Verona ficou imortalizada por Shakespeare como a cidade da trágica história de Romeu e Julieta. E embora Verona com suas construções romanas e medievais tenha muito mais a oferecer do que Romeu e Julieta, é inegável que a cidade recebe milhares de curiosos e casais apaixonados todos os anos justamente por causa de Shakespeare.
Verona preserva vários monumentos romanos, ainda que a cidade tenha sofrido um terremoto no século XII, o que levou à reconstrução da cidade em estilo românico. Por isso, a cidade também conta com muitas construções medievais.
Assim, optamos por começar nosso roteiro pelo monumento romano mais impressionante da cidade: a Arena de Verona. A arena fica na Piazza Brà, que é a maior praça da cidade. Além da Arena, na praça se encontram muitas lojas e restaurantes e também dois palácios: o Palazzo della Gran Guardia (que hoje é um centro de eventos) e Palazzo Barbieri (que hoje abriga a prefeitura).

Mas a estrela da Piazza Brà é mesmo a Arena. Esse anfiteatro romano é o terceiro maior do mundo, tendo sido construído no ano 30 d.C. Sobreviveu quase que intacto ao terremoto do século XII e ainda hoje encontra-se em bom estado de conservação. É possível visitar tanto a arquibancada, quanto o meio do arena, e mesmo a parte subterrânea.



O local está tão bem conservado que lá acontecem apresentações de ópera e outras atividades culturais durante o verão, com capacidade para 30mil espectadores. Tanto que no dia que fomos a Arena estava sendo montada para um show que aconteceria mais tarde.

Depois disso fomos direto para a outra grande atração da cidade: a Casa di Giulietta, que fica a cerca de 10 minutos de caminhada da Arena (basta ir pela Via Giuseppe Manzzini até a Via Dal Capello).
A Casa di Giulietta é um casarão medieval, onde talvez a família Dal Cappello (para Shakespeare Capuleti) teria residido no século XIII e, portanto, onde Julieta teria vivido. A verdade é que não se sabe se a trama teria sido inspirada em pessoas que realmente existiram, ou se não passa de uma história completamente fictícia. Lenda ou não, também o nome da rua e da vila se chama Dal Cappello.

De toda forma, Shakespeare continua a arrastar milhares de turistas até o local. Você vai encontrar desde turistas tirando selfies até pessoas deixando cartas e bilhetes pra que Julieta dê uma ajuda na vida amorosa (lembra do filme Cartas para Julieta!?)

Aproveitando-se de toda o misticismo em volta do local, a prefeitura adquiriu o local em 1907. Todo o complexo foi restaurado e desde então é um museu. Nós entramos e lá dentro está a estátua original de Julieta. A que se encontra do lado de fora é uma réplica. Você pode ir até a varanda, onde supostamente Julieta esperava por Romeu.


Pra quem quiser explorar mais, ali perto está a Casa di Romeo e um pouco mais longe do centro histórico também tem a Tumba de Julieta.
Quase em frente à travessa que Dal Cappello, fica a Praça delle Erbe. Essa praça que já foi originalmente um fórum romano, foi totalmente reconstruída para dar lugar à suntuosos edifícios por volta do século XV.
O mais importante é o Palazzo Maffei, um antigo palácio que hoje também é um museu. Em volta há muitos cafés, restaurantes e outros monumentos. Também fica ali a Torre dei Lambert, uma torre de 84m construída em 1172.

E quase ao lado também fica a Piazza dei Signori, rodeada de palácios renascentistas, como o Pallazo Domus Nova e o Palazzo del Comune. No centro há uma estátua de Dante Alighieri, que viveu em Verona na época de seu exílio de Florença.
Dali fomos até a Ponte Pietra (Ponte de Pedra), que fica a cerca de 10 minutos de caminhada das praças. A ponte romana data do ano 100 a.C., ou seja, tem mais de 2mil anos! A ponte é bem colorida e você pode ver os arcos originais estando do lado direito do rio.
E bem perto da Ponte, fica o Museu Archeologico al Teatro Romano, onde estão as ruínas do antigo teatro romano, e o Castel San Pietro, um castelo construído e reconstruído ao longo dos séculos em um dos pontos mais estratégicos da cidade.

E dali pegamos a rua Corso Porta Borsari até chegar no Castelvecchio (Castelo Velho). Bem no meio do caminho também fica a Porta Borsari, um portal do século I que já foi o portão de entrada para a cidade. Já o Castelo data de 1350, tendo sido muito danificado durante a invasão de Napoleão e durante a Segunda Guerra Mundial. Após anos de restauração, hoje é um museu que abriga peças medievais.

Ao lado do Castelvecchio está a Piazzeta Castelvecchio, com o Arco de Gavi, que é um antigo arco romano, construído no século I a.C. pela família Gavi. Mais tarde, durante a Idade Média, os muros da cidade foram construídos ao seu redor, tornando-se o portão da cidade. Durante a Era Napoleônica, os franceses moveram o arco para a Arena e em 1932 voltou ao local original.

Em frente ao Castelvecchio também fica a Ponte Scaligero, uma ponte fortificada de 1354 por Cangrande della Scala, que reinou a cidade com punho de ferro. Ele mandou construir a ponte justamente para que fosse uma passagem de fuga segura do castelo caso a população se revoltasse contra seu governo tirano.

Ali você já estará bem perto da Arena, onde começou o trajeto.

Verona na prática: bate-e-volta desde Milão
Nós fomos de trem em um bate-e-volta a partir de Milão, que ficou super fácil e redondinho. E você tanto pode fazer isso, quanto fazer esse bate-e-volta a partir de Veneza ou em pitstop entre Milão e Veneza.
A estação de trem mais próxima do centro histórico se chama Verona Porta Nuova. Dali são 20 minutos de caminhada até a Piazza Brà (onde fica a Arena). Ou você pode pegar um ônibus até a praça. Basta pegar o ônibus 11, 12, 13, ou 52, que passam a cada 5 minutos na estação de ônibus bem em frente à estação. Já a corrida de táxi demora uns 5-8 minutos.
Nós pegamos o ônibus na ida e voltamos à pé, o que também deu 20 minutos de caminhada (desde o Castelvecchio até a estação Porta Nuova).
Para ir de Milão à Verona e voltar, comprei com alguma antecedência os bilhetes de trem direto no site da Trenitalia. O valor foi de mais ou menos 20-25 euros por pessoa ida e volta. O trajeto dura 1h50min e a frequência era de um trem por hora.



