisboa, onde justamente fica a Praça do Comércio que dá para o Rio Tejo!

E outro lugar absolutamente imperdível é Belém. Afinal, ir à Lisboa e sair sem conhecer Belém é como não ir à Lisboa! E eu já contei bem direitinho aqui como ir a Belém, e onde comer os deliciosos e tradicionais pastéis de Belém! De quebra você visita o Mosteiro dos Jerônimos, que é simplesmente lindo!

É bem ali perto também já está a icônica Torre de Belém e o monumento Padrão dos Descobrimentos.

Mas se você tiver mais dias disponíveis, ou assim como eu estiver revisitando a cidade, sempre dá pra fazer algo diferente e conhecer algo novo! Então aqui vão os lugares que visitei mais recentemente e gostei muito!

Castelo de São Jorge

O castelo de São Jorge fica bem no meio da cidade e estando nos arredores do centro da cidade basta olhar pra cima e pronto! Você já vai avistar as torres do castelo nas colinas de Lisboa!

O castelo tal qual o vemos hoje foi construído majoritariamente pelos mouros no século XI, mas as escavações indicam que desde o século I a.C já havia uma fortaleza ali que foi sendo modificada e reconstruída ao longo dos séculos. No segundo pátio, você pode ver algumas dessas ruínas mais antigas. Mas mesmo o castelo que vemos hoje foi modificado muitas vezes ao longo da história, inclusive mesmo o nome foi alterado várias vezes!

Ao contrário da maioria dos castelos europeus, o Castelo de São Jorge nunca serviu de residência, mas foi construído com o objetivo de abrigar tropas militares. Também deveria abrigar a elite moura em caso de cerco da Citadela, o que acabou mesmo acontecendo quando a área foi retomada e Portugal foi fundado.

Hoje ainda restam 11 torres do castelo, estando quase todas nas encostas. Ainda há no lugar ruínas de um palácio real, um jardim com espécies nativas e uma exposição permanente sobre o castelo. Mas o mais legal mesmo é a vista do castelo! Basta ir em qualquer muro do castelo e você já dá com uma vista ESPETACULAR de Lisboa: centenas de telhados vermelhinhos e casas em azulejo que acabam no Rio Tejo!

Para chegar lá, não inventamos moda e optamos pela opção mais fácil: pegamos um uber direto do hotel logo cedo e em 5 minutos já estávamos no topo do castelo em uma corrida que não custou nem 5 euros! A opção seria subir tudo à pé ladeira acima!

Depois de visitar basta descer até a Praça Rossio em uma caminhada agradável de 15 minutos e pronto: você já estará novamente no centro de tudo! Para os preguiçosos de plantão é possível encurtar ainda mais o caminho pegando o Elevador Castelo, que é público e grátis!

O castelo abre todos os dias da semana e a entrada custa 10 euros.

Museu Nacional do Azulejo

Uma das primeiras coisas que me vem à cabeça quando o assunto é Portugal é o azulejo! Os azulejos estão por toda parte, decorando desde interiores de casa e restaurantes (e não só cozinhas e banheiros!) até fachadas inteiras de prédios! E inclusive Lisboa conta com um museu dedicado ao azulejo, que deixou de ser item de material de construção para se tornar parte da identidade cultural do próprio país!

E mesmo sem azulejos, o museu já vale a pena só pelo lugar em que está! O museu fica no antigo Convento da Madre de Deus, construído em 1509 e que passou dois séculos sendo ricamente decorado em ouro, pinturas e azulejos.

A capela principal do convento é toda em ouro (vai vendo onde que o ouro do Brasil foi parar! haha). Mas por mais que a capela seja bonita, realmente os azulejos são as estrelas do lugar!

O museu conta toda a história do azulejo, desde o início de seu uso e forma de fabricação até amostras de azulejos raros de séculos passados. De todas as exposições a que mais chama atenção é o Terreiro do Paço, uma pintura grande feita em uma parede de azulejos e que mostra como era Lisboa antes do terremoto de 1755 (a cidade praticamente teve que ser reconstruída depois do terremoto).

E foi justamente por causa desse painel que já se encontrava no convento que surgiu a ideia de trazer outros painéis, e com o tempo o convento acabou convertido em Museu do Azulejo.

O museu abre de terças à domingos, das 10 às 18h, ficando fechado de 13 às 14h.

A entrada custa 5 euros. Para chegar lá pegue o ônibus (autocarro)  718, 742, 794 ou vá de uber ou táxi. A estação de metrô mais próxima (Santa Apolónia) fica a 20 minutos de caminhada.

Oceanário de Lisboa

O Oceanário de Lisboa é aquele programa ótimo para quem viaja em família e quer agradar a criançada!

Lá você vai encontrar raias, lontras, tubarões, pinguins e muito mais! Na verdade, são mais de 8.000 espécies nadando em enormes tanques que somam 7 milhões de litros de água!

A entrada custa 19 euros e crianças pagam meia. O local abre diariamente das 10 às 20h (última entrada às 19h).

Para chegar lá basta pegar o metrô até a Estação do Oriente e andar em direção ao Parque das Nações, que fica no mesmo complexo. É uma boa oportunidade para andar também pelo Parque das Nações, que é um bairro moderno de Lisboa, tendo sido todo remodelado para abrigar a Expo Mundial de 1998.

Casa Fernando Pessoa

Se vc assim como eu adorava ler livros de Fernando Pessoa na escola (ou mesmo depois!), vale a pena visitar a Casa Fernando Pessoa, a casa em que o escritor morou nos últimos 15 anos de sua vida. O local foi convertido em museu onde além de objetos pessoais do poeta, é possível encontrar uma exposição sobre sua vida e obra.

A casa tem 3 andares, que conta com diversos cômodos como seu quarto que tem vários objetos pessoais como sua máquina de escrever.

Em outro, encontrará muitos manuscritos e poesias escritos por ele. Em outro está o único retrato para o qual posou em toda sua vida, e assim por diante…

Mas o mais legal mesmo é visitar sua biblioteca pessoal, que conta com as primeiras edições de seus livros, bem como dezenas de livros de diversos autores.

O local fica aberto de terça à domingo, de 10h às 18h (última entrada às 17h). A entrada custa 5 euros.

Para chegar lá, caso vc esteja pelas imediações do centro histórico, basta pegar o elétrico 28 e descer na R. Saraiva Carvalho. O museu estará bem perto. Como estávamos mais afastados, pegamos um uber que nos deixou na porta numa corrida de apenas 4 euros!

Bate-e-volta a partir de Lisboa

Caso sobre tempo e prefira ir para outras cidades próximas de Lisboa, Sintra e Cascais são sempre a primeira e melhor opção! E eu já escrevi sobre elas nesse post aqui.

Outro passeio que fizemos em um dia foi Évora, a capital da Região do Alentejo, que foi super tranquilo e fácil a partir de Lisboa.

E também já escrevi um post sobre Fátima, Óbidos, Nazaré e Alcobaça, 4 cidades que conhecemos em um único dia em um bate-e-volta bem redondinho!

Mesmo Coimbra é possível conhecer em um bate-e-volta de Lisboa, mas optamos por passar um dia e pernoitar lá na ida para Porto, que é justamente o tema dos próximos posts.

Noite de Fado

Estando em Lisboa, não poderíamos deixar de prestigiar o fado. Esse é um estilo musical que nasceu na capital portuguesa, embora não se saiba muito bem quando. O que se sabe é tem influência do romantismo e, por isso mesmo, é carregado de emoções,  exprimindo a melancolia do povo português. Então, eu sabia que tinha que ver um autêntico fado para que a viagem ficasse mais completa!

Acontece que sempre que eu pesquisava encontrava casas bem caras porque o fado se tornou uma atração turística, similar ao que aconteceu com o tango argentino. Assim, estava na casa dos 70 ou 80 euros e seria algo mais para um show com um jantar. O que não era exatamente o que eu estava procurando, pois queria conhecer o fado vadio que é um estilo mais tradicional e que é tocado em pequenas tavernas (que os portugueses chamam de tasca). Acabei encontrando pelo Tripadvisor a Tasca do Chico.

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Eu até já havia encontrado outra casa, que não me recordo o nome, mas parecia ser um pouco melhor e mais cara. Todavia, como entrei em contato com “apenas” 15 dias de antecedência não haviam mais nenhuma mesa disponível. Então acabou sendo a Tasca do Chico mesmo. É necessário fazer reserva, pois o local é bem pequeno e lota rápido. Fiz pelo facebook mesmo para as 20hs na unidade do Bairro Alto. Parece que eles têm outra na Alfama.

Chegamos lá as 20hs e nossa mesa estava reservada. O local realmente é bem pequeno. A ponto que você fica com as costas coladas com quem está atrás de você. Dá para ver pela foto abaixo que pegou todo o local hahah. Para o David acabou sendo super desconfortável já que atrás dele estava um alemão que simplesmente foi ficando mais folgado ao longo da noite e usando o David de encosto. Trevas! hahahah

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As opções de comida e bebida tinham preços justos, ainda mais considerando-se que eles não cobram pelo couvert. Então, claro, que os petiscos e as bebidas tinham que ser um pouquinho mais elevados que em um bar comum. Justíssimo.

Notamos nas paredes inúmeros quadros de pessoas famosas que estiveram lá. Inclusive, vimos muitos famosos brasileiros. Muitos artistas, jogadores, políticos, etc. E ficamos comentando, olhando e esperando a música começar para ver a razão de um lugar tão pequeno ser tão conhecido!

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Quando foi por volta de 8:30 a porta foi fechada, quase toda a luz apagada e a mágica começou. Ouvimos a primeira fadista, que cantou um belo e sentido fado. Ela cantou algo como 3 ou 4 canções, depois a porta foi aberta, luzes acesas e petiscos voltaram a ser servidos. Após 15 min, as luzes apagadas foram apagadas e porta fechada novamente. Outro fadista entrou no recinto e começou a cantar no pequeno salão. E assim sucessivamente.

As músicas eram todas melancólicas realmente. Ora falando das dificuldades da vida, ora de desilusões amorosas, ora de perda de entes queridos. Os cantores que ouvimos eram muito bons e imprimiam muita emoção ao que cantavam. Todos foram acompanhados de mais 2 ou 3 músicos, que tocavam a viola portuguesa.

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Ouvimos 4 fadistas, enquanto tomávamos uma boa sangria e petiscávamos. Depois disso, pedimos a conta, já que nosso próximo dia seria bem longo explorando Sintra e Cascais, que eu já contei tudo nesse post aqui. Para ir e voltar do hotel, usamos táxi mesmo, pois custou apenas 7 ou 8 euros para 4 pessoas.

Belém, a epopeia dos Descobrimentos e dos pastéis!

Nosso último dia em Lisboa foi em Belém. Como voaríamos mais para o fim da tarde, fez sentido deixarmos esse pedaço de Lisboa mais afastado do centro para o dia do fim da viagem por Portugal. E olha, sem dúvidas, foi o pedaço de Lisboa que eu mais gostei!

Belém fica um pouco mais afastada do centro da cidade, a cerca de 7 km. Tanto que Belém já foi uma freguesia autônoma no passado, sendo posteriormente incorporada à Lisboa, com o crescimento de ambas. É acessível pelo elétrico (bondinho), ônibus e (acho) que por metrô também. Como estávamos em 4 e não queríamos perder tempo, fomos de táxi mesmo – e a corrida custou apenas 8 euros!

Descemos do táxi no Mosteiro dos Jerônimos e já ficamos maravilhados com sua extensa fachada de mais de 300m. A construção desse imenso edifício teve início no ano de 1501, por ordem de D. Manuel I em razão do regresso de Vasco da Gama da Índia. A própria construção foi custeada pelo rei com os proventos obtidos pelas prósperas expedições comerciais ao Oriente.

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Todavia, a correlação entre a construção do Mosteiro e as grandes navegações não pararam apenas em seu custeio. Dentre as principais funções dos monges que foram escolhidos para ali habitar, estava a de rezar pela alma do rei e dos navegadores que se dispunham a desbravar o mundo através dos mares. Ali também navegadores, a exemplo do próprio Vasco da Gama, passaram sua última noite antes de embarcarem em suas viagens.

Além disso, as esposas e mães dos navegadores também rezavam no Mosteiro pelo retorno de seus entes queridos. Mesmo a localização geográfica está relacionado às Grandes Navegações, vez que se localiza à entrada do porto da capital e foi, desde muito cedo, reconhecido como um dos maiores símbolos da nação. Enfim, tudo nesse grande Mosteiro remete à epopeia dos Descobrimentos.

Por isso mesmo, Vasco da Gama está enterrado na Igreja do Mosteiro, pois esse se destacou por ter navegado de Portugal para a Índia, na mais longa viagem até então realizada. Bem como está ali Camões, um dos maiores poetas do Ocidente e que eternizou toda essa saga portuguesa em Os Lusíadas.

Saímos de lá e logo em frente está o Jardim da Praça do Império. O local que um dia já foi praia, tornou-se esse bonito jardim/praça em 1940 e liga o Mosteiro dos Jerônimos ao Padrão dos Descobrimentos.

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O Padrão dos Descobrimentos  foi erguido na mesma época da construção da Praça do Império e presta homenagem aos desbravadores portugueses na época das grandes navegações.

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Um agradável caminhada pela orla do Rio Tejo te leva para a icônica Torre de Belém. Mais um monumento construído por ordem do Rei Manuel I, mostra a transição entre o estilo arquitetônico medieval e moderno, com traços europeus, mas também com influência árabe e africana. O Brasão de Portugal esculpido na torre mostra um nacionalismo implícito, em uma época em que Portugal era uma potência e D. Manuel I era conhecido internacionalmente.

Originalmente, tinha a função de ser uma fortaleza de defesa, mas com a evolução dos meios de defesa ao longo dos séculos foi perdendo tal função, tornando-se farol, depois registro aduaneiro e até mesmo masmorra para presos políticos. O mais interessante é que era cercado por água por todos os lados, mas com a mudança natural do curso do Rio Tejo, acabou se incorporando à terra firme.

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Dali retornamos todo o caminho e fomos para o momento mais aguardado: os famosos pastéis de Belém! Além de rezar, os monges que viviam no Mosteiro dos Jerônimos também manjavam da arte de cozinhar e inventaram esse doce maravilhoso. Com a Revolução Liberal, os monges foram expulsos em 1834 e numa tentativa de sobrevivência colocaram essas delícias à venda. Mesmo Lisboa sendo longe na época, cada vez mais pessoas iam lá para degustar de forma que a fama do lugar só aumentava. Iniciava-se, assim, a fabricação dos famosos pastéis de Belém, com a secreta receita dos monges. Dizem que a receita ainda se mantém a mesma e ainda é secreta, de forma que apenas 3 pessoas no mundo a têm. Essas 3 pessoas trabalham lá obviamente, e tem um contrato de sigilo. Os ingredientes também são os mesmos daquela época.

Iniciamos com alguns salgadinhos: empadas, coxinhas, croquetes, etc, acompanhados de um delicioso moscatel (também típico). Depois nos empanturramos de pastéis de nata e ainda pedimos para levar mais uma leva. Felizes e contentes, era hora de seguir para o hotel, pegar nossas malas e rumar para o aeroporto com pastéis de nata como bagagem de mão! Ah… que alegria! hahahah

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Dicas:

1. O primeiro local que visitamos foi o Mosteiro dos Jerônimos, o que não fez sentido nenhum. Em todos os lugares que li na internet as pessoas começam pelo Mosteiro dos Jerônimos e vão andando até a Torre de Belém. Só que ninguém menciona que os famosos pastéis de Belém são quase que ao lado do Mosteiro. Logo, para quem assim como eu, preferir turistar bastante primeiro e depois se empanturrar de pastéis, faz muito mais sentido começar pela Torre e terminar no Mosteiro. Ou seja, melhor fazer o trajeto inverso do que é sempre sugerido.

2. Há sempre uma fila gigante de pessoas comprando para levar.  O local parece pequeno, pois há apenas uma portinha. O detalhe é que essa porta dá acesso a um grande pátio interno com 400 mesas. O serviço é ágil. Então, não se preocupe que sem pastéis você não fica ainda que não disponha de tanto tempo assim. Nos pareceu que pedir na mesa talvez seja até mais rápido e conveniente do que para levar, já que não encaramos fila nenhuma.