Roskilde – um dia como Viking

Além do show do Coldplay, o que motivou nossa viagem para o Norte Europeu foi a série Vikings do History Channel. Assim, quando soubemos que em uma cidade próxima de Copenhagen não só há um museu com barcos originais vikings, como também é possível velejar em um barco viking em um fiorde, sabíamos que teríamos que fazer isso! Foi assim que fomos parar em Roskilde.

É possível fazer um bate e volta de trem para Roskilde tranquilamente. A partir de Copenhagen leva-se menos de uma hora para chegar lá. O município tem pouco mais de 50 mil pessoas e foi até o século XVI a capital da Dinamarca. Inclusive, o ponto turístico mais visitado é a Catedral da cidade, visto que, muitos monarcas dinamarqueses ainda estão enterrados lá. É por isso que Roskilde entrou no circuito turístico, pois a facilidade de se chegar lá, aliado ao seu centro histórico todo perfeitinho, somado ao Museu Viking e a Catedral são um prato cheio pro turista, ainda que não goste das histórias vikings.

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O passeio de barco só é feito no verão. Apesar de termos ido no verão, só no dia anterior ao fim da viagem que o tempo prometia abrir e não chover – pelo menos, não chover forte e cancelar o passeio. Vendo que o tempo estava em condições favoráveis, acordamos cedo e fomos para lá!

Não ficamos muito tempo andando pela cidade porque queríamos fazer o passeio que tinha horário e, ademais, só seria para 20 pessoas por horário. Então, queríamos garantir que faríamos isso. Além disso, era um domingo e a cidade ainda parecia não ter acordado. Assim, seguimos em direção ao museu e pequeno porto. Chegamos lá, acertamos o passeio, pegamos a entrada do museu e ficamos a toa aguardando dar a hora de tudo começar. Há várias réplicas de barcos vikings no porto, construídos perfeitamente, então aproveitamos para dar uma olhada enquanto o tempo passava.

No horário estabelecido, apareceram 2 guias que nos deram os coletes salva-vidas, as instruçōes de segurança e nos levaram para o barco. Explicaram como tínhamos que remar, movimentos do corpo que teríamos que fazer e tudo parecia tranquilo em teoria. Assim que saímos remando, percebi que não estava fazendo nada direito. Remava pro lado errado, quase era derrubada pelo remo com a força da água, quando o cara gritava em dinamarquês para as pessoas da direita remarem, eu que estava no esquerdo remava, e quando ele falava para os da esquerda remarem, eu parava. Enfim, eu morreria se dependesse das minhas qualidades de velejamento hahahahaha

Mas foi muito divertido! Uma das coisas mais legais que fizemos pelo Norte. E se vc tiver oportunidade de estar lá no verão, não deixe de fazer porque vale a pena, especialmente se for um aficcionado por histórias vikings. Imagina, remar em um barco viking em um fiorde!? Legal ne!

Depois disso, fomos ao museu fazer o tour guiado, que foi muito legal. O guia era ótimo, tinha muito conhecimento e transmitia de uma forma muito bacana e leve. E não, não foi só sobre barcos, mas sobre todo o estilo de vida da era viking. Além disso, esse tour é gratuito. E tudo que ele falava, percebíamos como a série do History Channel está realista.

Quer um exemplo? Ele nos disse que vikings não usavam capacetes com chifres – coisa que realmente nunca apareceu na série. Tanto que até hoje só foram encontrados 2 capacetes, dentre inuuumeros artefatos, o que é mais uma prova de que eles não usavam. O que aconteceu é que a Dinamarca era um reino muito grande, mas que perdeu graaande parte de seu território e passou por um período de declínio. Foi nessa época que eles precisaram de um símbolo que remetesse aos tempos áureos e que melhorasse o ânimo do povo. Os vikings não só eram exímios navegadores e guerreiros, como também eram comerciantes. Quem iria fazer negócios com um bando de selvagens!? Mas essa imagem do viking feroz foi a que se difundiu no imaginário coletivo, dada a necessidade de um símbolo de força e heroísmo naquele momento.

Quanto aos barcos em si, são fruto de um esforço para sua recuperação e restauração. Isso porque, os mesmos foram afundados propositalmente na entrada do fiorde há alguns séculos. Eram barcos velhos que serveriam de proteção contra possíveis invasores, já que quem tentasse invadir ficaria ali bloqueado.

Até hoje não se sabe qual a técnica usada para que os escudos permanecessem alinhados na borda do barco, embora existam várias teorias. Mas o que se sabe é que eram barcos resistentes, e que fizeram com que os vikings conseguissem navegar no mar aberto e em rios, chegando assim à Inglaterra, França, Itália e até na América. (sim, foi um viking que descobriu a América, muito antes de Colombo, mas mais sobre isso depois nos posts da Islândia).

Ao fim do passeio, percebemos que haviam artefatos vikings numa tenda, e claro, quisemos colocar tudo e ter a experiência completa! Inclusive eu, pois as mulheres vikings exerciam importante papel naquela sociedade e também eram guerreiras.

Impossível não lembrar de uma das cenas mais emblemáticas da série, que é o Rollo com o choro/lema/grito de guerra dos vikings: “Up onto the overturned keel, clamber with a heart of steel, cold is the ocean’s spray, and your death is on its way, with maidens you have had your way, each man must die some day!”

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Depois disso, almoçamos um belo salmão no próprio restaurante do lugar porque: 1) estávamos mortos de fome; 2) nada mais típico depois desse dia do que um salmão.

Para concluir esse post, se um dia você puder ter essa experiência e se interessar, vá! Ainda que não seja verão, a cidade é um charme e ver um barco viking autêntico desses permite visualizar como esse povo vivia naquela época difícil e como eles conseguiram fazer tanto, tendo tão poucos recursos.

Ah e se você está a afim de começar a ver uma série nova, vikings é uma boa pedida – exceto pela primeira parte da 4a temporada rs.

Para maiores informações sobre horários e o que fazer em Roskilde, segue o link do site oficial de turismo: http://www.visitroskilde.com/ln-int/roskilde-lejre/tourist.