
Hiroshima é uma cidade bem antiga, mas atualmente moderna e cosmopolita. Entretanto, é lembrada por ter sido alvo da primeira bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial em 6 de agosto de 1945.
Nesse histórico e triste dia, às 8:15 da manhã, a cidade foi arrasada pela Little Boy, a primeira bomba atômica de fissão, lançada pelos Estados Unidos. Assim que a bomba caiu, 80 mil pessoas foram mortas instantaneamente. Ao final de um ano, entre 90 e 140 mil outras pessoas também morreram em consequência de ferimentos ou da radiação.
A população que era de cerca de 400 mil pessoas, foi reduzida para 137 mil e foi só em 1995 que retomou os números pré-guerra. Nos últimos anos, houve um boom populacional e hoje conta com pouco mais de um milhão de habitantes.

Para além das perdas humanas, a cidade foi quase completamente destruída, sobrando apenas cinzas e escombros. Estima-se que 90% das casas foram danificadas/destruídas. Por isso, houve um esforço para a reconstrução de Hiroshima.
Após o fim da guerra, a cidade foi reconstruída com a ajuda do governo nacional. Em 1949, Hiroshima foi proclamada a Cidade da Paz e passou a atrair mais atenção internacional ao ser escolhida para sediar conferências internacionais sobre a paz. Até hoje o governo municipal defende o fim das armas nucleares.

Foi também em 1949 que foi decidida a construção do Parque do Memorial da Paz de Hiroshima. Hoje esse parque atrai visitantes do mundo todo. Curiosamente, foi visitado por Barack Obama em 2016 e ele foi primeiro presidente ainda em exercício a visitar a cidade. Todavia, a visita não foi muito bem vista pelos japoneses, que esperavam um pedido de desculpas pelo bombardeio e Obama apenas honrou todos os mortos da Segunda Guerra.

O Parque do Memorial da Paz de Hiroshima pode ser visitado em poucas horas. Todas as atrações estão concentradas nesse parque, estando uma bem próxima da outra. Serve como uma lembrança das atrocidades da guerra e traz uma mensagem de paz, impossível de não ser capturada.
- Atomic Bomb Dome (Genbaku Dome)


Esse é o ponto de interesse principal em uma visita a Hiroshima e foi por ele mesmo que começamos nossa visita. São as ruínas de um dos prédios da antiga Prefeitura. A bomba foi detonada no ar a quase 600 metros bem em cima dela. Em um raio de 2km a seu redor, tudo virou cinzas. Não houve nenhum sobrevivente entre os que estavam dentro do prédio da prefeitura ou em suas imediações. No entanto, parte da prédio remanesceu.


Foi decidido depois que as ruínas seriam mantidas como forma de lembrar a humanidade dos horrores de uma bomba atômica. A intenção é que o local seja para sempre preservado.
- Monumento da Paz às Crianças

Um pouco mais a frente do Domo, está o Memorial às Crianças. Foi erguido em homenagem às crianças que morreram em razão da bomba atômica. Inicialmente, foi inspirado em Sadako, uma menina que sobreviveu ao ataque, mas desenvolveu leucemia logo após. Ela acreditava que seria curada se fizesse mil origamis como oferta aos deuses. Todos os dias fazia origamis pedindo pela sua cura e pela paz mundial. Faleceu antes de terminar os mil (fez 646) e seus colegas de classe terminaram por ela.


Sua história inspirou a criação desse memorial, que hoje tem milhares de origamis e os seguintes dizeres: “Este é o nosso grito, esta é a nossa oração. Paz na terra!”. Quando chegamos, haviam crianças cantando ao redor do monumento.

- Monumento Memorial à Hiroshima

Mais a frente do Monumento às Crianças, dentro do Parque e em frente ao Museu, está o Monumento à Hiroshima. Contém a esperança de que Hiroshima será sempre uma cidade de paz. A câmara de pedra contém os nomes das vítimas da bomba. Para os habitantes, é um local de oração, lembrança do mal ocorrido e fé no futuro.
- Museu Memorial da Paz

Por fim, visitamos o Museu. Ali há artefatos, coisas diversas pertencentes às vítimas, vídeos com testemunhos de sobreviventes, fotos da cidade como era e como ficou, fotos das vítimas (muitas delas mortas), etc. Tudo serve para dar a ideia do que ocorreu naquele dia.
Dentre objetos pessoais das vítimas, vimos um relógio que foi encontrado, que parou de funcionar no exato momento que a bomba eclodiu (8:15). Também vimos essa bicicleta da foto. Um menino de 3 anos estava pedalando em frente de casa quando a bomba foi lançada. O relógio e a bicicleta foi tudo o que restou de ambas as vítimas, que morreram queimadas instantaneamente.


A mensagem “Sem mais Hiroshimas” está logo na entrada e a cada sala do museu o horror da bomba pode ser sentido. Saímos de lá desejando realmente que tal fato nunca mais se repita e sem entender o que leva a humidade a tantas atrocidades.
Para concluir o post, muito embora tenha sido uma visita pesada, o parque em si é bonito e hoje está cheio de vida. Gramado e com flores por todos os lados, recebe não só visitantes do mundo todo, mas também habitantes que ali vão para orar. Espelha o espírito japonês: que lembra e lamenta o passado, mas que é capaz de se reerguer, esperando prosperidade no futuro.
Fora o Parque, a cidade nos pareceu muito moderna e cheia de vida. Infelizmente, só tivemos algumas horas lá, mas deu para perceber que ela é a cidade lembrança da bomba atômica que ali caiu mesmo, mas também é muito mais.
Os detalhes de como fizemos para visitar, o bate-e-volta em um só dia desde Quioto (e que também incluiu a Ilha de Miyajima) é assunto desse post aqui.